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Hong Sang-soo foge do glamour de Cannes em “A Câmera de Claire”

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Cineasta com extensa bagagem no festival de Cannes, o sul-coreano Hong Sang-soo utiliza de suas experiências com o evento para contar a história a “A Câmera de Claire”, um simplório retrato do lado mais calmo e solitário do mais importante festival de cinema de mundo, fugindo de todo o glamour que cerca a cidade francesa durante duas semanas.

Com breves 69 minutos de duração, nós acompanhamos Sang-soo apresentar uma discreta obra, mas com muito charme e que funciona como um belo estudo de personagem, onde diversos deles são reflexos e até paródias do próprio diretor. Totalmente filmado em locações reais da cidade (o longa nem credita um design de produção) durante a edição de 2016 do festival de Cannes, tudo aqui é construído com uma sensação de estarmos vendo algo completamente improvisado.

Com a história girando ao redor do encontro de duas inteligentes e solitárias mulheres, a sul-coreana Jeon Manhee (Kim Min-hee) que é demitida depois de ser acusada de desonestidade e Claire (Isabelle Huppert), uma moça francesa que trabalha como professora e poeta que sai pelas ruas tirando fotos em sua câmera Polaroid. Através dessa conexão quase que instantânea, nós vemos o impacto da câmera na vida das pessoas e nesse caso refletindo suas emoções através da Polaroid.

A indicada ao Oscar, Isabelle Huppert retorna sua parceria com o diretor coreano depois de cinco anos do filme A Visitante Francesa. Como sempre em ótima atuação, Huppert é uma das representações do diretor em cena, que gosta de utilizar equipamentos simples para apresentar sua arte da forma mais honesta e impactante, no caso da personagem Claire é sua Polaroid que serve como um “olho de fora”, feito para capturar os momentos da vida que devem ser analisados e apreciados. Além disso, a atriz mostra uma vulnerabilidade e inocência em sua personagem, em especial nas cenas em que ela precisa falar inglês, são cenas improvisadas feitas para mostrar a fragilidade da comunicação entre duas pessoas fora de sua língua nativa. Já a sul-coreana Kim Min-hee, que ganhou maior fama no filme A Criada, vêm para sua quarta colaboração com o diretor, mostrando mais uma vez o porquê do sucesso dessa parceria.

Definitivamente Hong Sang-soo da uma aula de cinema, prezando por técnicas mais simplistas, ele utiliza de poucos planos para contar a história. Deixando sempre a câmera fixa ele apenas faz correções e alterações utilizando apenas o zoom. O resultado preza pela naturalidade da história contada, fazendo de “A Câmera de Claire” uma excelente obra que ganha ainda mais força se fora assistida durante um festival de cinema.

 

Renato Maciel
Renato Maciel
Carioca e tijucano, viciado em filmes, séries e tudo envolvendo cultura pop, roteirista e estudante de cinema, podcaster no Ratos de Cinema

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