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De 1970 até 2019, 50 filmes de terror em 50 anos de história

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50 filmes de terror para um dos 50 anos do gênero no cinema.

Por João Victor Ferreira
Outubro é sabidamente conhecido como o mês do horror, muito por conta do feriado americano do Halloween, no dia 31. Aliás, basta lembrar que esse é o mês que grande parte dos filmes de terror costumam ser lançados, mas o que seria um filme de terror?

Um grande amigo já disse que “filme de terror precisa aterrorizar”. Por mais que seja óbvio, esse é, de longe, o melhor conceito pro gênero. O horror precisa causar o afeto de horrorizar o público, independente da ferramenta que use. Existem, no geral, três níveis em que esse afeto é entregue nas grandes telas.

Ele pode ser entregue por meio da repulsa, quando algo gera aflição, nojo ou ojeriza. Também pode se usar do horror, quando começamos a “brincar” com o mundo fantástico, fazendo “surgir” seres ou objetos que não pertencem – ou não deveriam pertencer – ao mundo real ou físico. Por último, aparece a ferramenta do terror, quando a narrativa já adentrou tanto no psicológico do público, que uma simples sugestão é capaz de trazer à tona o afeto do medo.

Não só isso, mas o cinema de terror evoluiu muito de uns anos para cá, passando por diversos subgêneros e diferentes propostas a depender do país em que foi feito, ou a época em que foi produzido. É pensando nisso, que escolhemos 50 filmes de terror para um dos 50 anos do gênero no cinema: desde 1970 até 2019.

Só existem duas regras aqui: Apenas um filme por ano! Além de tentar ao máximo abarcar as mais diversas propostas, dos mais diversos subgêneros, dos mais diversos países possíveis. Ao final dessa jornada, muitos medos serão trazidos à tona. Então, prepare o psicológico para os muitos sustos que estão por vir.

1970 – O DESPERTAR DA BESTA (OU RITUAL DOS SÁDICOS)
José Mojica Martins lida com o tema da morte e deterioração do corpo humano, enquanto mescla os temas do filme entre pulsões eróticas e juízos morais. Tudo isso combinado a uma estética única que representa, em tela, o horror visto com uma edição frenética e o uso do som descontinuado com a imagem, por exemplo.

1971 – BANHO DE SANGUE (ECOLOGIA DEL DELITTO)
Mario Bava começa a ditar as regras do que seria o subgênero italiano de terror, conhecido como giallo, o pai do slasher americano (filmes de serial killer). Aliás, Banho de sangue reúne violência, sexo e uma trama bem Agatha Christie.

1972 – IRMÃS DIABÓLICAS (SISTERS)
Sexto filme de Brian de Palma é uma carta de amor aberta ao cinema de Alfred Hitchcock. Com trilha sonora de Bernard Hermann, que permite um voyeurismo exacerbado, o filme bebe da fonte de Hitchcock. Em Irmãs Diabólicas, o grande diferencial do filme é a capacidade de causar horror em apenas uma imagem.

terror1973 – O EXORCISTA (THE EXORCIST)
William Peter Blatty, escritor do livro homônimo, recebeu o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado. O Exorcista foi o primeiro filme de horror a concorrer na categoria de Melhor Filme, aliás, talvez seja o melhor filme de possessão demoníaca, tudo na conta de William Friedkin.

1974 – O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA (THE TEXAS CHAINSAW MASSACRE)
Tobe Hopper e mais uns colegas vão para o meio do Texas, durante o verão, para filmar o que seria o embrião dos filmes de serial killer. O massacre da Serra Elétrica é um filme independente, realizado com a mais bela criatividade.

terror1975 – TUBARÃO (JAWS)
Esse é o famoso filme que te tira da praia por alguns dias, definitivamente! Steven Spielberg usa a direção da melhor forma para manipular a aflição do público, surpreendentemente, com a criatura monstruosa escassas vezes, no decorrer do filme.

1976 – A PROFECIA (THE OMEN)
O que acontece quando você descobre que seu filho foi trocado na maternidade e é ninguém mais, ninguém menos, que o Anticristo?  Bom, Richard Donner vai te responder essa questão. Nem só de ‘fell good movies’ vive um diretor.

1977 – SUSPIRIA
Culminação do subgênero italiano giallo com uma fotografia em neon, com cores hipnóticas e saturadas e a típica história de bruxaria. Aqui, o mestre italiano Dario Argento dá início a sua ‘trilogia das mães’.

1978 – HALLOWEEN, A NOITE DO TERROR (HALOWEEN)
Sem dúvida, a bíblia do subgênero slasher! Talvez o serial killer mais icônico e imparável do cinema. Michael Myers é definido por John Carpenter no auge com uma trilha sonora enervante.

1979 – ALIEN, O OITAVO PASSAGEIRO (ALIEN)
O famoso terror espacial com um dos monstros mais icônicos do cinema: o xenomorfo, usa do jogo de “gato e rato” no meio de uma nave, além disso, é um dos primeiros blockbusters protagonizado por uma atriz, ‎Sigourney Weaver. É, justamente, isso que Ridley Scott tem a oferecer!

terror1980 – O ILUMINADO (THE SHINING)
Stanley Kubrick oferece um terror psicológico de primeira! tratando o isolamento e desconfiança dentro da própria família, o filme traz uma interpretação antológica de Jack Nicholson! Resultado: um terror executado por um gênio.

1981 – UM LOBISOMEN AMERICANO EM LONDRES (AN AMERICAN WEREWOLF IN LONDON)
Primeiro Oscar de Maquiagem da história. A maldição do lobisomem é posta em contraste com os problemas pessoais de um jovem. John Landis executa o melhor filme do monstro peludo da lua cheia.

1982 – O ENIGMA DE OUTRO MUNDO (THE THING)
John Carpenter dá sua cara ao terror cósmico com trilha sonora de Morricone e efeitos práticos viscerais. O Enigma de Outro Mundo é um filme sobre paranoia com os outros e consigo mesmo. O ambiente gelado é, de fato, o mais aterrorizante possível.

1983 – VIDEODROME, A SÍNDROME DO VÍDEO (VIDEODROME)
David Cronenberg usa da sua escatologia para criticar a simbiose humana com as máquinas, com uma estética única que junta sexo e violência.

1984 – A HORA DO PESADELO (A NIGHTMARE ON ELM STREET)
O que é mais perigoso do que um serial killer? Um serial killer que te ataca, enquanto você dorme. O assassino (icônico) é o protagonista deste filme que destoa o padrão de vítimas inofensivas. Wes Craven reformula o Slasher!

1985 – DIA DOS MORTOS (DAY OF THE DEAD)
Como revolucionar o subgênero que você mesmo eternizou? Bom, George Romero sabe responder essa questão! Por mais que não seja um dos seus filmes de zumbi mais conhecidos, há aqui um teor satírico e debochado que critica os costumes da sociedade americana, em paralelo com o comportamento dos monstros. Não só isso, é o primeiro filme que vemos um zumbi que fala!

1986 – DO ALÉM (FROM BEYOND)
Horror cósmico de outras dimensões, Stuart Gordon volta para o universo de Lovecraft, depois de Re-Animator (1985), invertendo o papel e dando protagonismo para Bárbara Crampton. Maquiagem extremamente perturbadora nos monstros.

1987 – UMA NOITE ALUCINANTE 2 (EVIL DEAD 2)
Sam Raimi retorna à cabana, a fim de filmar um remake do seu primeiro filme. Qual a grande diferença? Agora temos dinheiro para maquiagens mais elaboradas! Tudo isso somado a uma história muito mais debochada e sarcástica.

terror1988 – BRINQUEDO ASSASSINO (CHILD’S PLAY)
Depois de uma década regada a filmes do subgênero Slasher, como reinventar a imagem do assassino? Tom Holland traz o primeiro filme do Chucky. Um filme tenso, imprevisível e macabro. Chucky é fofo e ao mesmo tempo implacável. Hoje pode parecer bobo, mas quem imaginaria um assassino no corpo de um boneco?

1989 – CEMITÉRIO MALDITO (PET SEMATARY)
Baseado no romance mais ‘maldito’ de Stephen King traz morte de animais de estimação e de criança. Aliás, esse filme definitivamente não é para um público com estômago fraco. Ainda assim, traz uma boa discussão sobre o maior medo humano: a morte.

1990 – O ATAQUE DOS VERMES MALDITOS (TREMORS)
No interior dos EUA, no deserto, um casal de pesquisadores de um lado e dois amigos aventureiros do outro, uma combinação perfeita para criar um excelente plano de fundo para monstros carnívoros no subsolo.

1991 – SILÊNCIO DOS INOCENTES (SILENCE OF THE LAMBS)
Depois da galhofa sanguinária dos anos 80, o tom muda nas produções dos anos 90. Um filme mais policial, com devidas doses de suspense que traz Anthony Hopkins, com sua intepretação vencedora de Oscar, é quem nos traz doses de terror.

1992 – DRÁCULA DE BRAM STOKER (BRAM STOKER’S DRACULA)
Talvez a melhor adaptação do livro clássico de Stoker para os cinemas. Francis Ford Coppola capta a luxúria por trás da maldição vampiresca, além de entregar novas camadas ao monstro principal.

1993 – CRONOS
Vampiros mexicanos! O início da carreira de Guillermo del Toro só poderia ter sido com um filme de terror. Excelente dualidade no conceito da maldição vampiresca: o que para alguns é uma prisão, para outros pode ser a esperança de salvação.

1994 – ENTREVISTA COM O VAMPIRO (INTERVIEW WITH THE VAMPIRE)
Com uma narrativa em flashback, confluindo com o título do filme, Entrevista com o Vampiro traz Tom Cruise e Brad Pitt como duas faces de uma mesma moeda, no que diz respeito à imagem que tem sobre à maldição vampiresca.

1995 – A EXPERIÊNCIA (SPECIES)
Mais uma vez o terror se encontra com a ficção científica, em um filme sobre experiências com DNA alienígena. Há um contraste dos objetivos claros da criatura, com a busca incessante da equipe de pesquisa que pretende capturá-la. Isso que sustenta a trama até o seu último segundo.

1996 – PÂNICO (SCREAM)
Duas décadas de Slasher e Wes Craven dá a palavra final ao subgênero, em formato de comédia. Todos os clichês estão aqui, de forma bem-humorada e sarcástica. Um bom compilado dos anos 80, feito por alguém “de dentro”.

1997 – VIOLÊNCIA GRATUITA (FUNNY GAMES)
Michael Haneke, em início de carreira, propõe uma situação de “vítimas vs. captores”, no meio da Áustria. Mesmo apelativa, em alguns momentos, a direção é extremamente consciente do que mostrar ou não.

1998 – O CHAMADO (RINGU)
Terror psicológico japonês com uma história de detetive faz uma revolução do uso de imagens de arquivo. O Chamado é um Thriller perturbador de Hideo Nakata. Lembre-se: os fantasmas japoneses são sempre os mais perigosos.

1999 – A BRUXA DE BLAIR (THE BLAIR WITCH PROJECT)
Filme independente. Início do subgênero found footage. Simulação documental do relato contado pelos jovens amigos. A impressão de “isso aconteceu de verdade mesmo?” é que dá charme ao filme.

2000 – PSICOPATA AMERICANO (AMERICAN PSYCHO)
Baseado em um romance best-seller de mesmo título, o filme conta com a atuação magistral de Christian Bale! Aliás, Psicopata Americano é uma mistura perfeita de horror psicológico e sátira ao modelo americano de vida. Tudo isso orquestrado pelas mãos infalíveis de Mary Hallon.

2001 – OS OUTROS (THE OTHERS)
Alejandro Amenábar nos traz um belo exemplo de horror psicológico, envolto em uma bela história de fantasmas. O filme ganha pontos não só pela interpretação de Nicole Kidman, mas pela virada final que lembra o que foi feito em O Sexto Sentido (1999).

2002 – EXTERMÍNIO (28 DAYS LATER)
Londres no meio do 11 de setembro. Ruas completamente vazias. Cenário perfeito para um apocalipse zumbi. Danny Boyle com uma ideia na mão, funda um novo estilo de filmes de zumbi. Infectados mais frenéticos e implacáveis.

2003 – ALTA TENSÃO (HAUTE TENSION)
Não poderia faltar na lista um exemplo de filme do Novo Extremismo Francês. Filmes mais brutais e extremamente violentos e gráficos. Ainda assim, muito suspense e reviravoltas em uma trama que lida com a confiança entre duas amigas.

2004 – JOGOS MORTAIS (SAW)
James Wan nos traz, no início do milênio, o pai do subgênero que virou moda: o torture porn. Filmes que apelam para a escatologia extrema (nudez e violência). Aqui, tudo isso é envolto em uma trama de detetive muito bem construída.

2005 – A CHAVE MESTRA (THE SKELETON KEY)
Esse filme tinha que entrar na lista por ser um dos poucos nomes que lida com a arte do voodu haitiano. Uma trama repleta de viradas e momentos de arrepiar.

2006 – O HOSPEDEIRO (GWOEMUL)
Bong Joon-Ho, ainda em início de carreira e, testando os efeitos especiais da época, nos traz um exemplo perfeito de um excelente filme de monstro gigante. Sobrevivência de um lado e hipocrisia governamental do outro. Uma verdadeira fábula do horror no meio da Coréia do Sul.

2007 – REC
Uma cobertura jornalística em um corpo de bombeiros de Madrid pode dar muito errado. Vírus violento. Infecção generalizada. Quarentena. Câmera documental traz um senso de veracidade ao relato.

2008 – DEIXE ELA ENTRAR (LAT DEN RATTE KOMMA IN)
Vampiros suecos! Uma garota vive sozinha, no meio do frio depressivo da Suécia. Um romance sincero e inocente acaba envolvendo uma vampira e um menino. Perfeita combinação de “amargo e doce”.

2009 – ANTICRISTO (ANTICHRIST)
Um casal passa um período sabático em uma cabana na floresta, a fim de se recompor da morte prematura de seu filho. A direção de Lars Von Trier traz o horror de dentro dos personagens, do fundo da sua psique, para o mundo externo.

2010 – CISNE NEGRO (BLACK SWAN)
O que para muitos pode não ser um filme de terror, para outros é uma profunda análise psíquica da mente fragmentada de uma artista. Daren Aronofsky nos traz uma direção que te deixa incomodado desde o início. Não é essa a função do terror?

2011 – O SEGREDO DA CABANA (CABIN IN THE WOODS)
Como fazer um filme thrash que parodia, sem perder o foco, maior parte dos clichês de horror. Não poderia faltar nessa lista um exemplo de terrir (terror e comédia).

2012 – SENHORAS DE SALEM (LORDS OF SALEM)
Talvez o filme mais consistente da carreira de Rob Zombie. Há aqui uma iconografia muito peculiar na representação da bruxaria, em filmes de terror, mesclando entre um ar onírico e a escatologia pura de imagens chocantes. O ato final desse filme é pura fruição estética, destoando inclusive de uma resolução mais formal.

2013 – CANIBAIS (THE GREEN INFERNO)
Um grupo de ativistas americanos vai pro meio da Floresta Amazônica e se depara com uma tribo canibal que começa a devorá-los um por um. Eli Roth consegue transpor a sua estética do torture porn a uma trama bem mais consistente e convincente, além de bem-humorada e relevante ecologicamente.

2014 – GAROTA SOMBRIA CAMINHA PELA NOITE (A GIRL WALKS HOME ALONE AT NIGHT)
Vampiros iranianos! Bad City é uma cidade solitária do Irã que ressoa violência e podridão. Uma vampira de burca, no entanto, cria o objetivo de matar qualquer homem que faça mal às mulheres. Fotografia em preto e branco e uma atmosfera genuinamente opressiva.

2015 – A BRUXA (THE WITCH)
História de paranoia familiar contada no meio do século XVII. Atmosfera opressiva é que gera o horror que não apela para escatologia ou sustos. Parece uma história contada na fogueira. Robert Eggers parece definir uma nova geração de horror.

2016 – O DEMÔNIO DE NEON (THE NEON DEMON)
Nicolas Winding Refn mistura o horror com a beleza, em uma trama que dá sentido para essa combinação. Há pouco horror explícito, em contraste com o desconforto de cenas extremamente psicodélicas e oníricas.

2017 – CORRA! (GET OUT!)
Vencedor na categoria Melhor Roteiro Original no Oscar, Corra! consagrou Jordan Peele   em sua estética que mistura horror com doses de comédia, envolvendo tudo isso em cima de um comentário social relevante e bem construindo, com muita sutileza e elegância.

Confira a critica!

2018 – MANDY
Psicodelismo e heavy metal. História simples e poucas exposições. Interpretação magistral de Nicolas Cage. Fotografia onírica e afetada. O resultado é um horror extremamente sensorial.

2019 – MIDSOMMAR, O MAL NÃO ESPERA A NOITE (MIDSOMMAR)
Por fim, encerramos está mostra com um terror da alteridade antropológica, onde Ari Aster cria um paralelo entre uma relação desgastada e as diferenças morais e éticas entre duas culturas distintas. O filme lida com relativismo, princípios e tradição de uma forma muito austera. Florence Pugh traz uma das melhores interpretações do horror dessa década.

Confira critica!

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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