Mali Twist mistura politica social com romance no estilo Romeu e Julieta

Robert Guédiguian é reconhecido por seu cinema humanista no qual a consciência de classe e o progressismo desempenham papeis fundamentais, em Mali Twist, Robert Guédiguian leva temas humanistas, questões sociais e familiares em um eterno debate diante das contradições impostas pela lógica capitalista, em meio a um romance no estilo Romeu e Julieta.

Em meio ao socialismo e a ditadura de Mali, o diretor faz uma visita intercontinental ao passado para expor as contradições no Mali nos anos 60, um pouco depois da independência do colonialismo francófono. Inspirado em fatos reais, Guédiguian cria personagens de fácil identificação, construindo assim o herói Samba, que durante uma de suas missões socialistas, conhece a jovem Lara, uma mulher casada por imposição, que mudará o destino de sua vida completamente. Agora, eles precisam lutar contra uma série de convenções e ideais para viver este amor.

  Mali Twist aborda as tradições violentas e patriarcais presentes em seu país que, em parte, clama por mudanças. Porém Samba não é bem visto em boa parte de Mali, sua crença politica é demais para quem vive ali há anos. A mentalidade ultrapassada não permite que Mali se torne um espaço democrático, o que, infelizmente, está longe de acontecer.

A dominação de novos hábitos culturais, ao som do Twist com roupas diferentes do que estão acostumados, faz com que o partido socialista queira criminalizar esse evidente indício de uma dominação cultural em curso. Mali Twist é o retrato dos anseios de liberdade dos jovens africanos, onde o cineasta reafirma a sua crença humanista.

 Como é de costume no cinema de Guédiguian, as coisas não são tão simples como parecem. O cineasta permite que as contradições fermentem ao longo de uma história de amor com ares deliberadamente idealistas.

Filme visto durante o Festival do Rio 2022