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Psicoterapeuta Marcos Giácomo lança obra que revisita Livro Vermelho de Jung

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O psicoterapeuta Marcos Giácomo acaba de lançar pela Haikai Editora seu primeiro livro: “A Espiritualidade Inconsciente”, no qual propõe um exame do processo de individuação junguiano, relacionando-o com a psicologia profunda de Joanna de Ângelis e a aplicação dos conceitos de Allan Kardec à prática da psicoterapia.

Conforme explica o psicoterapeuta, seu livro funciona como uma espécie de “negativo fotográfico” do Livro Vermelho – obra do psiquiatra e psicoterapeuta suíço Carl Gustav Jung, revelada ao público somente em 2009, 48 anos após a morte do autor. Isso porque o livro de Giácomo revisita conceitos trazidos por Jung em sua mais enigmática obra e apresenta novos caminhos para encontrar respostas para as dores da alma, defendendo o autoconhecimento como condição indispensável para o processo de regeneração física, mental e espiritual.

O autor narra sua trajetória pessoal e profissional, desde sua carreira como executivo de grandes corporações até seu despertar espiritual, que o levou a descobrir-se psicoterapeuta. O autor submete aos seus leitores a proposta de uma intersecção entre a psicologia analítica de Jung, em conjunto com os preceitos do espiritismo, de modo que ambas as áreas do conhecimento funcionem como ferramentas capazes de revelar o potencial das virtudes que cada um de nós carrega e que, segundo Giácomo, devem ser colocadas à serviço da coletividade.

Como tange a qualquer obra que se destina a ser universal, o psicoterapeuta investiga questões basilares – e essenciais – que povoam as mentes de seres humanos de todos os lugares do planeta, como “quem sou eu? e o que eu vim fazer aqui?”. De acordo com o autor, se a psicologia é uma ótima ferramenta que a humanidade dispõe para dar conta de responder a primeira pergunta, o espiritismo propicia explicações filosóficas, racionais e religiosas para a segunda.

“Talvez pudéssemos considerar que, em essência e síntese, a grande proposta da Psicologia Analítica, em conjunto com os preceitos do Espiritismo seja para cada um debruçar sobre o desvelamento do sentido de sua vida, o que implica tentar responder às perguntas de quem somos e o que viemos fazer nesta vida. Individualmente e em processo de individuação”, explica.

No auge da carreira, o abismo emocional

Graduado em Administração e em Contabilidade, Giácomo percorreu caminhos que não desejava ardentemente, mas até então, não sabia disso. “A complexidade do mercado financeiro me atraía: achava interessante e tentador. Acabei entrando pelas portas que se abriram. Não foram muitas, mas as que se abriram foram muito importantes. Talvez por isso não tenha tido nenhuma vibração de alma em reconhecer que o que eu fazia de meu trabalho era proveniente de uma potencialidade. As portas iam se abrindo e eu entrava com determinação, responsabilidade, senso profissional e dedicação”, conta.

Isso era final da década de 1980 e, nesta época, um dos processos mais concorridos do ambiente corporativo nacional era o de trainee de auditoria da PriceWaterhouseCooper (PwC). “Eram meses de um processo de seleção dificílimo, então quis pagar para ver. Acabei ficando doze anos na empresa. De lá, alcei voos ainda mais altos, aceitei uma proposta de emprego para ser Head of Financial and Control do banco suíço UBS, onde fiquei até 2006. Minha carreira no mercado financeiro terminou como sócio de uma empresa de gestão de recursos em março de 2009 momento em que me dei conta de que meu ego estava feliz, mas meu inconsciente gritava: não foi por essa razão que eu vim para a Terra. Entrei em um processo de desconexão e desânimo agudo. Flertei com a depressão”, diz.

A história de Giácomo não é incomum: executivo acostumado a trabalhar em grandes corporações, no auge de carreira no mundo dos negócios, vê-se enclausurado em meio às suas conquistas profissionais e aquisições materiais, submerso no que Freud chamou de mal-estar da civilização, teoria na qual discorre sobre o conflito entre as regras sociais e as pulsões primitivas do homem, classificando este como a principal causa dos distúrbios psicológicos da contemporaneidade.

O que distingue a trajetória de Giácomo em relação a outros grandes executivos que pivotaram o rumo de suas carreiras após atingir um burnout é o produto que ele gerou a partir de sua inquietação: uma tese de doutorado intitulada “O Inconsciente Junguiano sob a ótica do Espírito Imortal – Regeneração por meio de autoconhecimento”, pela PUC-SP, revelando nuances na teoria junguiana, que sublimou seus incômodos e serviu como gênese desse livro.

O chamado da alma

Quando terminou a graduação em Medicina, em 1902, muito antes de cunhar o conceito de “inconsciente coletivo” que revolucionou a psicologia analítica, Carl Jung foi convidado por seu mentor para seguir como seu assistente, conta Giácomo. “No entanto, ele rejeitou a proposta irrecusável de figurar ao lado de um dos mais importantes médicos da Europa no melhor hospital da Suíça. Isso porque, ao se deparar com um livro sobre psiquiatria, tema muito pouco estudado e praticado à época, Jung foi arrebatado por um sentimento ímpar”, detalha.

Segundo relato do próprio Jung publicado no livro “Memórias, sonhos, reflexões”, de repente seu coração pôs-se a bater com violência. “Ao ponto que precisou levantar-se para tomar fôlego. Uma emoção intensa tinha se apoderado dele: num relance, como que através de uma iluminação, compreendia que não poderia ter outra meta a não ser a psiquiatria”, parafraseia Giácomo.

Essa questão existencial dos espíritos sempre aguçou os sentidos do psicoterapeuta suíço, que mergulhou fundo nesta temática no começo do século XVIII. A tese de graduação em medicina do psicoterapeuta, em 1902, por exemplo, foi intitulada “Psicologia e Patologia dos Fenômenos Chamados Ocultos”. Tanto o interesse pelo espiritismo de sua tese, quanto ao longo da obra de Jung, comenta Giácomo, são recorrentes elementos que poderiam indicar nele a força de uma potente mediunidade, que parece ser característica da família, especialmente do lado materno.

“Essa idiossincrasia que o teria impelido a mergulhar fundo em seu inconsciente encontra, a meu ver, uma explicação no Livro dos Médiuns, de Allan Kardec, no qual consta que as aptidões especiais para certas comunicações científicas, históricas e médicas teriam obtido seus conhecimentos em outra existência, sendo conservadas em estado latente no espírito reencarnado. Isso explicaria, por exemplo, os diálogos que travava com Filêmon, uma espécie de guru espiritual para ele.”, defende.

Esse foi o chamado da alma de Jung, algo que Giácomo, em toda a sua carreira dedicada ao mercado financeiro, jamais havia experimentado. Até o dia em que, pela primeira vez, abriu o Livro Vermelho e deparou-se com o diálogo de Jung com sua alma: “Senti, naquele momento, que minha alma finalmente apontava para a ligação existente entre a psique e a espiritualidade que reside em todos os seres humanos, ou, segundo vim a ler de Jung mais de um ano mais tarde: [‘Tratava-se, enfim, do lugar em que o encontro da natureza e do espírito se torna realidade. Minha escolha era inabalável]. Entendi que o chamado da minha alma era o de tentar desvelar os temas psíquicos acumulados em várias reencarnações, depositados no inconsciente de cada um a espera de reforma íntima e, desde então, sigo com os estudos sobre a complexidade humana, a leitura espiritual e a ajuda às pessoas em processos psicoterapêuticos”, conclui.

Para atender o chamado de sua alma, Giácomo mudou sua vida 180º e deu início à sua fase de trabalho mais realizadora. Deixou para trás o mercado financeiro e a atuação no terceiro setor e começou a aplicar mentorias com ênfase no processo de autoconhecimento individual até que, finalmente, abraçou sua vocação: concluiu uma pós-graduação em psicologia transpessoal e aprofundou seus estudos sobre os temas psíquicos e espiritualidade. Descobriu-se psicoterapeuta, em alinhamento pleno de suas potencialidades com seu propósito.

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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