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“O Pequeno Cientista Preto” aborda a ciência ancestral 

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Foi brincando no quintal de sua avó, em meio a muitas plantas e ervas que Zuni, um menino muito curioso, passou a sonhar em ser cientista. Observando sua avó Zilda colher as folhas para tomar seus banhos, fazer chás, temperos e vários experimentos, Zuni a vê como uma grande cientista, com quem aprende o poder das ervas e plantas medicinais. Acompanhado de Kito, seu amigo imaginário inseparável, Zuni resolve viajar na sua máquina do tempo e, nessa trajetória, encontra referenciais negros brasileiros. Assim vai se desenvolvendo a história do espetáculo inédito “O Pequeno Cientista Preto”.

A inspiração da peça veio um tanto da vivência de Junior, mas também de sua observação sobre o mundo. Para o autor e ator, “O Pequeno Cientista Preto” nasce do desejo de falar de ciência de uma forma que nem sempre aparece nos livros, que é a ciência ancestral. E assim, mostrar para as crianças que a ciência não está apenas nos laboratórios, mas também no conhecimento que vem dos mais velhos. “Tem uma frase no texto que eu gosto muito e resume tudo: ‘antes de existir o hospital, já existia o quintal’… E as ervas têm um papel central nisso. Muitas vieram do continente africano e trazem saberes que atravessaram gerações. Por isso Zuni olha para a sua avó como uma verdadeira cientista, porque ela conhece tudo sobre ervas — as que servem para banhos, chás, para benzer, para cuidar do cabelo, para curar machucado, para aliviar resfriado…”, adianta o autor.

Usando os conhecimentos de seus mais velhos e da natureza para apresentar a história, cultura e ancestralidade afro-brasileira, Zuni é a representação de muitas crianças que cresceram em quintais e descobriram, através deles, um mundo de possibilidades, como o próprio autor da montagem. “Fui uma criança muito curiosa que passava muito tempo na rua e no quintal. Cresci em Ipueira, no interior do Rio Grande do Norte, e gostava de brincar de plantar e inventar experiências. Minhas avós tinham quintais cheios de plantas e ervas e, com elas, faziam chás, remédios e outras coisas que aprenderam com os mais velhos. Eu quis trazer essa herança para mostrar em cena que esse saber é ciência, é cuidado, é ancestralidade. E falar disso com as crianças é fundamental, porque são elas que vão levar adiante essa sabedoria”, acredita Junior Dantas.

Fruto de uma boa safra de alunos do Teatro Tablado, a diretora Débora Lamm realiza, com este trabalho, a sua terceira direção de um espetáculo para crianças. “O teatro infantil foi minha escola, sou ‘tabladiana’ e aprendi a profissão no palco daquele teatro, encenando as peças da Maria Clara Machado. Teatro pra criança é formação de plateia. O público é muito direto e sincero no exercício de estar ali presente. O teatro infantil, dentro de sua maior potência, une pessoas de todas as idades e não subestima ninguém”, acredita Débora, parceira de Junior no teatro há 16 anos. “Fizemos muitas peças juntos, dentro e fora da Cia OmondÉ. Junior também já foi algumas vezes meu assistente de direção e essa é a segunda vez que o dirijo, nossas estradas se misturam há tempos. Essa parceria continua, ainda vamos dividir muitas histórias”, planeja.

Aliás, a estreia do espetáculo tem um sabor mais que especial, porque acontece em paralelo ao lançamento do livro “O Pequeno Cientista Preto”, da Editora PeraBook. “É a primeira vez que vivo isso e é uma experiência muito rica: no palco, a história acontece de forma viva, com movimento, música e interação com o público. Já no livro, cada criança pode explorar a narrativa no seu próprio ritmo, revisitar os detalhes, se encantar com as ilustrações incríveis da Flávia Borges e mergulhar na imaginação. Cada formato cumpre um papel diferente, mas se complementam. E estrear os dois juntos é uma alegria enorme, porque amplia o alcance da história”, vibra Junior, também autor e protagonista da trilogia que começou com “O Pequeno Príncipe Preto” e “O Pequeno Herói Preto“.

Já tendo sido um príncipe e um herói preto nos palcos, dentre tudo que tem vivido nas peças para crianças, Junior Dantas destaca a reação delas como algo que o entusiasma a seguir criando novas histórias. “Esse caminho do teatro para as infâncias já faz parte de mim, eu não consigo me imaginar parando por aqui, até porque é muito forte perceber a reação das crianças quando elas se encontram nesses personagens. É uma maneira de afirmar a importância da representatividade, de ampliar o imaginário e de mostrar para as crianças negras que elas podem se ver nesses lugares simbólicos. Quando isso acontece, o brilho no olhar é imediato. É como se dissessem: ‘Ah, então eu também posso ser’. Elas se reconhecem como alguém que pode sonhar alto, ocupar espaços e acreditar que sua história também merece ser contada. É a prova de que o imaginário também constrói futuros”, encerra o autor.

SERVIÇO Temporada: 1º a 30 de novembro de 2025 / Horário: Sábados e domingos às 16h / Sextas-feiras 07, 14 e 28/11, às 11h e 15h (sessões extras para escolas e instituições) Local: Sesc Tijuca Endereço: Rua Barão de Mesquita, 539 – Tijuca / Ingressos na bilheteria – Horário de funcionamento: Terça a sexta-feira – das 7h às 19h30; Sábados, das 9h às 19h; Domingos das 9h às 18h / Classificação Indicativa: Livre

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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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