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Novocaine: À Prova de Dor é puro entretenimento

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Nem todo filme precisa ser revolucionário para se fazer indispensável, aqui e ali, aliás, na verdade, a maior parte dos filmes produzidos não duram em importância até o seu fechamento de ciclo, no fim de uma temporada. O que vai ficar conosco, ao fim de cada sessão, além de subjetivo, é impresso de situações específicas que nem seus autores podem supor. Os diretores de Novocaine: À Prova de Dor estão no seu quinto longa metragem em dez anos de carreira, e ainda não tinha conseguido emplacar uma produção marcante, que os diferencie dos demais na selva para conseguir ser alguém em Hollywood. Talvez continuem nesse lugar após esse aqui, mas durante as quase duas horas de seu novo filme, a diversão não pode reclamar de não dar as caras, quiçá mais que ela apareça por aqui. 

A trama do filme não deixa de ser uma ideia que já passou pela cabeça dos autores dos quadrinhos de X-Men ou de M. Night Shyamalan, quando concebeu Corpo Fechado – e que depois se tornaria uma trilogia. Um rapaz cresceu em uma espécie de redoma controlada por sua surreal condição, que é de não sentir dor, de nenhuma espécie. Logo quando apresenta seu estado para a co-protagonista, os diálogos são tão bons, elucidativos e esclarecedores quanto deveriam, sem perder qualquer teor de diversão. Nate é um cara que, apesar de tudo, leva a vida com alguma leveza, e isso o fez ainda mais resistente a uma existência onde durante uma refeição possa mastigar a própria língua e não sentir, ou morrer com a explosão da própria bexiga, ao não ser incomodado pela vontade de ir ao banheiro.

Esse ponto estabelecido, o filme parte do que estava se apresentando até então, e sai de um lastro da comédia com o romance surgindo com clareza, para uma espécie de rolo compressor envolvendo ação, violência e alguma sátira a esses dogmas que já vimos anteriormente. A comédia é a cola que une tudo, mas quando suas metas são apresentadas, Novocaine: À Prova de Dor não esquece delas por nada. O espectador segue nesse esquema de situações que, por mais absurdas que sejam, parecem surgir em um esquema que vai se esperando desde o primeiro tiro disparado. A adrenalina que o filme descarrega na imagem procura uma ideia de descontrole, como se não pudéssemos prever os próximos passos do roteiro. Nada é tão esperto e funcional assim, mas fica clara a intenção de monitorar assim. 

Em uma produção como essa, um elemento lógico que se espera brilhar é o tratamento dado à montagem, e ao encadeamento das ideias. Christian Wagner é o nome desse profissional, tarimbado em trabalhos exemplares, como Amor à Queima-RoupaA Outra Face, Chamas da Vingança, Invocação do Mal 3 e vários capítulos da série Velozes e Furiosos. Isso garante que Novocaine: À Prova de Dor tenha o que é preciso nesse caso, que é um ritmo incessante e até um pouco ‘despirocado’, quando necessário. A presença de Wagner nos valores de produção ajudam a manter uma outra característica que parece forte ao filme, que é essa influência direta dos filmes de ação dos anos 90 (ele inclusive montou o primeiro Os Bad Boys também), dando esse tom anárquico e algumas perseguições dignas de nos fazer recordar de seu período-foco. 

Ainda não consegui me convencer que o filho de Dennis Quaid e Meg Ryan, Jack Quaid, seja um novo astro que estamos precisando. Mas depois desse e de Acompanhante Perfeita, fica difícil não acreditar na vontade dos produtores de rotulá-lo como tal. Com diferença de pouco mais de um mês entre as duas estreias, o rapaz está fora dos padrões de muitas formas, e nem sei dizer se é a pessoa mais carismática da atualidade, mas é interessante a aposta em sua presença. Que ele não esteja sendo escalado para coisas tradicionais, e que sua presença em Novocaine: À Prova de Dor se aproxime muito das coisas que o pai fazia em sua idade (tipo um Viagem Insólita), isso provoca uma simpatia por suas escolhas e pela maneira como ele é usado dentro de produções cujo convite é para um embarque na direção do pouco usual. 

Na contramão dele, a mocinha Amber Midthunder, que esteve em O Predador: A Caçada de maneira surpreendente, é sim uma figura que queremos continuar a ver. Com carisma ininterrupto, e uma energia caótica que combina com o que o filme propõe, sua primeira interação efetiva, na cena da bebida de pimenta, já estabelece sua porção. O filme ganha com a interação entre eles, porque tenta casar dois atores e personagens que parecem funcionar em frequências distintas, mas que faz todo sentido estarem juntos. É uma adição e tanta a uma produção que poderia ser despretensiosa, mas que alcança um lugar de agilidade e espontaneidade que o assegura para ir além do passatempo. 

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