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Rafael Cortez fala da sua relação com o Twitter e do seu projeto de humor

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Rafael Cortez fala do novo stand-up “Antivírus – O Show”.

Aos 43 anos, Rafael Cortez já teve programas na Band, Record, Globo e Comedy Central, além de passagens pelo SBT, GNT, Multishow, canais de internet, cinema, rádios e outras plataformas. Atualmente, ele está apresentando o novo projeto “Antivírus – O Show”, criado durante a pandemia, em alguns drive-ins. Além disso, tem desenvolvido novos projetos em seu canal no YouTube, que conta com mais de 425 mil inscritos, diretamente de casa.

Aliás, ele gosta de dizer que é um realizador de conteúdo, acima de tudo. Além dos eventos corporativos que sempre fez, lançou 6 áudio-livros, um livro de comédia e três CDs como músico e cantor. Além disso, durante a pandemia, gravou um podcast de inovação e tecnologia e de contação de histórias infantis, ainda a ser lançado.

Músico, comediante, apresentador de talk show e youtuber, são muitas funções, como você consegue administra-las?  
Rafael Cortez – É, eu de fato, faço muita coisa! Eu administro várias carreiras ao mesmo tempo. O segredo é você ter uma vida pessoal que acaba sendo sacrificada por conta da vida profissional. Eu consegui, de fato, chegar até aqui com seis áudio-livros lançados, três CD’s, três espetáculos de stand-up, além de um monte projetos de televisão e internet, além de uma palestra corporativa e educacional e novos projetos, enfim, que ainda estão para acontecer. Porque eu não tive filhos, eu não me casei, mas eu não recomendo isso necessariamente.

Essa vida multifacetada confunde muito o público e você acaba sendo uma pessoa que faz muita coisa ao mesmo tempo, mas ao olhos do espectador, que precisa de uma especialização, você não faz nenhuma de modo especializado.

 Em meio a pandemia, você estreia um novo show de humor, o “Antivírus – O Show”, como foi o processo de criação dele? Aliás, em quanto tempo, normalmente, você cria um novo stand-up?
Rafael Cortez – A pandemia nos obrigou à isso, né, e assim administrar o excesso de tempo. Ai, eu tomei vergonha na cara e resolvi fazer um novo show de comedia stand-up, porque desde 2015, eu venho prometendo que vou fazer um novo solo de humor e nunca faço. E, sinceramente, eu acho que não faria se não tivesse a pandemia. Sem a pandemia, eu tô sempre administrando a agenda os compromissos, dando conta das coisas que me comprometi.

Então, na pandemia eu falei para mim, eu vou fazer um negócio diferente, ao invés de consumir muito conteúdo, eu vou criar muito conteúdo, e de fato, eu criei, mas o que ficou claro pro público de tudo o que eu criei é o “Antivírus – O Show”, que o que eu consigo fazer publicamente e apresentar como dá, né.

É um processo muito lento de fazer, viu. Olha, se depender de mim, o meu método antigo era ir pro palco de algum solo meu e no meio das piadas habituais eu testava uma coisinha nova, se funcionasse, eu mantinha, se não, eu jogava fora. Mas essa coisa de sentar, escrever, rever, fazer laboratório, abrir para perguntas da internet, conversar com alguns humoristas, revisar, refazer, editar, eu nunca tinha feito.

Você irá se apresentar diretamente de casa e sem plateia, já parou para pensar como será o termômetro do espetáculo nesse novo formato?
Rafael Cortez – Então, o projeto de nascimento desse novo show, realmente foi esse. Como estava tudo fechado por conta da pandemia, eu não tinha outra maneira de ver um texto nascer e saber se as piadas funcionavam ou não, a não ser, via Live no Instagram, que foi o que eu fiz. Foi muito difícil.

Foram 15 domingos seguidos fazendo Live e monitorando a eficácia das piadas, por emoticon e depois por direct. Durante o show eu ficava vendo que ficava mandando emoticon bom, não podia parar para ler os comentários, senão, eu ia me distrair. E a gente não pode perder o ritmo do stand-up. E, no final, eu fazia uma conversa, perguntava o que achavam de tal piada e tal.

No meio da comedia a gente sempre briga para ver que tem o maior público. Eu, definitivamente, ganhei no quesito do menor público. Eu tive sessões de “ANTIVÍRUS, O SHOW”, nesse período de testes, em que presencialmente, só havia uma pessoa, eu! Eu podia ter sei lá quantas pessoas assistindo durante a Live, mas eu estava sozinho na minha casa, fazendo, as vezes, com sorte, eu tinha a Marcela, minha namorada.

Você já se apresentou no México, EUA e Japão, gostaria de saber qual é a diferença na recepção público?
Rafael Cortez – Olha, tanto no México, quanto EUA e Japão, eu me apresentei especificamente para brasileiros que moram lá há algum tempo. Aliás, encontrar brasileiro é uma festa em qualquer lugar do mundo, porque o brasileiro é uma festa, né. Isso é muito bom, mas também pode ser muito ruim.

Se o brasileiro fosse um tiquinho menos festivo, ele seria mais reativo, combatente, indignado em relação à política, por exemplo, seria mais politizado, ao invés de primeiro fazer meme e depois entender qual é o problema. Mas, eu fiz esses shows para brasileiros, e ai, é uma maneira delicada de ver como esses brasileiros já incorporaram as culturas locais.

Desses três países, o mais difícil foi o Japão, eles estão a tanto tempo no Japão que eles já incorporaram o melhor e o pior da cultura oriental, o que é o melhor é o respeito, a calma e a seriedade e o pior, é esse respeito, a calma e a seriedade, porque para um show de comedia é muito grave voce subir num palco e falar: “Levanta a mão, quem aqui tá com problemas no relacionamento”, por exemplo, e eles não levantam a mão, porque são tímidos, são educados, né. Era apenas risos e palmas, nesse aspecto foi muito difícil, mas sou muito grato.

Em 2019, você lançou um tributo a cantora Nara Leão, composto por oito faixas, o que te levou a fazer esse tributo? Aliás, qual é a sua relação com a obra de Nara Leão?
Rafael Cortez – Eu não acredito que seja um disco em homenagem à Nara Leão, tem uma faixa principal ali chamada “Encantada”, que, de fato, é um tributo à Nara, mas o disco como um todo é um tributo a MPB. De tantas músicas no mundo, a nossa é das mais ricas, mas, infelizmente, ele não devidamente valorizada, pelo nosso povo. Aliás, o nosso povo tá perdendo muito tempo, hoje, com o consumo de músicas absolutamente fúteis, com refrãozinho chulé, quase todas erotizadas, e que não tem nenhuma inteligência musical. Enquanto isso, a MPB que nossos pais ouviram, ela ainda segue como a melhor música, né, de um tempo todo. Não há como não prestar um tributo a MPB e a gente tem que mantê-la ativa!

A minha relação com a Nara é muito especial! A Nara é uma grande ídola minha, eu a amo profundamente, aliás, eu cultuo muita coisa da história da Nara. Ela foi uma mulher corajosa, desbravadora e visionária. Uma revolucionária em muitos aspectos! Ela é uma tremenda artista!

Você fez parte do elenco de apresentadores do “Vídeo Show”, como foi esse convite?
Rafael Cortez – O convite pro “Vídeo Show” foi a realização de um sonho! Eu, desde criança queria trabalhar no Vídeo Show”, e eu tinha certeza que um dia eu ia trabalhar lá.

O convite veio num momento maravilhoso, porque ele veio, praticamente no dia seguinte, do anuncio do fim do “CQC”. Aliás, o “Vídeo Show” era um programa que eu gostava muito, ele fez parte da minha vida! Eu tenho muita pena de ter entrado num momento que o programa já estava mal, meio que respirando por aparelhos, eu queria ter feito parte do Vídeo Show” na fase mais esplendorosa, em que as pessoas valorizavam o programa, mas a internet matou o Vídeo Show”, né. É uma pena que esse programa tenha acabado, eu amei trabalhar lá, foi demais! Tenho um orgulho no peito até hoje! Tenho muita gratidão.

Preciso falar da sua relação com o Twitter, você como muitos formadores de opinião, usa a plataforma para se manifestar.
Rafael Cortez – De todas as redes sociais, a mais perigosa para mim é o Twitter, infelizmente, tem hoje um componente de ódio dentro dele que me assusta muito. Aliás, eu não tenho usado tanto a plataforma, porque é muito desgastante, é muito hater ali.  Tem também nas outras redes sociais, mas no Twitter, elas parecem que estão mais fortes, porque, talvez, o Twitter de uma sensação equivocada, inclusive, de privacidade, né. As vidas ali são menos expostas, você não tem uma galeria de fotos, ali, aparente. Eu acho que ali é um lugar onde os covardes virtuais conseguem atuar com mais força e eu me incomodo com isso.

Tenho tentado postar pouca coisa ali, mas quando eu posto, eu sempre tenho que administrar uma reação de haters. Mesmo que tente ignorar, tem algumas coisas que incomodam. Por exemplo, quando eu me posiciono e a pessoa, ao invés de discutir o meu posicionamento, ela vem falar da minha vida pessoal, dos meus projetos, desqualificar o meu trabalho. O Twitter é uma rede social delicada, era muito legal no passado. O Twitter passou a ser a rede social dos odiosos.

Alê Shcolnik
Alê Shcolnikhttps://www.rotacult.com.br
Editora de conteúdo e fundadora do site, jornalista, publicitária, fotografa e crítica de cinema (membro da ACCRJ - Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro). Amante das Artes, aprendiz na arte de expor a vida como ela é. Cultura e tattoos nunca são demais!

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