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CHARLES MÖELLER SOBRE GLEE

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No ano retrasado, quando Hugh Jackman abriu a cerimônia de entrega do Oscar dizendo “os musicais estão de volta”, ele estava mais do que certo. Nada mais natural que surgisse uma série de televisão voltada para o gênero. Eu, que sou diretor de teatro musical e sempre me sentia meio órfão de um programa de qualidade, adoro “Glee”.
A sacada é dar voz a um time de “losers”. É o anti-”High School Musical”. Os heróis dessa trama são os famosos perdedores, os ditos feios, os fora do padrão, liderados por um professor de espanhol que tem a árdua tarefa de recuperar os já distantes anos de ouro do tal clube Glee.
 
Há a judia Rachel, criada por pais homossexuais; o cadeirante Artie; o gay fashionista Kurt; a “black diva” bem acima do peso Mercedes; a oriental tímida e “underground” Tina; e o atleta popular, mas totalmente “do bem” e naïf, Finn. Em oposição às cruéis e atléticas líderes de torcida e à treinadora, surge uma vilã típica de musical, Sue Sylvester.
 
Em “Glee”, tudo é feito com uma graça mais adulta, ácida, até amarga. Desde os litros de refrigerante que eles levam na cara até as incontáveis vezes em que os machões jogam Kurt na lixeira, tudo é feito com um humor negro oposto ao tom meloso das comédias musicais convencionais.
 
A psicóloga que tem TOC é um achado, assim como o professor de educação física gordo e bobalhão. Ao mesmo tempo, a relação de Kurt com o pai machão é divertida e triste.
 
Mas nada disso explica o sucesso do programa. A chave está na escalação do elenco: atores que de fato cantam e são nomes assíduos em musicais da Broadway, como Lea Michele, Matthew Morrisonn, Kristin Chenoweth e Debra Monk.
 
Some-se a isso o repertório musical, que mescla clássicos pop-rock (cantados por Madonna, Van Halen ou Rolling Stones) com sucessos recentes (leia-se Lily Allen, Duffy, Beyoncé e Amy Winehouse), sem abrir mão do cânone da Broadway (tais quais “Cabaret”, “West Side Story”, “Funny Girl”, “Hair” e “Gypsy”) e de acenos a espetáculos marcantes da cena atual (“Wicked”). Em alguns momentos, há fusões de todos eles em deliciosos “mash-ups”.
 
Com direção e diálogos inteligentes, “Glee” emociona e tem números musicais bem dirigidos que podem ser apresentações do próprio grupo do coral ou números que adiantam ações ou se passam no pensamento dos personagens.
 
O único senão fica para problemas eventuais nas cenas em que os atores cantam “solo” -ou seja, fora do coral que é a base da série. A dublagem por vezes resulta artificial.

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Alê Shcolnik
Alê Shcolnikhttps://www.rotacult.com.br
Editora de conteúdo e fundadora do site, jornalista, publicitária, fotografa e crítica de cinema (membro da ACCRJ - Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro). Amante das Artes, aprendiz na arte de expor a vida como ela é. Cultura e tattoos nunca são demais!

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