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O Primeiro Dia da Minha Vida procura oferecer alento e esperança àqueles que estão desesperados

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Guardadas as devidas proporções, talvez o tipo de morte não natural que mais choque seja o suicídio. Assassinatos são cruéis e revoltantes., doenças que se arrastam até pôr fim a uma existência são dolorosas, já o suicídio é surpreendente. Ele pega as pessoas desprevenidas e ainda que o falecido tenha dado sinais de que algo não vinha bem, nem sempre quem está por perto consegue perceber isso. Segundo os especialistas, sinais costumam ser um pedido de socorro. O que significa dizer que nem sempre o suicida, de fato, queria morrer. Tentar entender o que leva alguém a cometer tal ato contra sua vida é muito difícil, essa é uma das propostas de O Primeiro Dia da Minha Vida, do cineasta Paolo Genovese.

O Primeiro Dia da Minha Vida

O Primeiro Dia da Minha Vida procede a uma investigação sobre as razões que levam alguém a atentar contra sua própria vida a partir do ponto de vista de quatro suicidas: a ginasta olímpica Emília (Sara Serraiocco), a policial Arianna (Margherita Buy), o palestrante motivacional Napoleone (Valerio Mastandrea) e o youtuber mirim Daniele (Gabriele Cristini). Quatro pessoas aparentemente comuns, com dores e alegrias, todavia, diferentemente do que vocês devem estar pensando agora, eles não são potenciais suicidas. Mas, não! Infelizmente, eles já conseguiram o que confere ao filme uma aura de realismo fantástico, a meu ver, tão característica do cinema italiano.

Acontece que Genovese não se interessa somente pelas razões. Se seu filme pode ser fantástico e fantasioso, por que não oferecer algum tipo de alento e esperança? No roteiro, um desenvolvimento do argumento de Andrea e Rafaella Leone, os quatro personagens são visitados e levados para uma espécie de hotel por um homem misterioso. Em momento algum este quinto personagem, interpretado por Toni Servillo, é nomeado. Quem ele é? Um anjo? Não importa. O que importa, na verdade, é que ele oferece aos quatro uma oportunidade única de refletirem sobre o que fizeram. Tudo o que eles precisam é de sete dias no tal hotel. Ao término deste tempo, se estiverem arrependidos e se assim quiserem, eles poderão optar por uma segunda chance ou por continuarem como estão.

O filme é bem delimitado. Ao longo dos seus 120 minutos, temos a exata noção de quando começa e termina cada um dos sete dias. Ambientado em Roma, inicialmente a obra foca no caos da cidade grande e em dias e noites chuvosas. O ar é pesado e a fotografia transmite essa sensação com precisão. O quarteto está passando pela fase de assimilação e compreensão do que está acontecendo. E cada um reage da sua maneira. Mais para a reta final dessa trama, independentemente da decisão que cada um tomará, ocorre uma mudança temporal. Os dias ficam mais claros e enxergamos pelo menos uma cena longe da balbúrdia urbana. O ar já não está tão pesado, a fase de assimilação e compreensão praticamente passou e, assim como os dias, os pensamentos de cada um deles também parecem mais claros.

É durante este percurso fílmico de O Primeiro Dia da Minha Vida que Genovese destrincha as razões e os motivos por trás da drástica decisão tomada por cada um dos personagens. Neste ínterim, em uma das mais belas cenas da trama, todos eles têm a chance de ver como seria a vida se não tivessem desistido. Repito aqui o óbvio: esta é uma história fantástica e fantasiosa. A vida de verdade, distante das telonas, não permite uma segunda chance, desta forma, um frase dita lá pelas tantas pelo personagem de Servillo, em mais uma grandessíssima interpretação, talvez seja o resumo perfeito do alento e da esperança que o cineasta deseja oferecer àqueles que estão desesperados: “Eu não prometo que vocês serão sempre felizes, mas que terão forças para buscar aquilo que lhes faz felizes”.

Desliguem os celulares e excelente diversão.

Bruno Giacobbo
Bruno Giacobbo
Um dos últimos românticos, vivo à procura de um lugar chamado Notting Hill, mas começo a desconfiar que ele só existe mesmo nos filmes e na imaginação dos grandes roteiristas. Acredito que o cinema brasileiro é o melhor do mundo e defendo que a Boca do Lixo foi a nossa Nova Hollywood. Apesar das agruras da vida, sou feliz como um italiano quando sabe que terá amor e vinho.

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