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SOL: Lô Politi faz road trip com temática familiar

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Em SOL, novo filme de Lô Politi, explora as relações entre pais e filhos, em um road movie com uma dinâmica familiar muito comum na sociedade.

SOLApós se divorciar, Theo (Rômulo Braga) tenta fortalecer a conexão com sua filha Duda (Malu Landim). Theo é obrigado a viajar com ela para o interior do país em busca do próprio pai que o abandonou quando criança e agora quer morrer. O convívio forçado com o pai que ele odeia e a imediata conexão de sua filha com o avô testa todos os seus limites, mas lhe dá a chance de se reaproximar da filha.

No início ele sente bastante dificuldade em achar um equilíbrio entre ele e a menina. Contudo as férias dos dois foram interrompidas por questões do passado de Theo. Seu pai, Seu Theodoro (Everaldo Pontes), tentou se matar no rio, e agora filho e neta têm que viajar ao interior da Bahia para ajudá-lo.

O longa de Lô Politi apresenta uma dinâmica familiar muito comum na sociedade. Téo é um pai que parece ter se ausentado em certo período da vida da menina, e que agora se esforça sem medida para conquistar a simpatia da filha, mesmo que sem jeito ou tato. Aliás, assim que surge a figura de Seu Theodoro na trama, fica bem exposto pelas reações de Theo o rancor e ódio que ele nutriu pelo pai que o abandonou e também a sua mãe. Além disso, o verdadeiro desejo de Theo é deixar o pai morrer sozinho, e enterrar de vez essa amargura que sente, mas por insistência de uma vizinha, o filho decide ir até o pai.

A menina, Duda, acaba sendo ponto de equilíbrio entre seu pai e seu avô, de forma que os dois acabam por se tolerar pelo bem da menina, além disso, Duda consegue momentos de afetividade entre pai e filho, mesmo que curtos. A atuação de Everaldo Pontes é quase monossilábica. Com falas muito pontuais, elas são a chave para o entendimento da trama.

A direção de Lô Politi trabalha bastante para criar uma noção real de distância, assim o público entende que não é uma viagem ao estilo “bate e volta”,  são alguns dias na estrada explorando o sentimento alheio, o que aproxima o filme do espectador.

Seu Theodoro esculpiu em homenagem a sua falecida esposa, Solange, Uma peça que aparece durante todo o longa, é a figura de proa também chamada de Sol. Aliás, cada interação que um dos personagens tem com a imagem de madeira é diferente, as coisas vão suavizando a medida que eles convivem juntos, até chegarem ao mar.

O signo mais forte dentro deste roteiro é a água. O personagem de Rômulo começa a lembrar do rio da cidade do pai, ele tem fragmentos de memória de nadar no rio. E à medida que eles deixam Salvador, ou seja o litoral, e vão seguindo pelo rio, as lembranças vão renascendo, e, juntamente, com elas as emoções.  Seu Theodoro jamais viu o mar, e quando ele começa a viagem de volta a Salvador, ele faz o mesmo trajeto que muitos peixes fazem no fim de suas vidas, descem o rio para morrer no mar. Sendo apenas no mar que o velho abre o coração e revela a vida de vergonha que ele levou, por ter abandonado o filho e sua ex-mulher, ter perdido a casa que cresceu e a dor da morte de sua esposa.

Ainda que a direção de Politi seja muito cuidadosa, o roteiro de SOL tem pequenas falhas ao deixar elementos subjetivos em demasia. Certa dose de subjetividade é, certamente, saudável para um roteiro, pois o público constrói a história junto ao filme. Porém quando existe uma carência de objetividade ou elementos concretos no roteiro tudo vira um grande “e se”, ou pior, o público pode não entender o que está sendo abordado em tela. Acaba que SOL fica numa faixa mediana de filmes de road movie, mais simples, se destacando verdadeiramente no efeito de imersão.

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