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A quietude, novo filme de Pablo Trapero, traz confidências da ditadura

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Trapero é o tipico diretor que assume uma temática e faz tudo por ela, em A quietude, o o diretor traz a ditadura como pano de fundo numa história familiar no minimo peculiar. Dessa vez, o diretor abre o olhar cinematográfico e traz uma belíssima fotografia que transparece um filme de amor ensolarado, porém por de trás dessas harmônicas cores, confidências são feitas trazendo à tona uma família disfuncional. O diretor mantem a cumplicidade com o tema e desenvolve uma trama familiar carregada no drama.

As irmãs Mia e Eugenia interpretadas por Martina Guzmán (mulher de Trapero) e Bérénice Bejo são muito parecidas, como se fossem gêmeas. Ambas passaram a maior parte da vida em continentes diferentes, mas ainda assim mantiveram uma rara e quase desconcertante intimidade, algo que chega a ser bonito ao mesmo tempo que incestuoso.

Quando o pai delas sofre um derrame e entra em coma, Eugenia abandona sua casa em Paris e retorna a La Quietud, a quinta da família em uma região rural da Argentina, onde Mia vive com a mãe, Esmeralda. A alarmante situação do pai é aliviada pelo anúncio de que Eugenia está grávida. Mas ainda assim as tensões familiares continuam a assombrar e a fachada de tranquilidade não vai durar muito.

Agora, a herança da ditadura trará traumas e crimes do passado à vista. com o passado do pai exposto, o da matriarca da família (interpretada por Graciela Borges em magnífica atuação) se revela, assim trazendo confissões assustadoras.

O filme traz personagens cheio de nuances, bem construídos, com um quê de novela mexicana, fato que Trapero explora bem em sua nova obra. Todos brilham em cena! As sub-tramas exploram o lado existencial do ser humano. Os traços psicológicos são essenciais para a fluidez do enredo.  Martina Guzmán e Bérénice Bejo imprimem uma dualidade perceptível. São atrizes muito parecidas que conseguem jogar com a memória do espectador, capaz de confundi-las em cena. É louvável!

Voltando a trama, o diretor teve um ótimo insight em usar a questão familiar para falar sobre a ditadura com olhar novo (e não menos importante), com um tom emblemático.

O filme foi exibido no Festival de Veneza 2018.​ Mostra: Panorama do Cinema Mundial

Alê Shcolnik
Alê Shcolnikhttps://www.rotacult.com.br
Editora de conteúdo e fundadora do site, jornalista, publicitária, fotografa e crítica de cinema (membro da ACCRJ - Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro). Amante das Artes, aprendiz na arte de expor a vida como ela é. Cultura e tattoos nunca são demais!

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