Mormaço: Marina Meliande retrata a dura realidade politica social do Rio de Janeiro

Ana (Mariana Provenzzano) é uma defensora pública que trabalha contra a remoção da Vila Autódromo, comunidade da zona oeste do Rio de Janeiro que a prefeitura deseja riscar do mapa em virtude das instalações esportivas das Olimpíadas de 2016. Ela mesma correndo risco de perder sua casa por conta da especulação imobiliária que assola a cidade, Ana, cada vez mais cansada por conta do clima e da árdua luta, de repente percebe o surgimento de marcas misteriosas em seu corpo.

Dirigido por Marina Meliande, longa brasileiro selecionado para o Festival de Roterdã 2018, cujo roteiro foi finalizado em parceria com Felipe Bragança (Não Devore Meu Coração), aborda o caos politico do Rio de Janeiro. Marina Meliande usa de trechos reais, que surgem intercalados com a trama ficcional. Mormaço não permite a redenção, aposta no desconforto, provoca mudanças em um drama extremamente politizado e verídico usando do suspense e da fantasia para abrilhantar a obra.

O roteiro e as atuações, que misturam atores e moradores,  relembram Era o Hotel Cambridge no que se trata da questão politica assolada na Vila Autódromo. Ao mesmo a produção relembra o mesmo dilema de Clara de Sônia Braga, em Aquarius. Ana (protagonizada por Mariana Provenzzano em ótima atuação) representa a luta pela justiça e pela esperança, enquanto seu próprio corpo apodrece perante o mundo.

As injustiças sociais tomam conta da cidade, no caso, da temática desenvolvida em Mormaço. No caso aqui, os gritos de socorro não serão ouvidos. A metáfora do surrealismo fantástico impressa na pele de Ana exaure o corpo e alma, o levando a podridão do sistema.