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Julia Carrera fala sobre a construção da peça Iter Kriminis

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A peça/instalação, Iter Kriminis com  direção de Júlia Carrera, em cartaz na Cidade das Artes conta com um elenco de 12 atores, a trama apresenta  um confronto entre o ser humano e o seu lado mais obscuro. Evocando a ideia dos reality shows, estes personagens se deixam ser observados, sem julgamento ou redenção.

Como foi conjugar os diferentes textos em um só espaço? Na sua visão qual é o denominador comum entre eles?
Julia Carrera – Os autores que usamos são clássicos da literatura mundial e foram fortes pontos de partida de pesquisa para buscarmos o que há de humano dentro destes personagens. Mas, de fato, foram somente uma fonte de inspiração, na verdade cada ator construiu seu texto de forma autoral, o que, aí sim, garantiu um denominador comum para a peça.

A peça se baseia na obra Dostoievski e Shakespeare, como foi levar para os palcos duas filosofias e escolas diferentes?
Julia Carrera – Não nos baseamos na filosofia destes autores, até porque isso demandaria um processo de trabalho bastante denso e longo, o que não tivemos a chance de fazer, por limitações de tempo e orçamento. Mas tivemos a chance de entrar em contato com essa literatura para dar suporte a nossa pesquisa sobre a humanidade dos personagens.

A peça tem um lado obscuro do ser humano, íntimo e velado sobre a violência, qual é a importância de retratar essa temática no palco?
Julia Carrera – Nossa aposta é contribuir para uma percepção de que todos temos esse lado obscuro dentro de nós, e a chave está em como lidamos com esse lado negro da força, rs. Então tentamos criar com a peça alguns dispositivos que provocassem o espectador a se lembrar disso. Seja pela proximidade com a cena, seja pela banalidade das ações, dos motivos que levariam ao crime, pela interlocução do personagem com a plateia, oferecendo bolo, dançando, nosso desejo era aproximar o público de um espelho que nem sempre estamos confortáveis de perceber.

A peça oferece ao espectador, evoca o conceito dos reality shows, sem julgamento ou redenção, ao que exatamente o espetáculo se propõe?
Julia Carrera – A alusão ao reality surge do fascínio da nossa sociedade em ver na tela (tv, internet), “a vida como ela é”, como se o próprio fato de determinado conteúdo estar inserido neste contexto já não deixasse claro que este conceito furado: não existe um show da realidade, existe sempre um recorte, uma edição sobre o que é mostrado! Mas dentro disso, resolvemos dispor os personagens no espaço, executando ações da intimidade e deixando-se observar. Na encenação nós evitamos o julgamento ou a compaixão porque achamos que não nos cabe esse papel, mas imagino que o espectador crie suas próprias conclusões, e leve consigo seus julgamentos e redenções para cada personagem.

Alê Shcolnik
Alê Shcolnikhttps://www.rotacult.com.br
Editora de conteúdo e fundadora do site, jornalista, publicitária, fotografa e crítica de cinema (membro da ACCRJ - Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro). Amante das Artes, aprendiz na arte de expor a vida como ela é. Cultura e tattoos nunca são demais!

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