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Eu Sei O Que Vocês Fizeram No Verão Passado estabelece vínculo sólido com o primeiro filme

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Quantos filmes uma franquia precisa ter? Qual é o tamanho desse orçamento? Essa é uma lógica mercantilista, certamente, mas cinema não é só entretenimento, é negócio também. Agora, vamos analisar este ponto por outro prisma: a franquia em questão teve um filme de muito sucesso em 1997, outro de sucesso mediano em 1998, e mais tarde, em 2006, um terceiro capítulo completamente esquecível. Dito isto, ela parecia morta e enterrada, igual a alguns dos seus personagens. Aí eu faço uma nova pergunta: Qual é a necessidade de ressuscitar esta franquia 19 anos depois? Um amigo crítico, ontem, na pré-estreia de Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado, com direção de Jennifer Kaytin Robinson me deu a seguinte resposta: nostalgia pura e simples. Com certeza uma explicação um pouco menos mercantilista. Ainda assim, fui para a sessão com os dois pés atrás. 

Baseado no livro homônimo de Lois Duncan, lançado em 1973, este novo longa parte do mesmo ponto de partida da filme de 1997: no feriado de 4 de julho, durante os festejos da Independência dos Estados Unidos, na cidade costeira de Southport, na Carolina do Norte, os amigos Ava (Chase Sui Wonders), Danica (Madelyn Cline), Teddy (Tyriq Withers), Milo (Jonah Hauer-King) e Stevie (Sarah Pidgeon) se envolvem em um acidente com uma vítima. Só que em vez de prestarem socorro, tomados pelo pânico e com medo de terem todo o futuro que se descortina pela frente maculado, eles fogem e pactuam em nunca mais tocarem no assunto. No entanto, um ano depois, de volta à cidade, durante o chá de panela de Danica, recebem um bilhete anônimo com a enigmática mensagem: “Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado“. Ou seja, da pior maneira possível, eles descobrem que nem sempre o passado tem como ser esquecido. 

Este novo capítulo de Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado se conecta diretamente à história de 1997. Passados 28 anos, tudo está bem diferente. O chamado “Massacre de Southport”, apesar de ser considerado por alguns quase que como uma maldita lenda urbana, deixou sequelas. Na esteira dos nefastos acontecimentos, o lugar passou por um processo de gentifricação comandado pelo empresário Grant (Billy Campbell), o cidadão mais rico da cidade e pai de Teddy. Logo, quando os cinco amigos começam a serem perseguidos pela sombria figura do Pescador, tal qual os jovens do passado, as autoridades não demonstram qualquer boa vontade em tentar resolver o caso e, por consequência, atrapalhar a próspera indústria turística da religião. Então, desesperados, Ava, Danica, Teddy, Milo e Stevie recorrem à relutante ajuda dos dois únicos sobreviventes de 1997: Ray (Freddie Prinze Jr.) e Julie (Jennifer Lowe Hewitt). 

Aliás, optar pelo retorno de dois dois protagonistas do longa-metragem original foi uma das melhores decisões da produção e da diretora Robinson. Já que não se trata de um reboot, Ray e Julie conferem unidade e estabelecem um vínculo sólido entre as tramas de 1997 e de 2025. Essa unidade era necessária, uma vez que a nova história não possui um elemento sobrenatural capaz de explicar a volta de um personagem falecido – o Pescador. Em paralelo, com a melhoria dos efeitos práticos, o filme é bem mais sanguinolento do que o original, sem atrapalhar, claro, a bem-vinda aura oitentista da franquia. Para os amantes dos slashers, as cenas gores com membros cortados, tripas e sangue jorrando, estão lá. Um a um, os jovens vão sendo ceifados. A questão toda é saber quem sobreviverá. E em caso de sucesso de bilheteria, a velha lógica mercantilista está de volta, afinal, sabermos quem estará no próximo Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado

Eu não sei quanto a vocês, mas toda vez que vejo um filme deste tipo, mais do que querer descobrir quem é o assassino, fico curioso em saber se as motivações do mesmo fazem sentido. Confesso que, lá pelas tantas, em algum momento, já tinha adivinhado metade do desfecho. Talvez adivinhar não seja a melhor palavra, porque a história fornece pistas e dá para conectá-las. Uma dica: a subtrama da gentifricação, bem inserida no roteiro pelos autores desse, a diretora Robinson e o jornalista Sam Lansky, pode ajudar o público a chegar, ao menos, a  conclusão parcial que eu cheguei. É verdade que essa justificativa poderia ter sido um pouquinho mais desenvolvida, mas isso, nem de longe, chega a ser um problema. 

Lembram dos dois pés atrás que falei lá no comecinho da crítica? Então, foi bom ter entrado na sessão com baixa expectativa. O que encontrei neste novo capítulo de Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado foi uma lufada de frescor. Achar que franquias devem se basear apenas no poder da nostalgia pura e simples, é meramente condicionar os filmes a tal lógica mercantilista. Pode agradar aos novos fãs, mas é privar os velhos de novas experiências. Em tempo: na minha cena favorita, a direção faz um leve aceno à obra de David Lynch e traz de volta, em uma participação especial, uma outra personagem de 1997.

Desliguem os celulares e ótima diversão.

Bruno Giacobbo
Bruno Giacobbo
Um dos últimos românticos, vivo à procura de um lugar chamado Notting Hill, mas começo a desconfiar que ele só existe mesmo nos filmes e na imaginação dos grandes roteiristas. Acredito que o cinema brasileiro é o melhor do mundo e defendo que a Boca do Lixo foi a nossa Nova Hollywood. Apesar das agruras da vida, sou feliz como um italiano quando sabe que terá amor e vinho.

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