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Deus é mulher E seu nome é Petúnia: Inspirado em fatos reais, filme discute o valor da mulher

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Em Stip, pequena cidade na Macedônia, é uma tradição anual que o padre jogue uma cruz de madeira no rio. Dezenas de homens mergulham atrás dela, visando sorte e prosperidade. Petúnia, no entanto, chega antes, suscitando a revolta dos que não entendem como uma mulher ousa participar do ritual. Mas ela se mantém firme, pois conseguiu sua cruz e não irá desistir.

Inspirada em um evento verídico, a diretora e roteirista Teona Struga Mitevska partiu para a ficção para tecer um olhar crítico e apurado sobre uma realidade que até hoje perturba e incomoda. Teona  tem plena consciência de estar trabalhando com pequenos símbolos, dentro de uma fábula exemplar.

O feriado da Epifania (batismo de Cristo), que acontece no dia 19 de janeiro, é celebrado em rios e córregos da seguinte forma: uma cruz é atirada na água, e à pessoa que for capaz de pegá-la estará reservada boa sorte e prosperidade para todo o ano seguinte. No entanto, é um direito reservado apenas à ala masculina da nação. Às mulheres, resta apenas observar e aplaudir. Até que uma delas decida subverter essa ordem.  A diretora Teona Strugar Mitevska tem plena consciência de estar trabalhando com pequenos símbolos, dentro de uma fábula exemplar. A narrativa acompanha o calvário legal e moral da protagonista diante da ordem vigente.

Bem, é uma questão de discriminação sexual? Existe algum ponto para os não crentes afirmarem o direito de Petrunya de competir nessa cerimônia singular (ou, em outras palavras, agressiva e irracional)? Qual é o status da cruz “roubada”? E qual é a atitude de Petrunya em relação à religião e à sociedade da Macedônia? Nenhuma dessas perguntas é realmente feita ou respondida no drama.

A cerimônia religiosa, no fundo, importa muito pouco, porém serve a representar o dia em que uma mulher completamente marginalizada decide se confrontar ao patriarcado. Em questão de poucas horas, uma mulher solitária é confrontada à brutalidade física e psicológica de instituições poderosas e machistas como a polícia, a Igreja ortodoxa e a população de jovens homens que se acreditavam merecedores da cruz.

Observar uma mulher assumir o controle de seu destino depois de lhe dizerem que ela não vale nada pode tornar um dos momentos mais empoderadores do cinema, mas como é realmente satisfatório quando sua luta pela auto-estima fica atrás da felicidade de ser validada por um homem bonito ?

 

Alê Shcolnik
Alê Shcolnikhttps://www.rotacult.com.br
Editora de conteúdo e fundadora do site, jornalista, publicitária, fotografa e crítica de cinema (membro da ACCRJ - Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro). Amante das Artes, aprendiz na arte de expor a vida como ela é. Cultura e tattoos nunca são demais!

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