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A Maldição da Chorona explora lenda urbana mexicana

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Algum conto de terror da sua infância ressoa com você até hoje? Se você não se comportasse, o bicho-papão ou bruxa Cuca iriam te pegar? A Maldição da Chorona, novo filme da Warner, explora uma dessas lendas, a mexicana “Llorona”, cuja traição do marido a fez cometer a loucura de afogar os dois filhos em um momento de insanidade. Percebendo o que fez, se matou no mesmo rio e agora está condenada a vagar por aí afogando outras crianças na tentativa de substituir os seus próprios. Com direção de Michael Chaves e produção de James Wan, a estreia no dia 18 de abril não estará lotada, mas não pelo medo, e sim pelo mau planejamento e execução do longa.

Na Los Angeles de 1973, Ana Tate-Garcia (Linda Cardellini) se dedica ao máximo para manter o ritmo e equilíbrio na própria vida e dos dois filhos após perder o marido. Seu trabalho como serviços sociais a coloca em contato com a família Alvarez, cuja mãe Patricia (interpretada por Patricia Velasquez) e os dois filhos Tomas e Carlos estão passando pelo que parece, uma nova crise. Quando Ana vai até lá para investigar, um ser sobrenatural conhecido como “La Llorona” vincula suas energias negativas e vingativas à ela e passa a assombrar toda a família, na intenção de afogar os dois filhos da mulher.

Em uma família, normalmente o amor é demonstrado de forma sútil. Um “me liga quando chegar” ou “leva o casaco” é suficiente para demonstrar sem deixar tão na cara que há cuidado ali. Apesar de tentar vender esse companheirismo familiar, não há qualquer traço de sutileza na obra. Todos os momentos aterrorizantes são previstos e, apesar da tentativa de um twist ao final (sem spoilers), ele se torna descartável e uma perda de tempo para a história no todo.

A falha principal do filme é em não tentar motivar o mistério, dúvida, ou incerteza do mal que assombra a família. “La Llorona” é mostrada o tempo todo, repetidas vezes, em sua terrível maquiagem, e sua amostra contínua faz com que o público vá aos poucos se acostumando com sua aparência, e o terror perde a força. De certo modo, este pode ser considerado uma marca da produção de James Wan, que não só deixa um Easter Egg de sua grande produção Annabelle em dado momento, mas também possui essa característica de ser “franco” sobre qual a entidade assombrada em seus longas.

Seu companheiro de bastidores, e peça chave na produção, obviamente é o diretor Michael Chaves que explora todas as suas técnicas favoritas (zoom in, fade out/fade in, jumpscares) inúmeras vezes, como um estudante de fotografia ou cinema, descobrindo seu equipamento pela primeira vez.

Por outro lado, é interessante perceber a narrativa entrelinhas: o longa mostra uma mãe solteira dos anos 70, cujo chefe retira suas responsabilidades não por pena mas, em um ato machista característico da época, por achar que ela não dá conta de equilibrar filhos e emprego. Ele demonstra uma falta de confiança na mulher cuja batalha principal, é estar de queixo erguido e não deixar demonstrar o abalo emocional pela recente viuvez e crescente responsabilidade na casa. E ela dá conta do recado quase sozinha, dependendo somente da ajuda do ex-padre e exorcista freelancer Rafael Olvera (Raymond Cruz), que ajuda a família a se livrar da maldição.

Tanto os atores mirins que fazem as crianças apavoradas, possuídas e com uma coragem que muitos adultos não têm, quanto a protagonista interpretada por Linda Cardellini são bons em sua atuação e contribuem para o clima não ser quebrado. E assim, “a maldição da chorona” traz o bicho-papão mexicano às telonas não para chorar de rir ou chorar de medo, não chega a tanto em nenhum dos dois extremos da escala, mas alcança o objetivo simples de entreter.

 

Luana Feliciano
Luana Feliciano
Estudante de Jornalismo, ama escrever e meus filmes favoritos sempre me fazem chorar. Minhas séries preferidas são todas de comédia, e meus livros são meus filhos.

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