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Oppenheimer: Nolan conta história por trás do Prometheus americano

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Da euforia e desespero, como a bomba atômica mudou o mundo.

Em 1954, a primeira arma nuclear de destruição em massa foi testada em 16 de julho em Los Alamos, no Novo México, no momento da explosão, conhecida como a noite que tornou o dia antes do sol nascer, Robert Oppenheimer teve o pensamento que seria sua fala mais famosa, “Agora eu me tornei Morte, a destruidora de mundos”, ele estava parafraseando o Bhagavad-Gita, um poema épico indiano, e nesta parte em especial, o deus Vishnu direciona um guerreiro a cumprir sua função mortal como guerreiro, tirando dele o peso da vida e da morte, pois esse poder é dado apenas ao divino. Oppenheimer não pensou no poder da morte que a bomba atômica teria até vislumbrar o seu poder divino, porém menos de um mês depois do teste, a bomba explodiu em Hiroshima, no Japão.

O mais novo filme de Christopher Nolan, Oppenheimer, conta como J. Robert Oppenheimer, diretor do Projeto Manhattan, também conhecido como projeto de criação da bomba atômica criou o artefato.

OppenheimerInterpretado por Cillian Murphy, o filme começa introduzindo rapidamente a vida acadêmica do físico que o tornou um dos mais importantes dos EUA. Durante suas viagens pela Europa, Robert conheceu grandes nomes da ciência, como Niels Bohr (Kenneth Branagh), Werner Heisenberg (Matthias Schweighöfer) e Isidor Rabi (David Krumholtz, que virou um de seus grandes amigos. Aliás, essa parte do filme é chamada pelo filme de “Fissão”,  em referência a reação de fissão, quebra, do átomo que gera a explosão nuclear. A outra parte do filme chama-se “Fusão”, em referência a reação de fusão nuclear, usada na Bomba de Hidrogênio. O intuito é que o filme mostre de maneira objetiva os fatos, mas foca-se principalmente na visão do almirante Lewis Strauss (Robert Downey Jr.), que foi presidente da Comissão de Energia Atômica dos EUA.

A estética do longa se divide pelos fatos da Física, “fissão” é filmada em cores, além disso, possui várias cenas que podem ser vistas como imaginárias dentro da mente de Oppenheimer, seriam as órbitas da eletrosfera do átomo, o choque entre os nêutrons ou a rede de átomos que compõem a matéria. Já a “fusão” é feita em preto e branco, se limitando a diálogos, usando de um discurso de objetividade, todavia ela se revela outra visão subjetiva, mas de uma pessoa maniqueísta e simplista, criando um contraste da realidade complexa da vida de Oppenheimer.

A direção de Nolan faz uso da câmera de duas formas para exemplificar os dois “lados” do filme. Na “fissão”, a câmera segue dentro fantasia intimista de Oppenheimer, fazendo uso de muitos closes. Focando quase sempre em seu olhar vidrado, em como Oppenheimer usa as mãos, dando destaque ao rosto dos personagens e suas expressões. Desta forma, a direção de Nolan consegue deixar tudo mais pessoal.  Já na “fusão” a câmera raramente sai do plano médio, trazendo uma visão objetiva dos fatos.

 Antes de entrar no conteúdo do roteiro, é necessário dizer que o filme requer do público duas coisas: conhecimento geopolítico e científico. Quer dizer que sem esses elementos o filme é ruim? De forma alguma! Mas se você consegue entender quem são as pessoas citadas, as datas em que se encontram, e também saber quem são os cientistas em destaque, como Bohr, Einstein, Heisenberg, Fermi e Szilárd, vai maximizar a experiência. Até porque o filme não se dá o trabalho de explicar, ele apenas vai jogando as informações e esperando que o público alvo tenha feito o dever de casa. E isso é, sim, um problema, pois acaba elitizando o filme.

O filme divide seu emocional entre euforia e desespero. A euforia da descoberta, do avanço científico, da aliança mundial contra o avanço nazistas, porém lentamente essa euforia vai ruindo e rumando ao desespero, tudo isso é mostrado magistralmente pela edição de som. O som do filme é tão sutil ao posso que tem um poder tão grande, que ele vai te chamando, te causando uma ansiedade sufocante, e então tudo explode e você consegue realizar o que fizeram ao criar aquela bomba, e assim, cai o desespero. Sim, a bomba é uma maravilha da ciência. Maravilha essa que foi usada para um genocídio em massa de milhares de pessoas. A atuação poderosa do elenco faz soar ainda mais a euforia e o desespero.

Além disso, o desespero começa quando Oppenheimer realiza que ele criou uma arma que deu início a outra guerra, não o fim de todas as guerras. A Bomba-A gerou a Bomba-H que gerou a Bomba de Nêutrons, e só parou aí porque o risco de destruir o mundo inteiro era alto demais.

Chamam Oppenheimer de “Prometheus americano”, pois a Era nuclear foi um grande avanço na história humana que nasceu do grito de morte de milhares.  Todo explosivo nuclear tem uma probabilidade de causar uma reação em cadeia que pode incinerar a atmosfera inteira do planeta Terra. O planeta resistiu aos ataques no Japão e aos inúmeros testes de novas bombas, mas uma reação em cadeia foi criada.

O pensamento de “se eu não tiver uma arma poderosa, o meu inimigo vai ter” faz parte do subconsciente humano, trazendo eternamente a sombra de uma guerra nuclear que pode destruir tudo. Prometheus foi punido pelo ato de entregar o fogo dos deuses aos seres humanos. Agora, quem sofre a punição pela entrega desse novo fogo aos humanos? O filme de Christopher Nolan responde isso de uma forma muito fria e pesada, pois algumas situações acabam se revelando inevitáveis.

O elenco é gigantesco, tão gigantesco quanto era a equipe do projeto Manhattan com nomes conhecidos do publico, como Josh Hartnett, Jefferson Hall, Matthew Modine, além de Matt Damon, Emily Blunt e Gary Oldman, numa rápida aparição. É, certamente, curioso como todos esses rostos conhecidos causam uma aproximação do público com o filme, e ajuda a intensificar as reações que serão causadas.

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