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Animais Perigosos: Sean Byrne apresenta terror eletrizante

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Quando Steven Spielberg lançou lá atrás, em 1975, o filme Tubarão, por sinal, o primeiro blockbuster da história, ninguém imaginava que ele estava boiando para que os próximos tubarõezinhos pudessem nadar. O visionário diretor criava ali não só uma nova categoria de longas-metragens (os blockbusters), como inaugurava um subgênero bastante criativo. Quantos filmes de tubarão foram lançados desde então? Muitos e é claro que ao longo desta jornada há obras de todos os tipos, películas excelentes do naipe de Águas Rasas (2016), do cineasta Jaume Collet-Serra, e franquias que não se levam a sério como, por exemplo, Sharknado (2013 a 2020). E na trilha deste caminho desbravado por tantas outras pessoas, chega aos cinemas a produção Animais Perigosos, dirigida por Sean Byrne. 

Na centro da trama desta coprodução americana e australiana, encontramos a surfista Zephyr (Hassie Harrison), uma jovem de espírito livre, que mora em seu furgão e está sempre à procura da onda perfeita. Em uma de suas viagens, ela conhece em Gold Coast, na Austrália, um corretor de imóveis local, Moses (Josh Heuston). Inicialmente, eles se estranham, mas depois estabelecem uma conexão repleta de intimidade graças ao amor recíproco pelo surf. O problema é que nessa mesma região também vive Tucker (Jai Courtney), um guia turístico que oferece a Tucker’s Experience, um passeio de barco com direito a mergulho entre os tubarões, dentro, claro, de uma gaiola de proteção. O que ninguém sabe é que esta aprazível aventura esconde segredos sinistros.    

Com roteiro de Nick Lepard, Animais Perigosos não enrola e logo mostra aonde quer chegar. Em uma espécie de preâmbulo, antes mesmo de conhecermos Zephyr e Moses, somos apresentados à verdadeira faceta de Tucker: um psicopata, obcecado por tubarões desde a infância, que captura mulheres indefesas e as serve como banquete, justamente, para os tubarões. A primeira cena, envolvendo um casal de turistas, é tensa e serve para balizar o nível de tensão e de horror que obra pretende servir para o público. Deste momento em diante, não há como esperar menos do que foi visto até ali. O único instante de respiro se dá quando o casal protagonista desfruta de uma bela noite de amor. Essa tomada serve para solidificar a tal conexão e também para mostrar que se Zephyr pode ter um pouco de esperança, essa se chama Moses. Fora isso, os outros minutos da projeção de 1h38 são verdadeiramente eletrizantes.  

No escopo das produções citadas, Animais Perigosos oscila entre a proposta de Águas Rasas, um thriller que tem as suas virtudes calcadas na seriedade e na sobriedade, e as intenções explícitas de Sharknado, franquia que abraça, sem medo de ser feliz, a galhofa. Difícil? De forma alguma, pois ao mesmo tempo que o longa-metragem de Byrne e Lepard, em alguns momentos, tangencia o estilo do primeiro, em outros tantos (e muitos) é possível notar que ele não tem qualquer preocupação com a verossimilhança. E aí o pecado que decorre dessa ambivalência é desperdiçar a chance de resolver certas questões da obra de uma maneira um pouco mais crível e real. Foi proposital? Foi. É engraçado? Totalmente. Contudo, isso talvez incomode uma parcela dos espectadores que não saberá onde enquadrar o filme. 

O grande diferencial de Animais Perigosos em relação a outras produções é não retratar os tubarões como vilões, afinal esse nunca foi o papel deles na chamada vida real. Qualquer ataque de tubarões a seres humanos está atrelado à imprudência do homem ou ao modo irresponsável como tratamos o ecossistema onde esses animais vivem, como, por exemplo, ocorre na cidade brasileira de Recife. Na película de Byrne e de Lepard, a vilania está ligada à psicopatia de Tucker, em grande atuação de seu intérprete Jai Courtney, o Capitão Bumerangue dos dois longas Esquadrão Suicida, de 2016 e 2021. E já que estamos falando de atuações, se faz necessário destacar a protagonista Hassie Harrison, que me lembrou bastante Blake Lively em Águas Rasas. As cenas envolvendo Courtney e Harrison são de tirar o fôlego. Por sinal, é perspicaz salientar que o título do filme não se refere somente às criaturas marinhas. 

Dotado de uma fotografia de tirar o fôlego, com alguns grandes planos abertos de Gold Coast, um dos paraísos do surf no litoral australiano, e efeitos especiais de boa qualidade, Animais Perigosos desponta no cenário fílmico do ano de 2025 como uma gigantesca e belíssima surpresa. Não é perfeito e nem para todas as pessoas, mas é entretenimento pipoca de respeito. Quem curte este subgênero e não exige que as novas produções sejam sempre um novo Spielberg, eu recomendo muito. 

Desliguem os celulares e excelente diversão. 

Bruno Giacobbo
Bruno Giacobbo
Um dos últimos românticos, vivo à procura de um lugar chamado Notting Hill, mas começo a desconfiar que ele só existe mesmo nos filmes e na imaginação dos grandes roteiristas. Acredito que o cinema brasileiro é o melhor do mundo e defendo que a Boca do Lixo foi a nossa Nova Hollywood. Apesar das agruras da vida, sou feliz como um italiano quando sabe que terá amor e vinho.

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