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O cinema de Pedro Almodóvar

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Os traços marcantes de Almodóvar em suas obras.

Por João Victor Ferreira

Pedro Almodóvar Caballero é um dos nomes mais conhecidos do cinema internacional contemporâneo. Seja pela estilização, abordagem dos temas ou referências que acumulou, não há dúvida que Almodóvar conseguiu romper a barreira da língua espanhola, alçando seus voos por todo o mundo.

Nascido em Calzada de Calatrava, na província de Ciudad Real, o cineasta que na última sexta-feira (25) completaou seus 71 anos e mais de 22 filmes (entre longas-metragens, curtas e participações em outros projetos), apresenta diversos elementos muito característicos dentro da estética que construiu.

Há uma relação de histeria associada ao ofício artístico. A maioria dos personagens de Almodóvar são artistas e, em sua grande maioria, cineastas – sendo uma espécie de espelho do diretor. Eles não só trabalham com a arte em si, mas também personificam a variância psicológica do ofício, assim todos os personagens “artísticos” estão à beira de um ataque de nervos, sejam em momentos de transição ou em contraste com a personalidade obsessiva.

Outro elemento gritante em seus filmes é a parte visual, com o uso de cores vivas e saturadas. Almodóvar também lida com o tema da Igreja Católica, parte pela riqueza que ele explora esse tipo de personagens, parte pelo empirismo que ele adquiriu ao longo da vida, depois de passar por um convento, quando pequeno. Interessante mesmo é como ele escolhe representar esse tipo de instituição, ressaltando sempre o lado humano e falho, em contraste com a visão de pureza e santidade.

Além disso, o diretor passa muito pela corrente filosófica do moralismo. Almodóvar constrói personagens com desejos, ânsias e pulsões. Eles são falhos, moralmente equivocados e até desprezíveis, mas acima de tudo humanos, por conta desses contrastes.

O aspecto mais representativo desse moralismo de Almodóvar é a valorização e respeito com relação a sexualidade de seus personagens. Assim como Nelson Rodrigues, Pedro Almodóvar não esconde as pulsões de seus protagonistas, inclusive fazendo com que suas histórias se baseiem nessa busca sexual ou, no mínimo, toquem nessa questão, deixando-os mais humanos e carnais.

Dito isso, seguem 10 indicações de filmes de Pedro Almodóvar, para melhor conhecer a carreira do grande diretor espanhol:

Almodóvar Entre Tinieblas (Maus Hábitos, 1983)
Yolanda Bell (Christine Sanchéz) é uma jovem cantora de Bolero que leva uma vida cheia de drogas e controvérsias. Em um de seus shows, ela descobre o fanatismo da Madre Jullia (Julieta Serrano), líder do convento de freiras, que é apaixonada pelo talento de Yolanda. Com a morte de seu namorado, Yolanda busca refúgio no convento.

A representação da Igreja Católica, em uma ótica moralista e distinta do senso comum, já é presente na própria sinopse do filme. Almodóvar aqui apresenta um tom irônico e satírico ao representar esse universo do convento, com freiras que se apelidam a partir de vícios ou falhas particulares de cada uma.

Um dos maiores ganhos que esse filme tem, ainda mais nos anos 80, é a coragem ao tocar nesse tema religioso, em contraponto com a condição pecaminosa do ser humano. Em contraste com freiras de outro convento mais tradicional, percebemos que as freiras da Madre Superiora são pessoas melhores, pelo simples fato de não tentarem interpretar o papel de santas.

O aspecto humano é o mais perceptível ao vermos o dia a dia desse convento. Mesmo que servindo a um propósito puro e socialmente aceitável, cada uma das freiras se permite a um vício ou, em outras palavras, um pecado. Ler romances sensuais, usar drogas, se relacionar com o padre do convento. Há uma espécie de penitência dentro desses vícios que elas alimentam, como se fosse a autoafirmação de sua natureza pecaminosa, obrigando-as a assumir o fardo da humildade.

AlmodóvarLa Ley del Deseo (A Lei do Desejo, 1987)
Pablo Quintero (Eusebio Ponceia) é um diretor de cinema que vive seus momentos de criação histéricos, junto a diversos amantes. Ele encontra Antonio Benitez (Antonio Banderas), com quem passa uma noite. Logo ele descobre o lado possessivo de Antonio, uma vez que ele começa a invadir toda sua vida.

O elemento mais aparente no filme é a histeria artística de Pablo, sendo um diretor de cinema que não entende muito bem onde se coloca no mundo. Essa confusão passa inclusive por sua vida sexual, de modo que mesmo que queira, Pablo não consegue firmar raízes em um relacionamento com alguém, escolhendo experiências rápidas e efêmeras. Suas aventuras sexuais se tornam histórias em seus filmes, além de seu individual motivo de penitência.

A ótica moralista é que leva maior destaque nesse filme, tanto nas ambiguidades e pulsões de Pablo, mas principalmente no personagem de Antonio Banderas. Um homem ambicioso e possessivo que antes via Pablo como a diversão de uma noite e rapidamente começa a ocupar todas as esferas de sua vida: família, relacionamentos e etc.

A personalidade de dominância de Antônio passa pelo seu traço ganancioso, algo que é constantemente reforçado em tela, pela predominância da cor verde em seu vestuário (cor que denota ganância). Não só no vestuário, mas a composição de cores do ambiente reforça os conflitos internos de Pablo, assim como o calor enervante de Madri.

Almodóvar Mujeres al Borde de un Ataque de Nervios (Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos, 1988)
Pepa (Carmen Maura) é uma atriz de TV que foi deixada por seu amante. Não conformada, ela tenta entrar em contato com sua esposa que também não sabe do seu paradeiro. Junto a isso, sua amiga Candela (María Barranco) se preocupa ao achar que está sendo perseguida pela polícia, por conta de seu namorado terrorista.

Em Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos, o fator sexual aqui vai muito além do carnal, que também serve como elemento moralista que embasa todas as atitudes histéricas, desesperadas e passionais de suas protagonistas.

Seja por Pepa que não consegue se manter estável em sua carreira promissora de atriz, ou ainda Lucia (Julieta Serrano) que, depois de descobrir a natureza adúltera de seu marido, causa boa parte das reviravoltas da trama. Candela, de forma análoga, perde o chão e a racionalidade após descobrir que o seu amor está envolvido com ações nefastas.

O filme é hiper-realista, a fim de cumprir com o estilo do melodrama, se fazendo valer de situações absurdas e não usuais que exploram a psique de seus personagens. Ainda assim, tudo que acontece é crível, visto que todos estão à beira de um ataque de nervos e extremamente suscetíveis a aceitarem qualquer tipo de aleatoriedade das situações.

As cores são muito significativas para criar o contraste de conflitos existentes em cena, compondo não só o cenário do apartamento de Pepa, como também a psique dos personagens principais.

¡Átame! (Ata-me, 1990)
Ricky (Antonio Banderas) é um jovem problemático que foge de uma clínica psiquiátrica com o intuito de conquistar o coração da atriz Marina (Victoria Abril). O problema é que, para conseguir isso, de fato, ele decide que a melhor opção é sequestrá-la e mantê-la como refém, em seu próprio apartamento.

Esse é uma espécie de “Almodóvar completo”. Há tudo que coroa o diretor, em menos de duas horas. A começar pela personagem Marina, uma atriz de cinema de horror, em busca de uma nova voz artística. Ela representa o fator histérico da arte, reclusa em seus pensamentos e ainda sofrendo um assédio irreparável do seu diretor. Aliás, histeria essa que também passa ao personagem de Antonio Banderas, como um jovem obcecado pela fantasia que criou de Marina, a ponto de achar plausível convencê-la de sua paixão.

As cores saturadas nesses ambientes ajudam ainda mais na hora de compor esse espaço cheio de contradições e ambiguidades: o mesmo espaço das paixões, também é ambiente de possessão e aprisionamento. Isso fica bem claro no contraste das cores entre o apartamento de Marina – mais neutro e acinzentado –, e o apartamento vizinho, onde o amor de ambos começa a florescer, com cores mais fortes e quentes.

Além disso, o elemento sexual é a espinha dorsal do filme. Temos Ricky que guarda consigo uma energia sexual avassaladora em relação a Marina, contrastando com a austeridade e passividade da atriz que não corresponde o sentimento, em um primeiro momento do filme.

É no decorrer da trama que o diretor mostra as nuances dos seus personagens, no momento em que escolhe por abordar essa relação da forma mais moralista possível. O resultado é uma relação simbiótica (e até um tanto problemática), mas ainda assim extremamente crível e humana.

Carne Trémula (Carne Trêmula, 1997)
No ano de 1970, em Madrid, Isabel (Penélope Cruz), uma jovem prostituta, dá à luz ao seu filho no meio de um ônibus, durante a celebração do Réveillon. Vinte anos depois, Victor (Liberto Rabal), começando a sua vida adulta, vai ao encontro de Elena (Francesca Neri), uma jovem que conhecera dias antes.

Carne Trémula é outro exemplo do melodrama clássico de Almodóvar. O filme que oscila constantemente entre a ousadia da direção, com o mais puro formalismo técnico traz intepretações magistrais de Javier Bardem e Liberto Rabal. Aliás,o filme inteiro parte da esfera sexual de todos os personagens envolvidos na trama. Todavia, tudo gira em torno do personagem de Victor, sendo o que mais tem objetivos e desejos em todo o filme.

É muito interessante observar como as ações do protagonista desse filme afetaram diretamente a vida de todos os outros que passivamente melhoram sua condição, enquanto Victor permanece sedento de sua vontade reprimida.

Carne Trémula é um dos filmes que mais se aproxima do que seria um conto de Nelson Rodrigues. Há tudo aqui: traição, adultério, relações extramatrimoniais. Tudo isso fazendo parte da reverberação das escolas de Victor, no início do filme.

A paleta de cores quentes reforça tanto o ambiente calorento de Madri, como ainda a natureza enervante da sexualidade dos personagens. O exemplo mais representativo é a escolha de roupas de Javier Bardem que usa predominantemente a cor vermelha, indicando seu aspecto extremamente passional e violento.

AlmodóvarTodo Sobre Mi Madre (Tudo Sobre a Minha Mãe, 1999)
Depois de uma noite no teatro, Manuela (Cecilia Roth) passa pela situação traumática de ver seu filho ser atropelado e morto, enquanto tenta conseguir o autógrafo da atriz da peça. Tendo que voltar para sua cidade natal, Manuela divide seu luto com diversas mulheres que mudam sua vida, sua história e suas perspectivas.

Esse filme, talvez, seja a obra prima de Almodóvar! Todos os elementos que o consagraram estão aqui, inclusive dando a ele o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. O primeiro plano do filme já demonstra isso com o contraste de cores do apartamento de Manuela, em paralelo com os conflitos que já existem entre ela e o filho: o amor incondicional de uma mãe super protetora que precisa usar da mentira e omissão para educar seu único filho.

O elemento histérico do artista é mais contido no personagem Esteban (Eloy Azorín), filho de Manuela, que sonha em ser escritor de teatro. Ele concebe a falta da figura paterna em sua vida e confronta sua mãe com essa informação. Ironicamente, cumprindo uma promessa de aniversário, que Manuela perde seu filho.

A sexualidade é tema chave em Tudo Sobre a Minha Mãe, não de uma forma mais aparente, mas sim como o fio condutor que entrelaça todas as histórias. O fator sexual aqui é um traço importante da personalidade dos personagens, inclusive servindo de mecanismo de roteiro para a mentira que Manuela carrega acerca do parentesco de Lola (Toni Caletó), um transexual, pai do seu filho.

O moralismo filosófico é parte da espinha dorsal do filme, principalmente a partir do segundo ato, quando Manuela volta a sua cidade natal. O filme toca em temas como prostituição, consumo de drogas, sexualidade, sem o menor pudor. Isso traz uma verdade, certamente, humana para o filme. Assim, nós observamos essas figuras trágicas como passíveis de redenção.

Incrivelmente Almodóvar também consegue assimilar o tema da Igreja Católica, de forma muito orgânica, pelo personagem da Irmã Maria (Penélope Cruz), uma jovem de classe média alta que larga todos os seus privilégios para cuidar dos que precisam. A natureza solícita e bondosa de Maria contrasta com os desejos e pecados que ela comete, transformando-a em uma figura de humildade e boa-venturança.

Hable con Ella (Fale com Ela, 2002)
Benigno (Javier Cámara) é um enfermeiro dedicado, porém solitário, que ama platonicamente Alicia (Leonor Watling), uma dançarina de balé. Quando Alicia entra em coma, depois de um acidente de carro, Benigno se torna seu enfermeiro. É no hospital que, aliás, ele também conhece seu melhor amigo Marco (Darío Grandinetti) que também cuida de sua mulher Lydia (Rosario Flores).

Benigno é um homem que teve sua vida mantendo completamente reprimido qualquer tipo de desejo sexual. Por apresentar uma natureza altruísta e reclusa, ele nunca se deu ao pecado da luxúria. Ele começa a se apaixonar platonicamente por Alice ao observá-la constantemente da janela de seu apartamento, construindo sua obsessão. Esse fator sexual é o mais aparente do filme, principalmente depois que Benigno precisa cuidar da bailarina acidentada.

Fale com Ela deu ao diretor a estatueta de Melhor Roteiro Original e não é à toa. A camada moralista que balanceia as escolhas éticas de Benigno cria um senso conflituoso da nossa relação para com o protagonista: até que ponto o amor incondicional é justificativo para qualquer ato? Essa contradição de um personagem moralmente bom ser capaz de atitudes perversas, toca intimamente na condição ambígua do que é ser humano.

 La Mala Educación (Má Educação, 2004)
Angel (Gael García Bernal) é amigo de longa data do cineasta Enrique Goded (Fele Martínez). Depois de anos sem se ver, Angel entrega um roteiro ao diretor, baseado na adolescência que viveram juntos em um convento católico.

O elemento sexual é o mais latente na vida de Angel e Enrique, inclusive como combustível criativo que faz os dois se reencontrarem. A repressão sexual vivida por Angel mexe em todos os âmbitos de sua vida, inclusive artístico e profissional, algo que liga também com a personalidade histérica que carrega.

Essa personalidade histérica é característica de ambos os personagens, sendo um traço de sua arte. Isso é mais latente em Enrique que percebe toda a sua vida profissional mudar de foco, ao surgir esse roteiro na sua frente que o faz lembrar de diversos momentos passados. Angel também compartilha desse sentimento, dentro da confusão artística que cria, culminando com o seu ofício de ator que pede um papel para Enrique.

A Igreja Católica é tratada aqui da forma mais moralista possível, sendo um dos filmes mais passíveis de crítica à instituição religiosa que o diretor fez. A figura do Padre Manolo é envolta em controvérsias, de modo que todos no filme estão lidando com as consequências de ações passadas que o envolvem. Tudo isso muda de ótica, no final dessa história, quando Manolo volta para “acertar as contas” com seu passado.

Volver (2005)
Depois de ter conhecimento da morte de sua tia, Raimunda (Penélope Cruz), sua filha Paula (Yohanna Cobo) e sua irmã Sole (Lola Dueñas) voltam a sua cidade natal, no interior da Espanha. Tudo muda quando o fantasma de sua mãe Irene (Carmen Maura) volta dos mortos, a fim de resolver algumas questões do passado.

As cores desse filme podem ser talvez as mais bonitas dos filmes de Almodóvar. Há uma complementaridade entre as vestimentas de Raimunda e Paula, mãe e filha, demonstrando a sincronia do momento em que estão na vida. Raimunda usa muito vermelho, denotando que mesmo vivendo uma vida complicada e sofrida, sua paixão e determinação não cessam, de modo que ela é capaz de tudo para proteger os seus, inclusive se usar da violência.

A sexualidade de Raimunda e Sole, mesmo que não aparentes e explícitas, serve muito mais como subtexto que complementa a construção de personagem de ambas. Mesmo não sendo o assunto principal a ser discutido, essa é a espinha dorsal que inclusive é discutida pelas filhas que conseguem ver sua mãe, depois de tanto tempo.

A desconstrução do papel materno que acontece principalmente na segunda metade do filme, entra em conflito imediato com a imagem que as filhas tinham de sua mãe morta. Essa dualidade é representada inclusive na maternidade de Raimunda, que tentava criar sua filha do jeito que enxergava sua falecida mãe.

No fim das contas é interessante observar que mesmo fugindo dos fantasmas do passado, certas coisas acabam se repetindo e voltando, e voltando. Esse conceito moralista permeia o filme inteiro, como parte da condição humana.

Dolor y Gloria (Dor e Glória, 2019) 
Salvador Mallo (Antônio Banderas) é um cineasta em um declínio criativo que passa a relembrar da sua vida, como tentativa de curar seu presente. Ele retorna para Valência, onde nasceu e cresceu, além de lembrar vividamente dos seus primeiros amores, seus primeiros desejos e sua primeira paixão madura, em Madrid.

Confira a critica do filme!

Almodóvar aqui faz não só uma autoanálise sobre sua vida, mas também por toda a sua filmografia, passando de forma natural por todos os elementos que o consagraram. O mais óbvio é a relação que ele apresenta com a arte, como um todo, refletindo sua carreira na filmografia do diretor Salvador. Há uma dinâmica de espelhos aqui. Todas as neuroses da histeria criativa de Salvador o levam para essa viagem ao passado.

As cores vivas e saturadas servem aqui não só para caracterizar o personagem principal – com uma indumentária clássica do próprio Almodóvar – quanto para situar cronologicamente a passagem de tempo nos flashbacks de Salvador, ao longo de diferentes décadas: 1970, 1980, 1990 e etc.

A Igreja Católica também ganha espaço aqui. Em detrimento da sua condição paupérrima, Salvador é obrigado a estudar em uma escola interna católica, depois de ganhar uma bolsa. Almodóvar aqui não mede suas críticas à instituição religiosa que podava seu senso artístico, mesmo que lide com ela de forma carinhosa, reconhecendo as oportunidades que o personagem teve.

No fim das contas, é o elemento sexual que mais ganha destaque no filme. Como uma forma de Almodóvar voltar às raízes, vemos em Salvador essa natureza de busca sexual incessante, transitando entre diversos casos, com diferentes pessoas, ao longo dos anos. Aliás, esse fator sexual não só importa para a construção do personagem, como também parece ser parte da sua inspiração artística, como diretor, afetando todos os lados de sua vida e de sua obra.

Tudo isso entra em conflito em uma autoanálise muito sincera e consciente do percurso biográfico que segue, sem nunca omitir traços importantes da vida de Salvador. Na verdade, são as contradições que tornam o personagem, certamente, cheio de nuances.

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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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