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Quem Fizer Ganha honra a cultura dos povos polinésios

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Em 2001, numa partida válida para as eliminatórias da Copa do Mundo de 2002, a seleção de Samoa Americana perdeu para a Austrália por 31 a 0. Não, é sério, o time australiano fez 31 gols, essa é considerada a maior lavada da história do futebol. Esse é o pontapé da nova comédia de Taika Waititi, Quem Fizer Ganha, que conta a história da pior seleção de futebol do mundo e como eles ganharam seu primeiro jogo.

Quem Fizer Ganha

Por mais incrível que pareça, o roteiro do filme de Quem Fizer Ganha é baseado em fatos reais, e se mantém muito fiel, com poucas licenças poéticas. No longa, Michael Fassbender é Thomas Rongen, ex-treinador da seleção dos EUA, que tem duas escolhas: ser técnico do pior time de futebol do mundo ou não ter emprego. Com muita relutância, Rongen se muda para Samoa Americana, um pequeno conjunto de ilhas no meio do Oceano Pacífico. Lá ele descobre que treinar um time do zero é algo realmente difícil, mas ele também vai perceber que tem tanto a aprender com aquelas pessoas do que ele tem a lhes ensinar.

Waititi já foi consagrado como um dos grandes diretores autorais de comédia da atualidade, desde o filme para televisão, O Que Fazemos Nas Sombras, até o premiado JoJo Rabbit. Taika é capaz de criar histórias emocionantes com roteiros inteligentes e com comédias não apelativas e de humor simples. É o caso de Quem Fizer Ganha, um dos filmes de comédia mais deliciosos da carreira do diretor. Sem dúvida, o longa apresenta piadas total e completamente naturais que são facilmente recebidas e até possíveis na realidade. O filme é, certamente, construído pela comédia da vida real, pois o fato de o time realmente ter perdido de 31-0 é uma piada pronta.

Além disso, o roteiro é de coautoria de Taika com Iain Morris, e para não dizer que é perfeito, existe uma leve questão de um treinador branco vir até a Polinésia para “salvar” um time de futebol fracassado. É necessário ter essa questão do “salvador branco” em mente, todavia o território de Samoa Americana faz parte dos EUA, portanto é meio que uma justificativa, e o filme usa isso como escada para várias piadas maravilhosas.

O filme é muito forte na questão da representatividade dos povos polinésios e de sua cultura, já que o próprio diretor faz parte da Polinésia, sendo neozelandês. O time de Samoa Americana abre os jogos dançando o Haka, dança típica do povo Maoria, assim como em várias cenas temos danças típicas que simulam o movimento do mar. E, é claro, a maioria esmagadora do elenco é composta por atores e atrizes da polinésia.

Taika também honra a cultura dos povos polinésios na questão de gênero com a personagem Jaiyah (Kaimana), uma mulher trans, que joga na seleção. Em um diálogo, o técnico branco pergunta se o time não se incomoda com o fato de Jaiyah ser trans. O antigo técnico do time, Ace (David Fane), responde que Jaiyah é uma “fa’afafine” (que é a visão que a cultura samoana tem de mulheres trans). Ace explica que“fa’afafine” são como flores, e sem elas o mundo seria monótono e sem cor. Essa linha de diálogo tem grande importância na diversidade, como um exemplo do carinho presente em todo o roteiro de Taika e Ian. Aliás, a direção sabe muito bem como usar o cenário de uma ilha tropical. Com muitas cores e cenas que aproveitam o cenário natural da ilha, o longa ainda mostra como o mar é importante para a cultura local.

Mesmo com várias questões, Quem Fizer Ganha ainda é um filme de esporte, mas acima disso, ele não é um filme sobre ganhar e, sim, sobre jogar. A frase que melhor representa esta obra é, “Eu me esqueci que me divertia mais jogando do que ganhando”. Sem dúvida alguma, essa é uma comédia que deve ser vista, pois satiriza a vida real com inteligência, carinho e diversão pura e simples.

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