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Companhia de Dança Deborah Colker retorna ao Theatro Municipal do Rio de Janeiro para comemorar seu trigésimo aniversário

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A Companhia de Dança Deborah Colker retorna ao Theatro Municipal do Rio de Janeiro para comemorar seu trigésimo aniversário. O palco, onde tudo começou, recebe desta vez a estreia de “Sagração” . Dirigida por Deborah Colker, a música clássica de Stravinsky encontra ritmos brasileiros no espetáculo inspirado por visões ancestrais sobre a origem do mundo.

Além disso, a companhia também dá início à temporada de apresentações de 2024 com a turnê celebrativa dos seus 30 anos, que somam mais de 2 mil apresentações, em 75 cidades, de 32 países, totalizando um público de mais de 3,5 milhões de pessoas.

“Ao longo desses anos, assistimos e participamos de muitas transformações na cultura, na política e na economia. Chegamos até aqui porque temos este espírito de evolução, que é um tema muito precioso para o novo espetáculo”, avalia o diretor executivo João Elias, que em 1994 fundou a companhia de dança com Deborah Colker.

O processo criativo de “Sagração” durou dois anos e meio. O espetáculo é uma livre adaptação de “A Sagração da Primavera”, obra composta pelo russo Igor Stravinsky, que ganhou projeção mundial pela montagem estreada em Paris em 1913, com coreografia de Vaslav Nijinsky e produção de Sergei Diaghilev para os Ballets Russes. A composição musical é considerada revolucionária por introduzir estruturas rítmicas e harmônicas nunca antes utilizadas em partituras.

“Quando decidi recontar esse clássico, pensei que teria de ser a partir da cosmovisão de povos originários do Brasil”, lembra Deborah, que também é pianista. “Stravinsky foi responsável por pontos de ruptura e provocação entre o erudito e o primitivo. ‘A Sagração da Primavera’ representa esses pontos de evolução da humanidade”.

Foi em uma viagem para o Xingu, durante o Kuarup, e no encontro com as aldeias indígenas Kalapalo e Kuikuro, que Deborah conheceu Takumã Kuikuro. O cineasta contou à ela como o povo do chão recebeu o fogo do Urubu Rei. Essa história é dançada e acompanhada por narração do próprio Takumã e faz parte da coleção de cosmogonias que a diretora reuniu para montar a dramaturgia do espetáculo.

“Tudo só poderia ter começado com uma mulher. Uma avó. A avó do mundo”, conclui Deborah, que, na companhia de Nilton Bonder, revisitou a mitologia judaico-cristã. Do livro “Gênesis”, as passagens sobre Eva e a serpente e sobre Abraão ganham cenas que destacam momentos de ruptura. “São dois mitos que elaboram sobre a consciência humana: pela autonomia de uma mulher que desperta para caminhos interditados e transgride; e de um homem que sai da sua casa e cultura em direção a si mesmo”, destaca o dramaturgo. Além das alegorias bíblicas, a coreógrafa também buscou referências na literatura científica.

“A versão mais recente da nossa espécie é a Homo sapiens sapiens que, assim como outros seres, precisa se adaptar constantemente”, pontua Deborah, destacando a presença das personagens que representam bactérias, herbívoros e quadrúpedes no espetáculo. “Nossa dramaturgia é feita da poesia presente em mitos e teorias que pensam a existência da vida em nosso planeta”. A coreógrafa, em parceria com o diretor musical Alexandre Elias, introduziu à partitura instrumental de Stravinsky a sonoridade pujante das florestas e ritmos brasileiros.

Boi bumbá, coco, afoxé e samba foram introduzidos à criação de Stravinsky. Aos acordes de instrumentos de orquestra, o diretor musical adicionou flauta de madeira, maracá, caxixi e tambores. Os paus de chuva também entram em cena no arranjo executado ao vivo pelos bailarinos. Para Alexandre Elias, “foi um privilégio trabalhar profundamente na estrutura da obra que revolucionou a música universal”.

“Sagração” também contou com a contribuição de Angela Pappiani. “O que aprendemos com os povos originários é que todos nós éramos um único povo que foi separado pela dinâmica dos destinos de cada um”, explica a pesquisadora. “Eles têm em comum a conexão com a Natureza, que foi perdida pelos brancos. Agora todos nós pagamos um preço muito alto por essa desvinculação. Esse é, hoje, um dos assuntos que mais precisamos dar visibilidade em todos os espaços possíveis. E isso inclui a dança”.

Gringo Cardia traz um cenário em constante mutação. O bambu, que é um material utilizado por muitos povos da Ásia às Américas, em “Sagração” é o elemento principal. Os catorze bailarinos dançam e criam paisagens manipulando 170 varas de bambu de quatro metros, sobre linóleo com pintura em espiral, que remete à forma de uma galáxia. Beto Bruel criou um desenho de luz extremamente detalhista. A cada cena, a iluminação guia o público pela saga da dramaturgia, que vai desde a criação do mundo, passando por momentos de evolução até chegar à cena final. É também nesse caminho que o figurino de Claudia Kopke apresenta os seres que habitam e evoluem na cosmogonia apresentada pela Companhia de Dança Deborah Colker.

SERVIÇO
Local: THEATRO MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO (Praça Floriano, S/N – Centro)
Data e Horário: 21/03 A 22/03 – 20h | 23/03 – 17h E 20H | 24/03 – 18h
Link para venda de ingressos online
Faixa Etária: 10 anos
Acessibilidade: LOCAL ACESSÍVEL PARA CADEIRANTES

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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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