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Na Sua Pele – A Série Marked Man repete formula da saga Crepúsculo

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Imagino que vocês já tenham ouvido falar de algo chamado “A Jornada do Herói”, não? Também denominado de “Monomito”, este conceito, teorizado pelo escritor e mitologista Joseph Campbell, versa sobre um modelo comum de histórias que envolvem um herói que parte em uma aventura, é vitorioso e retorna para casa transformado. Ele está no cerne de personagens reais como Buda e Jesus Cristo e de personagens fictícios que, por exemplo, protagonizam grandes séries cinematográficas, vide “Star Wars”, “Harry Potter” e “O Senhor dos Anéis”. Aliás, dá para dizer que Hollywood replica esta fórmula há muito tempo e que sempre fomos felizes, mesmo, às vezes, não compreendendo bem a razão de tal felicidade. Escrevo isso por um simples motivo: filmes como Na Sua Pele – A Série Marked Man, dirigido pelo cineasta Nick Cassavetes, replicam outro tipo de fórmula, mais atual e bastante genérica. 

Na Sua Pele - A Série Marked Man

Adaptação de um romance de sucesso da autora norte-americana Jay Crownover, para ser preciso, o primeiro de seis livros de uma antologia batizada de “Homens Marcados”, Na Sua Pele – A Série Marked Man traz a história de um amor improvável. Rule, vivido por Chase Stokes, é um tatuador de espírito livre. Ele mora em um apartamento contíguo ao estúdio onde trabalha. Quando não está tatuando, frequenta bares com uma turma de homens e mulheres iguais a ele. Todos tatuadores. Já Shaw, interpretada por Sydney Taylor, é uma jovem rica, estudante universitária, estilo patricinha e que conhece Rule desde sempre. Ela era a melhor amiga do falecido irmão gêmeo dele. O que ninguém sabe, é que ela se apaixonou por Rule na primeira vez que o viu. Não é necessário ser gênio para adivinhar o que virá a seguir. Eles se envolverão romanticamente e enfrentarão diversos obstáculos. 

Filho de John Cassavetes, o chamado “pai do cinema independente americano”, e da atriz Gena Rowlands, o cineasta Nick Cassavetes tem uma carreira que já dura quase trinta anos e dez trabalhos de direção. Porém, a impressão que passa é a de que jamais deixaremos de olhá-lo apenas como herdeiro de quem é. Ele até começou muito bem. Seus dois filmes iniciais, De Bem com a Vida e Loucos de Amor, ambos lançados, respectivamente, em 1996 e 1997, fizeram muito sucesso na época. Pelo primeiro, sua mãe foi indicada ao Globo de Ouro. Pelo segundo, Sean Penn recebeu uma premiação por sua atuação no Festival de Cannes. Só que mesmo este sucesso inicial pode meio que ser atrelado ao pai, uma vez que John escreveu o roteiro da obra de 1997. Depois, a careira desceu ladeira abaixo. No entanto, se serve de consolo, uma das duas coisas boas de Na Sua Pele – A Série Marked Man, é o trabalho de direção de Nick, envolvente na medida certa. 

Um outro aspecto que funcionou bem é a química dos protagonistas. A partir da hora que eles começam a se envolver, temos diversas cenas, até o desfecho, que exalam sensualidade e paixão. Essas, com certeza, foram amplificadas e ressoam por meio das lentes voyeuristas do diretor, ainda que, em alguns instantes, flertem de forma bastante perigosa com alguma coisa tipo Cinquenta Tons de Cinza, de 2015, ou 365 dias, de 2020. Se eu acreditasse em intervenções sobrenaturais no cinema, diria que o que garantiu a tal da medida certa foi John soprando no ouvido do filho: “Nick, não faça isso, menos”.  O combo direção-química, obviamente, passa pelo duo cineasta-atores, mas não dá para colocar o talento na conta na hora de pesar o que fez ele funcionar, já que, o que vemos na tela em termos de interpretação não desperta suspiros de esperança quanto ao futuro, haja vista uma cena em que Taylor tenta seduzir Stokes. 

Quando escrevi lá atrás, no parágrafo inicial, sobre uma nova fórmula, atual e bastante genérica a serviço de Hollywood, eu estava me referindo a que envolve jovens bonitos e descolados com uma pitada de um amor improvável. Se em Na Sua Pele – A Série Marked Man, Rule, seu irmão mais velho, Rome, vivido por Alexander Ludwig, e toda a turma de tatuadores fossem vampiros; e se Shaw fosse a filha do xerife da cidade, tudo estaria no seu mais perfeito lugar. Sim, eu estou me referindo à saga “Crepúsculo”. Os tipos são os mesmos, as motivações para viver, amar e se divertir também. Troquem Denver por Forks, que vocês perdeberão que dá no mesmo. Duvidam? Então, não custa lembrar que “Cinquenta Tons de Cinza”, por exemplo, foi escrito inicialmente como uma fanfic – ficção de fã – de “Crepúsculo”. 

Desliguem os celulares. 

Bruno Giacobbo
Bruno Giacobbo
Um dos últimos românticos, vivo à procura de um lugar chamado Notting Hill, mas começo a desconfiar que ele só existe mesmo nos filmes e na imaginação dos grandes roteiristas. Acredito que o cinema brasileiro é o melhor do mundo e defendo que a Boca do Lixo foi a nossa Nova Hollywood. Apesar das agruras da vida, sou feliz como um italiano quando sabe que terá amor e vinho.

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