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“Fala Comigo” apresenta uma trama inteligente sobre amadurecimento

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Sabe aqueles filmes que simplesmente não dá para ver com parentes do lado de tão desconfortável que o clima fica? Fala Comigo certamente se encaixa nessa categoria. O novo longa da Vitrine Filmes conta a história de Diogo (Tom Karabachian), um garoto de 17 anos e seu relacionamento com Ângela (Karine Teles), uma mulher de 43, recentemente abandonada pelo marido. Há uma inversão de papéis no que diz respeito a maturidade dos dois, e esse amor se torna mais que uma aventura sexual, sendo uma jornada pela identidade.

O longo caminho que os protagonistas percorrem para se encontrar, não é tão longo assim. A mão de Diogo é Clarice (Denise Fraga), terapeuta. O garoto desenvolve o fetiche de ligar para as pacientes da mãe e sente prazer com isso. Certo dia, Diogo liga para Angela e ele a salva de uma tentativa de suicídio. Começa então um relacionamento confuso e pouco profundo, cujo obstáculo da idade não incomoda ao casal, mas, sim, a todo o resto dos personagens na trama.

No que diz respeito a narrativa, houve uma sólida tentativa de tentar retratar histórias tão distantes que se encontram em um ponto comum, sendo esse ponto a fuga do cotidiano, e a sobrevivência do dia-a-dia que os dois procuram. Enquanto Angela tenta recuperar sua juventude, Diogo quer descobrir quem ele é e do que gosta. No entanto, essa motivação dos personagens se perde no excesso de cenas de sexo.

Visto que o relacionamento e objetivo em persistirem nesse amor proibido é encontrarem a si mesmos, os dois veem esperança um no outro. O que o público não vê, são boas performances. Apenas Denise Fraga convence no papel de “mãe preocupada”, e ela não basta para segurar todo um elenco envolvido em uma história que testa o limite do quão incomodado pode fazer o público se sentir, desde o momento em que vê o cartaz promocional do longa, até a última despedida.

Por outro lado, é interessante como o diretor e roteirista Felipe Sholl conseguiu transmitir que o filme é uma história completa, que retorna ao começo antes de declarar seu fim. Quem no começo sentia prazer pelo silêncio, passa a clamar pelo som de uma voz, já quem antes se sentia perdida, agora vê um rumo à sua frente. Pelo menos nessa história de amor fora dos padrões, o modo como a trama se encerra foi produzido de forma inteligente.

O desejo de Diogo em estar presente com Ângela, a cada história que ela contava pelo telefone, e a escolha dela de nunca desistir de si mesma ou do amor, ficam claro em Fala Comigo. Contudo, havia muito mais abertura para um filme onde o diálogo seria responsável pelas respostas que os dois procuravam (ainda mais com um título desses). E que ao invés disso, passa a impressão de que o casal esteja mais passando tempo um com o outro, do que resolvendo seus conflitos internos ou se apaixonando profundamente. Parece simplesmente conveniente que tudo tenha ocorrido da forma como de fato aconteceu, e o público sai do cinema desejando não falar com ninguém sobre o que acaba de ver.

Foto de Bruno Mello

Luana Feliciano
Luana Feliciano
Estudante de Jornalismo, ama escrever e meus filmes favoritos sempre me fazem chorar. Minhas séries preferidas são todas de comédia, e meus livros são meus filhos.

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