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Ana Calzavara e o curador Victor Gorgulho falam sobre a exposição “Quiçaças”

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A Mul.tiplo Espaço Arte, no Leblon, reúne para um bate-papo a artista Ana Calzavara e o curador e pesquisador Victor Gorgulho. Os dois conversam sobre a exposição ‘Quiçaças’, que apresenta obras inéditas da pintora paulista na galeria.

No vocabulário popular, quiçaça significa mato baixo e espinhento, capoeira de paus tortuosos e ásperos. Na exposição, a pintora paulista traz à cena com seu trabalho, essas pequenas plantas rebeldes e obstinadas, que rebentam de um muro descascado, das gretas de uma calçada, do asfalto esburacado. Victor Gorgulho assina o texto crítico. Todos os trabalhos são recentes e foram produzidos especialmente para a exposição, que é a primeira individual da artista no Rio de Janeiro.

“Quiçaça” reúne cerca de 25 pinturas em óleo sobre tela, cinco sobre cerâmica e um tríptico de xilogravuras. Há também nove frottages, feitas em papel japonês com carvão, bastão a óleo, guache e pastel. “Captei a rugosidade, a matéria bruta da rua esburacada, a selva de pedra e as plantas que vão nascendo nessas gretas”, diz a pintora natural de Campinas, que vive em São Paulo. Nas obras dela, a arte insiste em brotar nos locais mais inóspitos. “Essa vivacidade do broto que nasce apesar das adversidades fala de insubordinação, resiliência, mas igualmente de alegria e esperança. Isso me interessa”, resume a pintora. As obras possuem formatos diversos, que vão de 22 x 35 cm, a um díptico de 90 x 220 cm, e um tríptico de 100 x 250 cm, aproximadamente.

Em suas pinturas, Ana Calzavara tem a capacidade de lidar com elementos aparentemente banais e corriqueiros, que, envoltos por uma complexidade em termos pictóricos, desperta a partir da linguagem da arte, novas percepções de mundo. Segundo Maneco Müller, sócio da Mul.ti.plo, para falar da poética da artista vale lembrar uma afirmação de Ferreira Gullar (1930-2016) sobre a escrita de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987): “O que me marcou mais foi a exploração de certos aspectos muito banais da realidade que eram transformados em poesia”. E explica: “Calzavara tem essa rara faculdade de encontrar no ordinário, aos olhos comuns, matéria para atuar no seu tempo. Essa insurgência, que se dá pelas beiras, pelos entres, é absolutamente surpreendente e contemporânea, por trazer em si uma radicalidade monumental de quem enfrenta todas essas dificuldades e obstáculos”, diz o galerista, que comanda a casa ao lado de Stella Ramos.

A pintura de Calzavara nos convida também à fruição em um outro tempo. Em suas obras, a mesma cena pode estar repetida. “Alguns trabalhos têm uma espécie de cacofonia, uma repetição de um pedaço da pintura, um zoom de uma das partes… É um convite ao observador a desacelerar, reter o tempo de leitura da imagem, a olhar novamente, por diferentes ângulos”, conclui a artista.

O evento acontece no dia 5 de dezembro (terça-feira), às 18h30, com entrada franca. É recomendado fazer reserva pelo WhatsApp +55 21 2042 0523.

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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