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“Kafka e a boneca viajante”, com Alessandra Maestrini, no CCBB

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Referência obrigatória na literatura mundial do século XX, o escritor Franz Kafka (1883-1924) teria vivido, já no fim da vida, uma história curiosa. Ao caminhar por uma praça perto de sua casa, encontrou uma menina que chorava por ter perdido sua boneca, essa é a premissa de “Kafka e a boneca viajante”.

Sensibilizado pelo sofrimento da criança, ele passou a escrever cartas à menina como se fossem enviadas pela boneca, em que descrevia suas incríveis aventuras pelo mundo.

"Kafka e a boneca viajante"
Foto: Ale Catan

A bela e intrigante história já foi contada em livros, contos e peças, mas até hoje não há provas de que realmente tenha acontecido – as cartas jamais foram encontradas, tampouco a dona da boneca. Com dramaturgia de Rafael Primot, direção de João Fonseca e direção musical de Tony Lucchesi, “Kafka e a boneca viajante” é inspirado em uma dessas versões – o livro homônimo do escritor catalão Jordi Sierra i Fabra.

Com Alessandra Maestrini, André Dias, Carol Garcia e Lilian Valeska no elenco, a peça tem narrativa não linear e reforça o ritmo ágil da montagem, alternando passado, presente e futuro, assim como a realidade vivida pelo Sr. K (Kafka, vivido por André Dias), sua esposa Dora (Lilian Valeska) e a menina Rita (Carol Garcia) é atravessada pelo mundo ficcional das cartas, onde Brígida, a boneca interpretada por Alessandra Maestrini, ganha vida.

“Quando Felipe me procurou com a ideia de adaptar o livro do Jordi, eu já conhecia a história das cartas. O livro é curto, voltado ao público infanto-juvenil e conta essa história de uma maneira simples. O desafio foi fazer um espetáculo um pouco mais profundo, levando para o universo adulto. E aí resolvi trazer elementos da vida de Kafka para a história da própria garota, coisas que o escritor passou na infância dele, como a relação conturbada com o pai. E também referências a seus livros”, explica Rafael Primot.

A trilha de “Kafka e a boneca viajante” é um caso à parte e se impõe como elemento dramatúrgico. No repertório, interpretado pelo elenco, estão músicas de artistas como Caetano Veloso, Candeia, Cartola, Chico Buarque, Djavan, Lenine, Raul Seixas e Rita Lee e até uma composição inédita assinada por João Fonseca e o diretor musical Tony Lucchesi, que também assina os arranjos: “Eu e o João tivemos liberdade para escolher canções que pudessem contribuir com a dramaturgia, ficassem orgânicas dentro do que a cena pede. E durante o trabalho com os atores nos ensaios, outras ideias foram aparecendo. Há ainda uma canção original que eu e João compusemos, cantada pela menina, num momento muito emocionante”, adianta Tony.

A cenografia de Nello Marrese reforça o simbolismo da passagem do tempo, seja do fim da vida do escritor, da transformação da menina em mulher e da viagem da boneca pelo mundo. Cubos, alguns móveis, um móbile, selos, carimbos, além de um fundo neutro para valorizar o desenho de luz criado por Paulo César Medeiros, compõem a cena. João Pimenta criou figurinos que remetem à época em que Kafka viveu seus últimos anos, na década de 1920.

“Estamos sempre no fio da navalha de não infantilizar, mas também preservar essa singeleza da história. É um grande escritor à beira da morte, sem forças para escrever e de repente encontra uma menina, a dor daquela menina, que era um pouco como ele, faz com que ele retome a escrita. Como a arte transforma tudo, como a arte conseguiu curar a menina, como ele adquiriu esse último prazer na vida, achando energia para escrever”, analisa João Fonseca.

Rafael Primot concorda e completa, “Em “Kafka e a boneca viajante”, tem uma coisa inocente da menina se desvinculando da boneca, o amadurecimento e crescimento de uma menina se transformando em mulher, e ao mesmo tempo a despedida da vida desse autor. Achei que esses dois temas poderiam conversar. Como que um escritor como ele, no fim da vida, poderia transmitir esperança. É uma história de esperança e sobre a transformação do amor”.

SERVIÇO:
Temporada: 22 de junho até 30 de julho
Horário: de quinta a sábado, às 19h30, domingo às 18h
Local: Teatro II – Centro Cultural Banco do Brasil
Endereço: Rua Primeiro de Março, 66 – Centro
Classificação indicativa: livre
Duração: 90min
Ingressos: À venda na bilheteria física ou no site bb.com.br/cultura

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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