O cerne das relações humanas em “Os Belos Dias de Aranjuez” aos olhos de Win Wenders

O reencontro entre Wim Wenders e Peter Handke – quase três décadas depois de “As Asas do Desejo”, e mais de quatro décadas depois de “A Angústia do Guarda-Redes” acontece em 3D que tem como função dar mais teatralidade ao texto e a estética da obra.

Adaptação do livro “Os Belos Dias de Aranjuez” que marca o regresso de Peter Handke à escrita teatral, apresenta um jogo de diálogos, entre um casal, como se fosse um ajuste de contas. São diálogos comoventes e cúmplices sobre o amor e a intimidade de muitos anos. Desde a troca de recordações íntimas às banalidades do relacionamento através de uma atenção singular ao mundo, aos pequenos sinais quase imperceptíveis dos mistérios do amor.

Tudo acontece em um único cenário, sem pirotecnias cinematográficas, “Os Belos Dias de Aranjuez” é um filme sobre o cerne das relações humanas, onde Win Wenders faz um contraponto com a tecnologia de profundidade 3D. Uma comparação sutil entre conceitos de profundidades. Uma sacada silenciosa para mostrar a superficialidade da tecnologia.

É um espetáculo rico, vibrante e sensual sobre as propriedades tridimensionais do texto de Handke, onde inteligência e ousadia trabalham juntos. Uma obra onde tudo acontece aos olhos de um escritor que imagina seus personagens, através de diálogos filosóficos sobre o amor e o sexo.

“Os Belos Dias de Aranjuez” teve estreia mundial, na versão alemã, no Festival de Viena, numa encenação de Luc Bondy, que depois abriria também a temporada do Odéon, em Paris.