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“A Falecida”, de Nelson Rodrigues, ganha nova montagem com Camila Morgado

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Escrito em 1953, o clássico teatral “A Falecida”, de Nelson Rodrigues (1912-1980), completou 70 anos em 2023, com uma nova montagem dirigida e idealizada por Sergio Módena e protagonizada por Camila Morgado, que voltou ao teatro depois de um hiato de onze anos distante dos palcos. O espetáculo teve sua estreia nacional no dia 18 de agosto no Sesc Santo Amaro, em SP, lotando todas as apresentações. Aliás, a montagem recebeu 05 indicações ao Prêmio FITA 2023, recebendo os prêmios de Melhor Atriz Coadjuvante – Stela Freitas e Melhor Espetáculo – Juri Popular.

"A Falecida

“Eu e Camila somos apaixonados por esse texto e pelo legado de Nelson Rodrigues. E ela é uma atriz “rodrigueana” por excelência, assim como o Thelmo Fernandes. Esta montagem de “A Falecida” marca a minha primeira direção de uma obra do Nelson. Estamos criando uma encenação atemporal para a peça, que, originalmente, foi escrita em 1953 e se passa no subúrbio do Rio de Janeiro. Mas Nelson vai além da crônica carioca. Ele radiografa a miséria da alma humana, presente nos mais diversos lugares e épocas”, comenta o diretor sobre a idealização do projeto”, diz Sergio Módena.

Classificada pelo saudoso crítico teatral Sábato Magaldi como uma das Tragédias Cariocas de Nelson Rodrigues, “A Falecida” narra o plano da tuberculosa e frustrada Zulmira, que sonha em ter um enterro cheio de luxo e pompa. Dessa forma, ela causaria inveja em sua prima e vizinha Glorinha, com quem nem fala mais e tem uma relação inexplicável de competição.

Um pouco antes de morrer, Zulmira pede para seu marido Tuninho, que está desempregado e gasta todo o dinheiro com apostas, procurar o milionário Pimentel. Ela quer que o empresário pague para ela um enterro de 35 mil cruzeiros – o que beira o absurdo, uma vez que, na época, os funerais custavam menos de mil cruzeiros.

Logo depois da morte de Zulmira, ainda sem saber como ela conheceu Pimentel, Tuninho vai à mansão dele descobre que o rico empresário e sua esposa eram amantes. O marido traído ameaça contar tudo para um jornal inimigo de Pimentel e consegue arrancar dele uma pequena fortuna. Tuninho, então, dá à Zulmira um enterro “de cachorro” e aposta todo o resto do dinheiro num jogo de futebol.

Mesmo tendo sido escrita nos anos 1950, A Falecida “revela sua força e atualidade num país ainda regido pela falsa moralidade e hipocrisia. Nos dias de hoje o fanatismo religioso abordado por Nelson Rodrigues tornou-se ainda mais significativo em nosso país. A personagem Zulmira traiu o marido e, por esse motivo, ela é consumida pela culpa. Seu desejo por um velório luxuoso é sua maneira de se vingar de um mundo que não lhe oferece possibilidade de transformação. A morte torna-se sua redenção. Desse modo, o autor nos coloca um dilema: Poderá um enterro de luxo compensar uma vida de desilusões?”, indaga o diretor.

Segundo o diretor, a encenação propõe uma estética atemporal. No cenário de André Cortez, um grande mausoléu (um signo da ostentação social em meio aos mortos) é o espaço por onde os diversos planos de ação irão ocorrer. Os figurinos de Marcelo Olinto não buscam a reprodução histórica da década de 50. Ao contrário, parecem apenas evocar um tempo passado, atravessando diversas épocas. A trilha sonora, composta por Marcelo H, explora o conflito entre o sagrado e o profano.

Protagonizando o espetáculo ao lado de Camila Morgado está Thelmo Fernandes, com uma vasta experiência em torno da obra do autor. A montagem conta ainda com Stela Freitas como atriz convidada. E ainda os atores Gustavo Wabner, Alcemar Vieira, Thiago Marinho e Alan Ribeiro.

Serviço
Temporada: 23 de fevereiro a 07 de abril / Às sextas e aos sábados, às 21h, e aos domingos, às 20h
Local: Teatro Copacabana Palace – (Avenida Nossa Sra. de Copacabana, 261)
Ingressos na bilheteria ou pela Sympla

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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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