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Truque de Mestre: O Terceiro Ato traz de volta a química e sintonia do quarteto original

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Truque de Mestre: O Terceiro Ato, dirigido por Ruben Fleischer, abre com um salto de dez anos após o último capítulo, o reencontro que já começa bastante esperto. Os quatro cavaleiros ilusionistas icônicos, J. Daniel Atlas (Jesse Eisenberg), Merritt McKinney (Woody Harrelson), Jack Wilder (Dave Franco) e Henley Reeves (Isla Fisher) estão espalhados pelo mundo e aposentados do palco. Enquanto isso, três novatos — Charlie (Justice Smith), Bosco (Dominic Sessa) e June (Ariana Greenblatt) copiam o estilo deles sem pudor, em Nova York. Mas, não por muito tempo. Atlas, ainda é aquela pessoa nervosa, pilhada e desconfiado, desmonta o trio num piscar de olhos, só pra recrutar: ele precisa deles para o maior truque de sua vida.

Em cinco frases o público — ou pelo menos este crítico — já foi comprado. Franquia velha, elenco antigo, fórmula conhecida, mas o filme sabe que o que vale é o sorriso antes da carta do baralho sumir ou do coelho pular da cartola. A missão? Roubar um diamante em forma de coração da família Vanderberg, um luxuoso império do crime organizado sob o comando de Veronika Vanderberg (Rosamund Pike), fria, cínica e calculista o quanto basta. O roteiro, assinado pelo trio Seth Grahame-Smith, Michael Lesslie e Eric Warren Singer, joga o grupo entre Nova York, Abu Dhabi e um castelo europeu que já viu nazistas fugindo. Sob o brilho da luz neon ou da luz de tochas — tanto faz — cada locação vira palco para um truque novo em folha na trama de Truque de Mestre: O Terceiro Ato.

Neste périplo pelo mundo afora, a câmera gira, a fumaça sobe, e a gente aplaude porque é lindo — mesmo sabendo que é mentira. Eu fui muito pouco ao circo na minha infância e, além de achar incômodos aqueles bancos de madeira, tenho a impressão de que meus pais não curtiam. Na época, também não curti. E talvez tenha sido assim porque sempre morei no Rio. Se eu morasse em Las Vegas, talvez tivesse curtido toda aquela mentira. Lá pelas tantas, Truque de Mestre: O Terceiro Ato traz de volta à cena Morgan Freeman como o sábio Thaddeus Bradley, alertando-os com aquele tom de “eu avisei”, e aí o filme dá uma acomodada: não precisa provar nada, só entreter. Os personagens de Woody, Dave e Isla surgem quando o negócio aperta, mas não como salvadores, mas como velhos amigos que chegam atrasados com sanduíches e piadas ruins. Química intacta, um pouco de drama de “ah, a vida mudou”, mas, no geral, abraços rápidos e uma indagação premente: “Vamos acabar com eles?”

Correndo para lá e para cá, os novatos são uma adição importante à narrativa. Eles funcionam: não roubam a cena, entregam frescor. Truque de Mestre: O Terceiro Ato equilibra gerações sem forçar ou cair no estereótipo de herói-mentor, ainda que existam algumas semelhanças visíveis entre os velhos e os novos, mesmo que possam levar a uma conclusão equivocada nesse sentido. Agora, inequívoca é outra conclusão: a de que o filme mistura suspense de elevador, comédia de timing e ação que usa corda, laser e ilusão. Três gêneros em um fôlego só — pulmão que aguente. Se o dos cavaleiros aguentou, por que o do público não haveria de aguentar?

Em Truque de Mestre: O Terceiro Ato, a fotografia noturna é artificial, mas totalmente deslumbrante. Ruben Fleischer e o diretor de fotografia George Richmond sabem que truque bom é luz boa e entrega. No fim, um plot twist chega tão na cara que dá pra ouvir o “óbvio coletivo” da plateia, mas funciona porque a gente veio para isso: desligar o cérebro, comer pipoca e rir do absurdo. O filme deixa gancho para um quarto filme, mas, por ora, isso não importa. Agora é a hora de sair da sala feliz, como se fosse depois de um show de mágica que ninguém estraga explicando.

Na trilogia, comparando-o com o primeiro e o segundo, eu coloco este aqui empatado com o original. Não vai para as cabeças do Oscar, mas pode concorrer ao SAG de elenco e de dublês. Merece. Se você quer cérebro em off e coração acelerado, senta aí: já tô marcando de rever.

Desliguem os celulares e excelente diversão.

Bruno Giacobbo
Bruno Giacobbo
Um dos últimos românticos, vivo à procura de um lugar chamado Notting Hill, mas começo a desconfiar que ele só existe mesmo nos filmes e na imaginação dos grandes roteiristas. Acredito que o cinema brasileiro é o melhor do mundo e defendo que a Boca do Lixo foi a nossa Nova Hollywood. Apesar das agruras da vida, sou feliz como um italiano quando sabe que terá amor e vinho.

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