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“A mulher Aquela”, com Ruth Mezeck, estreia nos palcos cariocas

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Comemorando 25 anos como palhaça profissional, a também atriz, performer, burlesca, empreendedora cultural e jornalista Ruth Mezeck faz sua primeira temporada carioca com o espetáculo “A mulher Aquela”, no novo Cine Teatro Joia, em Copacabana. Com direção de Karla Conká, o solo dá vida a Clownesse Sassah Coco de La Merde, vulgo Palhaça Sassah, livremente inspirada na personagem feminina da peça Dias Felizes, de Samuel Beckett, obra que a atriz se debruça há cerca de 20 anos.

Quando entrou em contato com a palhaçaria, ainda no fim dos anos 90, Ruth não imaginava que esse encontro mudaria para sempre a sua vida. Tida como a palhaça mais velha em atividade no Brasil, após 25 anos de estrada, entre algumas idas e vindas, ela continua se divertindo e se redescobrindo pelos palcos da vida. “A palhaçaria me ensinou a ver a vida com mais humanidade. A minha persona palhaça é quem me salva”, afirma.

Unindo essas duas paixões, Ruth vem, desde 2007, desenvolvendo diversos projetos teatrais, de pesquisa e performance inspirados na obra de Samuel Beckett. Até conseguir trazer a personagem beckettiana Winnie para a palhaça foi um longo e desafiante processo. Uma construção que teve início ainda em 2009, quando estreou seu primeiro solo, “Sassaricos da Sassah”, no qual encarna, pela primeira vez, a personagem Clownesse Sassah Coco de La Merde. Após muita pesquisa, cursos e experimentações, em 2015, começa o processo de criação de “A Mulher Aquela”, que só é finalizado em 2018, mesmo ano de estreia do espetáculo no 7º Festival Internacional de Comicidade Feminina-Esse Monte de Mulher Palhaça.

“Um dos maiores desafios da minha trajetória artística foi a dramaturgia de A Mulher Aquela, junto com a Karla Conká, que corajosamente aceitou dirigir o espetáculo inspirado na personagem Winnie. Antes desse trabalho, tive outro desafio gigantesco, que marcou definitivamente a minha expressão artística, de me sentir confortável num corpo octogenário para botar o peito de fora e rodar os pasties no espetáculo de burlesco da Madame Sassah, construindo um corpo político e quebrando os parâmetros impostos pela sociedade etarista e machista”, lembra Ruth.

Em “A mulher Aquela”, ela traz para o universo beckettiano uma dramaturgia que mistura teatro do absurdo, palhaçaria e muitas brincadeiras. “Em Dias Felizes, a personagem principal se encontra enterrada até o pescoço, mas, ainda sim, continua vivendo normalmente, ao contrário do marido, que não consegue lidar com a situação. A peça discute sobre as possibilidades de ser feliz diante da senilidade e da fragilização do ser humano a partir dos efeitos do tempo. Fala sobretudo de esperança”, reflete.

Em cena, Ruth dá vida a chiquérrima Clownesse Sassah Coco de La Merde que acaba de chegar de Paris e vai reencontrar Willie, seu marido, imóvel e doente, representado em cena por uma bengala. Na companhia de Willie, ela começa a dividir com o público causos da sua infância no interior do Rio Grande do Sul e seu cotidiano no Rio de Janeiro. Ela conta também sobre os tempos de sucesso nos cabarés parisienses, na Paris de 1900, e adjacências europeias. Nada disso é real e, ainda assim, tudo acontece.

Karla conta que transformar Willy em uma bengala foi algo totalmente intuitivo, que veio naturalmente dentro do processo de criação, mas só aconteceu porque era a Ruth. “A palhaçaria é muito autobiográfica. Em 2015, Ruth estava fazendo uma oficina comigo e numa ocasião sugeri que ela trouxesse uma bengala para a cena. Nessa época, eu já tinha lido “Dias Felizes” e, por uma iluminação, tive a ideia de transformá-la no personagem do marido, que representa o lugar do encosto, da inercia, que muitas vezes nos paralisa diante da vida”, conta.

Através de Sassah, Ruth, que é conhecida nas redes sociais como ativista da terceira idade, também reflete com bom humor sobre etarismo, a passagem do tempo e a invisibilidade do idoso. Segundo Karla, até a estreia do espetáculo, em 2018, ainda não se tinha visto uma mulher palhaça velha em cena falando sob forma de denúncia e protesto sobre a condição que uma pessoa idosa é colocada no Brasil e acredita que segue sendo inédito dentro da Palhaçaria com o tema. “A invisibilidade da mulher na sociedade depois de uma certa idade é um fato. No entanto, o que vemos em “A Mulher Aquela”, antes de ser uma dramaturgia subjetiva que fale sobre o assunto, é literalmente um corpo velho trabalhando. Para o público, seja que idade for, será muito importante se deparar com situações que o farão refletir sobre como é a visão dele da velhice ou como ele anda se comportando como as pessoas velhas que vivem ao seu redor”, diz Karla.

Para Ruth, estar em cena, ativa, se desafiando, mesmo depois dos 80, é um exemplo de que idade não é empecilho para fazer o que se gosta. “Sou uma ativista pelas causas da terceira idade porque sei que velhice não é doença. Muito pelo contrário. Sou a prova viva de que a vida não tem barreiras se a pessoa acreditar nela e perseguir os seus objetivos”, diz.

Essa é a primeira temporada de “A mulher Aquela”. Após a apresentação de estreia, em 2018, a montagem foi apresentada, em 2019, no BOLINA-Festival Internacional de Palhaças, em Portugal.

SERVIÇO:
Temporada: 01 a 30 de março (sextas e sábados) / Horário: 19h.
Local: Novo Cine Teatro Joia (Av. N.S. Copacabana, 680. Galeria)
Ingressos pela Sympla
Faixa etária:12 anos

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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