- Publicidade -

Drop: Ameaça Anônima dá match com os aplicativos de relacionamento

Publicado em:

Em uma azeitada mistura de dia a dia corrido, com um mundo conectado pela comunicação instantânea, onde as pessoas tem cada vez menos tempo de interagir pessoalmente com os seus semelhantes, aplicativos de paquera, tipo Tinder ou Happn, ganharam espaço e se tornaram uma maneira fácil de conhecer gente e, quem sabe, iniciar um relacionamento sério. Quem nunca usou um? Eu tenho conta nos dois, desta forma, sempre que estou solteiro, vou lá e dou uma olhada. Agora mesmo, tenho conversado com uma pessoa. Aonde isso vai me levar? Não sei, apenas o tempo dirá. O que sei, com certeza, é que o primeiro encontro costuma ser tenso graças àquele friozinho na barriga característico, principalmente, porque iremos encontrar alguém que nunca vimos anteriormente. Para Violet (Meghann Fahy), a protagonista de Drop: Ameaça Anônima, o novo filme do diretor Christopher B. Landon, não haveria de ser diferente. O que ela não poderia imaginar é que este encontro seria repleto de algumas surpresas desagradáveis. 

Drop: Ameaça Anônima

Na história, Violet é uma jovem viúva que decide se arriscar e marcar seu primeiro encontro amoroso, através de um aplicativo, depois de muitos anos. Psicóloga especializada em atender outras mulheres, todas vítimas de relações abusivas e tóxicas, ela vive somente para o seu filho, Toby (Jacob Robinson), um menino de no máximo 10 anos. Chegando ao local marcado, um restaurante de luxo, a protagonista fica aliviada ao perceber que o seu par, Henry (Brendon Sklenar), não mentiu nas fotos e parece ser muito mais bonito e charmoso pessoalmente. Todavia, o que era para ser um date tranquilo, em que pese a tensão natural, ganha contornos dramáticos quando Violet começa a receber uma série de mensagens anônimas em seu telefone, ameaçando Toby, caso não obedeça a determinadas ordens que serão dadas durante o encontro. A mais importante de todas? Matar Henry. 

Drop: Ameaça Anônima é uma produção da Blumhouse, a produtora que, hoje, disputa com a A24 a preferência dos cinéfilos mais engajados, e tem o selo de qualidade (aqui pode haver uma certa controvérsia) de Landon, o principal rosto por trás da franquia Atividade Paranormal e de filmes como A Morte Te Dá Parabéns (ótimo) e A Morte Te Dá Parabéns 2 (desnecessário). Citar todo esse background pode parecer mero floreio do crítico, mas não é e explica algumas coisas. A opção, assim como nas obras supracitadas, foi por um elenco sem nenhuma grande estrela e por uma aposta no conjunto história e criação de clima. Em um primeiro momento, artistas de prestígio servem de chamariz, mas o que gera boca a boca positivo e engajamento é o produto final, aquilo que é visto na telona. Dito isto, confesso que fui ver o filme sem grandes expectativas, pois a premissa do filme não me parecia das mais originais. Eu fui, certamente, querendo ser positivamente surpreendido e foi exatamente isso que aconteceu. Que bom! 

A produção investe, quase o tempo todo, em um único cenário, o luxuoso restaurante no topo de um dos prédios mais altos de Chicago, dotado, óbvio, de um vista paradisíaca, mesmo à noite. Com os seus janelões de vidro que vão do chão ao teto, tal locação é uma agressão gratuita àqueles que tem medo de altura e um convite tentador para que o roteiro faça uso desta particularidade arquitetônica. Fora do estabelecimento, há uma cena no prólogo, que será explicada posteriormente, e mais umas duas ou três, na reta final. E só. Com este ambiente controlado, o diretor, tendo como base o texto da dupla de roteiristas, Jillian Jacobs e Chris Roach, inicia uma autêntica perseguição de gato e rato, à medida que as mensagens invadem o celular de Violet e que Henry percebe que existe algo de errado no ar. Assim, gradativamente, a tensão aumenta até atingir patamares elevadíssimos. O curioso é que o trailer, amplamente divulgado, mostra muitas cenas de ação. Entretanto, elas estão todas alocadas no último quarto da obra, quando as cartas já foram para a mesa e as máscaras caíram por completo. 

Perdoando uma ou outra cena um pouco mais inverossímil, algo típico de filmes de suspense, Drop: Ameaça Anônima é uma obra funcional em relação aos seus propósitos e que chama a atenção para a questão da sororidade. Os coadjuvantes masculinos estão todos bem em cena, mas com o protagonismo entregue a Meghann Fahy, ela justifica os holofotes que lhe foram apontados com uma ótima atuação. Além disto, nos momentos mais difíceis, a moça encontra o amparo do qual necessita em outra personagem feminina, uma valente barwoman, interpretada por Gabrielle Ryan, que, ao ser chamada à ação, não teme os eventuais riscos. E por falar em riscos, o único risco que o público corre, vendo este filme, é tropeçar em um bom entretenimento pipoca e, claro, não vou mentir, ficar um pouco mais receoso na hora de dar match na próximo vez que for usar um aplicativo de paquera. Bem, espero, sinceramente, que isso não provoque gatilhos em vocês. Espero mesmo. 

Desliguem os celulares e ótima diversão.

Bruno Giacobbo
Bruno Giacobbo
Um dos últimos românticos, vivo à procura de um lugar chamado Notting Hill, mas começo a desconfiar que ele só existe mesmo nos filmes e na imaginação dos grandes roteiristas. Acredito que o cinema brasileiro é o melhor do mundo e defendo que a Boca do Lixo foi a nossa Nova Hollywood. Apesar das agruras da vida, sou feliz como um italiano quando sabe que terá amor e vinho.

Mais Notícias

Nossas Redes

2,459FansGostar
216SeguidoresSeguir
125InscritosInscrever
4.310 Seguidores
Seguir
- Publicidade -