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Charles Cosac fala da sua relação com a obra de Mário Ribahi

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A exposição “Gênese”, de Mário Ribahi, tem curadoria de Charles Cosac.

A exposição “Gênese” abarca a produção recente, do artista, em cartaz no Centro Cultural Correios RJ de 10 de setembro a 24 de outubro de 2021.  Nas palavras de Charles Cosac, a exposição contrasta a organicidade da pedra natural a vergalhões de ferro verticais, que as mantêm suspensas.  Os vergalhões florescem de uma base maior, igualmente de pedra.

“Embora o uso da pedra não seja o fim, mas o meio, essas obras, sem a menor intenção de enfatizar a beleza natural, nos apresentam uma natureza alternativa, uma nova ordem com os mesmos conteúdos que a natureza nos dá. Sinto que elas trazem grande impacto visual ao expectador que se vê ante um mundo impossível, mas ao mesmo tempo tão familiar. Isso porque é capaz de reconhecer na obra, quase abstrata, a ideia que temos de uma floresta”, diz ele.

O que te levou a ser curador da exposição “Gênese”? Como e quando surgiu a sua ligação com o trabalho de Ribahi?
Charles Cosac – Eu conheci Mário Ribahi há um ano, quando ele expunha, igualmente, nos Museus do Correio, em uma coletiva. As obras que vi foi o grupo anterior ao ora exposto, que me interessa mais. Os trabalhos anteriores tinham um grande débito com a linguagem da joalheria fato esse que eu desgostava.

Embora tenha tido consciência de Ribahi e seu trabalho há um ano, cabe dizer que ele é meu primo, e isso também pesou.

“Gênese” traz quartzos, ônix, fuchisita verde, pedras, vergalhões, arame e latão, materiais brutos que foram lapidados, assim, como o ser humano durante a vida. A metáfora da pedra e homem tem relevância na criação da trajetória cultural de Ribahi?
Charles Cosac – Eu confesso que não havia pensado dessa maneira, pois eu não sei se há metáfora ou nada além ao desejo de realizar/fazer e representar, mas seu ponto é pertinente e aponta para um caminho a se investigar na obra de Ribahi.

Podemos dizer, que o trabalho de Ribahi preenche um vazio existencial? A obra dele rememora algum artista do Surrealismo?
Charles Cosac – Eu não creio que uma obra de arte possa preencher um vazio existencial, talvez anímico. Sim, vejo rastros do surrealismo na obra de Ribehi.

Sua ligação com a cultura mundial é de grande relevância, você é referência no Brasil culturalmente, gostaria de saber como você vê o momento atual que estamos vivendo sobre o sucateamento da cultura?
Charles Cosac – O Brasil vive um momento turvo, mas são justamente à essas ocasiões que a “boa” arte é criada. A cultura no Brasil nunca foi prioridade, portanto eu não vejo tanta mudança. De certa maneira, eu até vejo o quadro com certo otimismo. Nesses últimos 25 anos, a arte se profissionalizou, há mais Museus e espaços expositivos, mais artistas, mais críticos e mais galerias. É verdade que isso tudo foi fruto da iniciativa privada, com pouco apoio do poder central. Todavia todos nós nos beneficiamos.

Para encerrar, qual é importância da arte na educação de um povo? Como podemos influencia-los a consumir o que é nosso de direito culturalmente?
Arte e educação é um assunto que eu não domino, mas que tenho grande interesse em aprender, escutar e ver. Então, eu me limitaria a dizer que a educação e a cultura são os alicerces de uma sociedade saudável e isso não vem ocorrendo no país.

Sim. Nós, certamente, temos direitos ao consumo cultural, mas para tal há de haver apetite!

Alê Shcolnik
Alê Shcolnikhttps://www.rotacult.com.br
Editora de conteúdo e fundadora do site, jornalista, publicitária, fotografa e crítica de cinema (membro da ACCRJ - Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro). Amante das Artes, aprendiz na arte de expor a vida como ela é. Cultura e tattoos nunca são demais!

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