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SERGUEI: O PATRIMÔNIO HISTÓRICO DO ROCK NACIONAL

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Ícone da década de 60, marco da história do rock nacional, carioca, morador de Saquarema, onde criou o “Museu do Rock”,  ponto turístico da cidade, morou nos EUA, onde participou de festivais estudantis. De volta ao Brasil, o músico que trabalhou em banco e como comissário de bordo, até se definir como artista, conquistou o Brasil com seu rock n’roll bem-humorado e seu jeito extravagante. O showman que  bebeu com Jimi Hendrix e Jim Morrison, namorou Janis Joplin, hoje com 84 anos de idade, continua com o espírito mais jovem que nunca. Suas declarações polêmicas não sucumbiram ao tempo, foi eleito trilha sonora oficial dos Hell’s Angels do Brasil, e já tocou para 50 mil pessoas no Rock In Rio. Com vocês, Serguei!

Você se tornou um ícone do rock nacional e da música brasileira, como é olhar para trás é ver esse caminho trilhado na sua carreira?
Serguei – Gravei meu primeiro compacto em 1966, já são mais de 50 anos de carreira.  Nunca fiz sucesso comercial, de tocar nas rádios, vender um milhão de cópias. Mesmo assim, sempre apareci na TV, fui 11 vezes ao Jô Soares, devo ter sido o recorde do programa (risos). E sempre fiz shows sem parar, toquei no Brasil inteiro e nos EUA. Toquei para 50 mil pessoas ou para 50 pessoas sempre com o mesmo tesão, o mesmo amor pelo Rock’n Roll. Muitos artistas tiveram uma carreira meteórica e desapareceram logo depois. Eu sou o contrário, nunca estourei nas rádios, mas em compensação, nunca sai dos palcos. Meu lugar é no palco, nos braços do público, por isso, devo tudo ao público. Foram eles que me permitiram estar na ativa até hoje.

Além do livro com a sua biografia, esse é o segundo documentário que fala sobre o seu trabalho. Você transborda cultura musical. Como é ser fonte de informação e admiração, para você?
Serguei – Recebo jovens diariamente no Templo do Rock, muitos dizem que se inspiraram em mim, no meu jeito de ser, de viver a vida. Vejo meninos novos fazendo covers de minhas músicas. Tudo isso me deixa muito feliz e agradecido. Já estou na reta final dessa vida, podia ter virado um velho ranzinza e recluso, mas continuo com a alegria de um garoto, gosto de estar cercado de gente alegre, de cachorros, de plantas, árvores e, claro, de muito Rock’n Roll sempre! Eu não tenho sexo, não tenho idade, eu ando solto pela cidade e pela vida. Meu espírito sempre foi livre e sempre será!

São mais de 50 anos de carreira, podemos esperar uma cinebiografia sua em breve? Já existe esse projeto?
Serguei – Sim. A Curupira Filmes concluiu no ano passado o filme Serguei, o psicodélico, que já está circulando por festivais Brasil afora. Ainda não sei se irá para os cinemas tradicionais ou se sairá em DVD, mas ficou muito bonito o resultado. Em 2015, foi lançado o  documentário em DVD, O Anjo maldito do Rock Brasileiro, produzido pelo Marcio Baraldi, que lança agora o DVD, o Na cama com Serguei. Em 2016 também saiu a minha revista exclusiva e este ano sairá minha biografia atualizada em livro. Fico feliz que alguns malucos se interessem em registrar minha vida enquanto ainda estou vivo. Quando eu me for, minha obra e história vão estar devidamente registradas para as próximas gerações dissecarem esse dinossauro chamado Serguei.

Você é considerado o músico oficial do Hell’s Angels no Brasil. Qual é a importância disso na sua carreira?
Serguei – No final dos anos 70 eu estava fazendo um show no Rio, quando o local foi tomado por dezenas de motoqueiros grandalhões, de jaqueta preta e cara de mau. Eram os famosos Hell’s Angels do Rio! Quando o show acabou, eles me cercaram e eu achei que ia apanhar (risos), mas ao invés disso, eles disseram que eu era o artista que mais representava o modo de vida deles. E que, dali pra frente, eles estariam em todos meus shows para curtir e fazer minha segurança. Ficamos grandes amigos e, em homenagem a eles, eu e a banda Cerebelo gravamos a música “Hell’s Angels” que se tornou um hino deles. Até hoje eu participo de eventos de motoqueiros pelo Brasil todo. Eles têm muito carinho por mim e continuam me convidando sempre.

Seu nome artístico é de origem russa, como foi que ele surgiu?
Serguei – Meu nome é Sergio Augusto Bustamante. No começo eu cantava como Sérgio, mas eu tinha um amigo russo que não conseguia pronunciar meu nome de jeito nenhum e por isso me chamava de Serguei. O apelido pegou e percebi que era um ótimo nome artístico. Caiu tão bem pra mim que parece que já nasci com ele (risos)!

Você lançou 11 discos na sua carreira, não tem vontade de voltar à estrada? De criar novas músicas?
Serguei – Eu estou com 84 anos, mas ainda faço shows ou participações pelo Brasil, as pessoas ainda me chamam. Então, eu continuo na estrada, mas num ritmo um pouco mais tranquilo, mais adequado ao meu momento. Eu adoro cantar os clássicos do Rock’n Roll mundial e da minha carreira, mas quem sabe ainda gravo alguma coisa inédita. Tudo é possível, baby!

Com Jimmy Hendrix e Janis Joplin

Suas referências musicais te influenciam na sua formação pessoal, além da musical?
Serguei – Sem dúvida! Sou um eterno hippie, influenciado pelos anos 60, que foram riquíssimos e maravilhosos! Os artistas que eu amo, como Janis, Stones, Beatles, Hendrix, Jim Morrison, são todos ícones da liberdade e do combate a caretice e conservadorismo. São muito mais do que ícones musicais. O Rock e o Blues têm esse poder de ultrapassar os limites da música e serem verdadeiras filosofias de vida, são maneiras de enxergar e sentir o mundo. Eu me descobri no Rock e no Blues. Se não fossem eles nem sei que tipo de pessoa eu teria me tornado.

Alê Shcolnik
Alê Shcolnikhttps://www.rotacult.com.br
Editora de conteúdo e fundadora do site, jornalista, publicitária, fotografa e crítica de cinema (membro da ACCRJ - Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro). Amante das Artes, aprendiz na arte de expor a vida como ela é. Cultura e tattoos nunca são demais!

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