Comboio de Sal e Açúcar: Um registro documental sob a linha do trem

Coprodução Brasil/Portugal/França baseada no livro homônimo de Licinio Azevedo, também diretor do  filme, traça um enredo no ano de 1988, em Moçambique,durante guerra civil, onde um trem, que liga Nampula (província do Norte de Moçambique junto ao oceano Indico) ao Malawi, atravessa uma perigosa zona de guerra.

Única esperança para centenas de pessoas dispostas a arriscar a própria vida numa viagem para garantir sua subsistência, em troca de sal por açúcar no país vizinho, o longa com cara de drama, se propõe um ser suspense com titulo condecorado: Comandante Xipoco. Ao mesmo tempo que uma estória de amor acontece entre o Tenente Taiar e a enfermeira Rosa., o comboio traz à bordo,  mercadorias e muitos sonhos que trafegam pela linha de trem.

Ao longo da jornada entre Nampula e Cuamba, somos agraciados com belas paisagens e uma fotografia persistente à travessia. Comboio de Sal e Açúcar  conta com boas atuações, com destaque para o brasileiro Thiago Justino que assina a preparação de atores, porém não é o suficiente para conduzir a trama. Com um certo exagero no estereótipo dos personagens, a narrativa não flui junto ao ritmo do trem e do suspense oferecido.

Com o intuito de contar a o processo de sub-existência dos personagens, Licinio subaproveita a tensão representada pelo Comandante Xipoco, em virtude da habilidade documental da trama. O maniqueísmo do Bem contra o Mal é construído na tela. Porém  não funciona, mesmo sendo oferecido com as melhores intenções.  Ocorre debilidade na concepção da trama que peca em não elevar o drama em suspense.