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Obama narra série sobre as disparidades do mercado de trabalho

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A parceria do ex-presidente Barack Obama e a Netflix já começou com força. Em 2019 o documentário da produtora de Obama, American Factory ganhou o Oscar de Melhor Documentário, agora Obama se coloca na frente de seu novo projeto na Netflix com a minissérie documental Trabalho: O que fazemos o dia todo.

A obra anterior explorou a questão de como os trabalhadores podem se unir para impedir abusos. Em Trabalho: O que fazemos o dia todo, Obama explora as múltiplas camadas de trabalhadores dos EUA, daqueles que oferecem serviços até grandes CEOs.

A série, que tem quatro episódios, vai subindo na escala das classes em três empresas diferentes. O começo mostra as pessoas que oferecem serviços, como Uber Eats, cuidadores de idosos ou camareiras de hotel. O que aqui no Brasil podemos chamar de Classe C, pessoas sem um salário fixo e sem benefícios. Depois Obama explora a Classe Média, e como ela está desaparecendo dentro da nova sociedade capitalista do século XXI. A narrativa da série segue para pessoas em postos mais elevados de liderança, gerentes de hotel, líder de uma equipe de análise de dados. E termina com o topo da pirâmide, os grandes CEOs.

Aliás, alguns apontamentos têm que ser feitos, pois a realidade dos EUA é bem diferente do Brasil, na questão trabalhista. Por mais incrível que possa parecer, os trabalhadores brasileiros têm mais direitos que os estadunidenses, e isso causa de fato um choque de realidade em certos casos. Todavia, a identificação é muito fácil em vários pontos, como na organização sindical dos trabalhadores de uma das empresas documentadas na série.

Os personagens do documentário, os trabalhadores, são de diversas etnias. E é curioso notar que a medida que subimos na classes, os negros começam a sumir. Somem levemente, porque a produção se esforça muito para manter o máximo de representatividade. Contudo é importante notar que das três trabalhadoras dos serviços essenciais, duas têm exatamente o mesmo perfil, mulheres negras que são mães solteiras. Fica subentendido como o retrato da pobreza ainda a pele preta, mesmo em países de primeiro mundo como os EUA

Diferente de American Factory, aqui Obama se coloca como figura central de narrador, explicando as disparidades dentro do mercado de trabalho hoje. Ainda que a série faça um grande serviço aos trabalhos de base, não se pode negar que ela também é um veículo político de Obama, que mesmo centro progressista, ainda é muito central no viés político. Ou seja, ele critica várias vezes como a ganância das empresas, usando a terceirização e a precarização dos trabalhadores, acabou criando uma crise que está levando a classe média à extinção. Porém, quando chega a hora de realmente colocar o dedo na ferida, de apontar o dedo na cara dos CEOs, que são grandes responsáveis por muitas dessas disparidades, Obama pisa no freio e tenta não torná-los vilões. Não antagonizar os donos das grandes empresas é uma estratégia já esperada dessa série, mas ela acaba atrapalhando o fio narrativo criado pelo ex-presidente.

O maior mérito desta série é, certamente, criar uma grande reflexão em nossas mentes para entendermos o que nós queremos hoje com nosso trabalho. Há 50 anos existiam possibilidades que permitiam que tivéssemos o “trabalho dos sonhos”, e hoje esse lugar é só um trabalho que paga nossas contas e oferece um mínimo de conforto. Além disso, a questão da ganância, de como o capitalismo devora a si mesmo em busca do lucro.

Uma das grandes questões que ficam no ar em vários momentos da série é que grande parte do mercado de trabalho será substituído por máquinas, e o que vai acontecer com os trabalhadores quando o capitalismo não precisar mais deles?

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