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Rasga Coração: Marco do teatro na década de 1970, ganha adaptação dirigida por Jorge Furtado

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Marco do teatro na década de 1970, adaptação da peça homônima escrita por Oduvaldo Vianna Filho (1936-1974), ganha as telas sob a direção de Jorge Furtado (O Homem Que Copiava). Com o título emprestado de uma canção de Anacleto de Medeiros, “Rasga coração” é a última peça de Vianinha, que a concluiu em 1974, já debilitado por um câncer no pulmão.

Rasga Coração conta a história de Manguari Pistolão (Marco Ricca), militante, que depois de quarenta anos de lutas vê o filho Luca (Chay Suede) ir em busca de seus ideais, ao mesmo tempo em que é acusado de conservador. Sofrendo com as dores de uma artrite crônica, a relação com o filho que até então era boa, entra num crescente conflito por conta de diferenças ideológicas.

Passado e presente se intercalam mostrando as diferenças ideológicas entre pai e filho, ao mesmo em tempo que se encontram no mesmo lugar comum. Num contraponto ideológico, o filme de Jorge Furtado traz os dilemas contemporâneos Vs. a ideologia contra a ditadura. Pai e filho duelam entre si para mostrar o seu valor histórico, onde a linha do certo e errado é tênue. Intercalando fragmentos de vários momentos da vida de Manguari, o filme atravessa quarenta anos da vida política brasileira, onde Manguari revista seu passado, e se vê repetindo as mesmas atitudes de seu pai.

O filme traz Marco Ricca no papel de Manguari Pistolão, um ex-militante que se vê defasado em suas crenças éticas ao questionar as escolhas de seu filho (Chay Suede). Drica Moraes é Nina, mulher de Manguari e mãe de Luca. (Ambos em ótimas atuações!) Luisa Arraes interpreta Mil, uma adolescente que estuda na mesma escola Luca, e se veste como homem. Ambos são namorados, porém o fato causa estranheza para Nina, que como mãe, tenta defender seus valores.

Na versão jovem da vida de Manguari, o elenco conta com João Pedro Zappa (Gabriel e a Montanha, Boa Sorte) que imprime a construção do homem através dos seus ideais. Enquanto seus amigos interpretados por George Sauma, como Lorde Bundinha, encarna uma mistura de Cazuza e Raul Seixas, (em boa atuação, porém com uma certa caricatura). Fabio Enriquez interpreta o militar Castro Cott, amigo do pai de Manguari, que tem grande importância em sua história, Cott no presente vivido por Kiko Maskarenhas, que vem à ser o diretor do colégio de Luca. Assim colocando mais uma vez as diferenças ideológicas de seu tempo. O espírito crítico de Vianinha é revisitado coma linguagem cinematográfica de Jorge Furtado que traz uma articulação pós-moderna, com uma sentido narrativo unificador, diferente do Cinema Novo, seja de Glauber Rocha à Nelson Pereira dos Santos. Rasga Coração questiona o que define a ideologia como propósito de vida. É um filme bonito sobre como lidar com as diferenças ideológicas.

Alê Shcolnik
Alê Shcolnikhttps://www.rotacult.com.br
Editora de conteúdo e fundadora do site, jornalista, publicitária, fotografa e crítica de cinema (membro da ACCRJ - Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro). Amante das Artes, aprendiz na arte de expor a vida como ela é. Cultura e tattoos nunca são demais!

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