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Analu Prestes estreia monólogo, com texto de Lygia Fagundes Telles 

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Vencedora do Prêmio Camões, honraria máxima da literatura em língua portuguesa, e primeira mulher brasileira a ser indicada ao prêmio Nobel de Literatura, Lygia Fagundes Telles (1918-2022) teve algumas de suas obras adaptadas para cinema, televisão e, curiosamente, poucas para o teatro – entre elas o multipremiado romance As Meninas (1973).

Analu Prestes
Foto: Alexia Maltner

O Espaço Abu, em Copacabana, recebe a encenação de outro trabalho da autora, o conto Senhor Diretor – extraído do livro Seminário dos Ratos, de 1977. Protagonizada por Analu Prestes, a adaptação é realizada pela diretora Silvia Monte, que desde março está à frente, no mesmo espaço, do ciclo mensal Leituras em Cena. O programa com leituras dramatizadas de textos literários, sempre nas últimas terças do mês, ganhou em agosto uma edição especial dedicada à obra de Lygia, que, assim como o espetáculo, segue até novembro.

“Ao reler os contos de Lygia para a programação de Leituras em Cena, me deparei com Senhor Diretor e pensei imediatamente na Analu Prestes para viver a heroína da história. E foi exatamente o desejo de possibilitar o encontro de duas grandes artistas brasileiras amantes da palavra – Lygia e Analu – que me fez querer encenar esta obra”, celebra Silvia Monte, que convidou a atriz para a leitura deste conto, em maio, e o arrebatamento da plateia foi o incentivo final para a montagem do espetáculo.

“Ao ler esse conto, fiquei completamente fascinada. E uma das coisas que me encantou nesse projeto foi trazer a literatura para a cena. Primeiro porque as pessoas vão entrar em contato com uma grande autora e ficar com curiosidade de pesquisar mais sobre a obra dela. E ao levar uma obra literária à cena, você estimula o público, mesmo quem não tem muito o hábito de ler, a mergulhar na literatura, o que é maravilhoso”, vibra Analu.

No cenário minimalista composto apenas por uma cadeira e assinado por Analu Prestes (assim como o figurino), a professora aposentada Maria Emília passeia pelas ruas de São Paulo no dia de seu aniversário de 62 anos e se choca ao avistar a capa de uma revista na banca de jornal com um casal seminu enlaçado, estopim para sua indignação com o caos em que vê a sociedade mergulhada. Decide, então, escrever uma carta ao diretor do Jornal da Tarde para expor sua revolta e, à medida em que mentalmente elabora a carta, tem seu pensamento disperso entre recordações e impressões sobre os acontecimentos à sua volta.

Senhor Diretor tem um elemento que me encanta, é a forma bem-humorada e leve que Lygia aborda temas profundos como solidão, juventude e envelhecimento, vida e morte. Uma mulher que, aos 62 anos, em 1977, no dia do seu aniversário, pensa sobre a sua vida casta e fiel a tudo que lhe ensinaram como a vontade de Deus. Mas, seria mesmo?”, provoca Silvia.

No intimista Espaço Abu, de apenas 40 lugares, a proximidade da plateia com a cena é um dos trunfos da montagem, segundo a diretora: “Assim como nas leituras, será possível criar uma maior cumplicidade e reforçar o clima de testemunho da personagem com os espectadores, todos transformados no Senhor Diretor”. Também a iluminação de José Henrique Moreira e a trilha incidental assinada por Yahn Wagner pontuam a história reforçando momentos importantes da trama.

SERVIÇO:

Temporada: de 04 de outubro a 10 de novembro

Sessões: sexta a domingo, às 20h

Ingressos na bilheteria e online: sympla.com.br

Classificação indicativa:  14 anos

Local: Espaço Abu Endereço (Av. Nossa Sra. de Copacabana, 249 – loja E – Copacabana)

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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