- Publicidade -

Kenneth Branagh acerta o tom na adaptação de A Noite das Bruxas

Publicado em:

Cerca de cinco anos atrás, o ator britânico, Kenneth Branagh, começou sua investida em criar adaptações para o cinema de romances da grande romancista policial, Agatha Christie. O primeiro longa foi Assassinato no Expresso do Oriente, uma escolha segura, já que esta é a obra mais famosa de Agatha Christie. O filme teve grandes nomes como Penélope Cruz, Johnny Depp, Michelle Pfeiffer, Judi Dench, Willem Dafoe, e colocou Branagh como o grande detetive Hercule Poirot. Com relativo sucesso, a sequência das aventuras de Poirot migrou para o Egito com Morte no Nilo. Com uma produção muito mais ostensiva, gravado no rio Nilo, o segundo filme continuou com um elenco de peso, ainda que polêmico. Dessa vez, a crítica e o público não deram voto de confiança, e o filme foi considerado um fracasso.

Kenneth BranaghAgora Kenneth retorna como o detetive belga em A Noite das Bruxas, inspirado no livro homônimo de Agatha Christie. Aliás, é importante dizer que diferente dos outros dois filmes, este é apenas inspirado nos escritos de Agatha, pois diverge muito do material original. Aqui Hercule Poirot se encontra em Veneza, aproveitando seu exílio e aparente aposentadoria, até ser visitado por um velha amiga, a escritora Ariadne Oliver (Tina Fey). A Srta. Oliver convoca Poirot para desbancar uma suposta médium (Michelle Yeoh) que fará uma sessão espírita após a festa de Halloween da senhora Rowena Drake (Kelly Reilly). Porém tudo começa a dar errado, quando assassinato acontece, e o grande Hercule Poirot se vê obrigado a voltar a ativa.

Como estes filmes são inspirados nas obras de Agatha Christie, eles seguem, mais ou menos, a mesma fórmula. Uma série de acontecimentos levam um grupo de pessoas a se reunirem com Poirot, que sempre tem um amigo para ser seu assistente no caso, logo acontece o crime e o detetive tranca todos no local dando início às investigações. Apesar disso, o tom de cada filme é diferente. O primeiro é leve, ainda que contenha temas pesados, é o mais leve e divertido dos três. Já Morte no Nilo é totalmente o oposto de seu antecessor, enquanto A Noite das Bruxas é, de fato, a produção mais madura de Kenneth como diretor.

O roteiro escrito por Michael Green, trazendo elementos de terror a trama. O local de investigação seria um antigo orfanato onde várias crianças doentes com a Peste foram trancafiadas para morrer. De modo que se criou o mito de que o Palazzo é amaldiçoado pelos fantasmas das crianças querendo vingança. Diferente dos outros filmes, que duram alguns dias, toda a investigação dura apenas a noite de Halloween, o que aumenta a pressão sobre o detetive. Aqui a dupla Oliver e Poirot se mostrou bem mais entrosada, especialmente pela genialidade que está intrínseca a Tina Fey. A atriz trouxe a personagem um ar de malícia e esperteza, quase maquiavélica, ao mesmo que a veia cômica de Tina Fey faz parte de seu personagem.

A direção de Kenneth Branagh estabelece muitos closes, bem fechados, tanto para ressaltar que todos são suspeitos quanto para mostrar como aquele caso está transtornando Poirot. A direção usa e abusa do cenário de Veneza, com estátuas e gárgulas, evocando esse espírito de mistério. Além disso, a estética traz essa sensação de antiguidade, do passado. A direção também é excelente na forma em que as pistas se desenrolam lentamente, e realmente se pode ir acompanhando o raciocínio do detetive até sua conclusão.

O saldo final é muito positivo, pois fica claro que Kenneth Branagh achou sua zona de conforto entre o autoral e o industrial, assim como Agatha Christie conseguiu. A Noite das Bruxas é de longe a melhor adaptação dessa trilogia Agatha Christie.

 

Mais Notícias

Nossas Redes

2,459FansGostar
216SeguidoresSeguir
125InscritosInscrever
4.310 Seguidores
Seguir
- Publicidade -