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Queremos! Festival traz 14 horas de música sem parar embaixo de chuva

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A possibilidade de chuva intensa não desanimou a empolgação do público presente no Queremos! Festival. No último sábado (15), às mais de 14 horas de música sem parar, mostrou sua força e, certamente, deixou claro os motivos que o tornaram festival um dos festivais brasileiros mais queridos do público.

A singularidade do Queremos! Festival está na mistura e no poder dos encontros que o ambiente oferece. É aquilo, se o mundo é feito de nichos de mercado, o ouro está em como escolher os nichos certos e o Queremos! soube como fazer isto.

Em 2006, quando comecei a frequentar as festas alternativas, era muito comum pessoas que curtiam um som eclético serem chamadas de “farofeiras” com um certo ar de arrogância pseudo-intelectual por parte de quem não era tão eclético mas, hoje, em 2023, o conceito é tão ‘cringe’ que não cabe mais ser empregado na nossa dinâmica do dia a dia, justamente, por existir festivais como o Queremos!.

O Queremos! Festival aposta na diversidade e sustentabilidade para mostrar a potência musical da América Latina e do mundo em dois palcos, que fizeram a Marina da Glória tremer com mais de 14 horas de música rolando sem parar. A música como protagonista atendeu a todos os gostos, mesmo debaixo de chuva.

Nessa de furar a ‘bolha’, os shows foram absurdamente impecáveis, não houveram atrasos, não houveram filas absurdas em nenhum espaço e todo mundo parecia estar muito empolgado. O publico diverso transitava entre um show e outro, sem se esquecer de alimentar, afinal, o que não faltava era opção.  De acarajé à hamburger, o festival deu o tom na boca do público. Os 17 estandes da praça de alimentação, também chamada carinhosamente de Comemos salvaram os mais famintos.

Além disso, a parceria com a Ong Gastromotiva motivou a criação de um restaurante exclusivo, operado pelos seus colaboradores. Havia um prato especial, chamado Batata Gastromotiva, ao qual, o valor de cada batata vendida seria revertida ao projeto.

Ainda falando de comida, logo na entrada, o ingresso solidário também reforçou o quão importante é o desenvolvimento de ações sociais atreladas ao entretenimento. Uma jovem do ‘Posso Ajudar?’ me disse que as doações também seriam feitas à Gastromotiva para se transformarem em refeições à pessoas que enfrentam a insegurança alimentar.

Rico Dalasam, Yasmin Lacey, Marisa Monte e todo mundo cantou junto

O público tímido na parte da tarde do festival foi dando lugar ao numeroso público que se reuniu para ver a Marisa Monte por volta das 21h30. As pessoas foram chegando com o tempo, mas quem conseguiu assistir ao Rico Dalasam vai entender o que escrevo, ele entrou um show grande, emocionado e com letras que fazem da existência solo fértil para reflexão. Em ‘Braille’ o recado foi dado com coragem, amor e poesia.

Difícil continuar respirando depois disso, mas a festa seguiu até a preciosidade da presença da Yasmin Lacey que em meio a apresentação teve plateia esvaziada devido à chuva, mesmo assim, a cantora britânica entregou tudo, já na abertura com uma mistura do Jazz, Soul e sons mais contemporâneos que chegou a arrepiar o cabelinho do pé, sorrindo, vestindo um longo vestido preto e lindos brincos dourados, ela abriu com “Bad Company” e foi uma pena ter começado a chover porque o show dela estava imperdível.

Ela estava com um álbum novo para apresentar, com uma banda nova e, bem, com certeza pode ser considerada um dos melhores shows do festival.É uma daquelas atrações que só a curadoria do Queremos! é capaz de trazer e, embora eu tenha assistido parte do show pelo telão que havia na área gastronômica, posso afirmar, o pouco que consegui assistir de perto valeu a pena cada segundo.

Quando Marisa iniciou o show, estava todo mundo espremido e mesmo com a chuva pegando todo mundo no meio da apresentação, a beleza etérea de Marisa estava iluminando a multidão. Estavam todos ofuscados pelo brilho de seu vestido e sua coroa que junto com as letras conseguiu unir famílias e pessoas de diferentes idades em uníssono. Em algum momento abri as redes sociais e vi que até a Iza estava por lá conferindo, do meu lado um casal apaixonado em meio à chuva, foi bonito de ver e a sensação é de que ninguém queria que o show terminasse, e depois em uma levada mais intimista, ela celebrou o samba com o convidado Pretinho da Serrinha. Show impecável, leve, com cheiro de terra molhada e pessoas literalmente molhadas, onde o amor se fez em forma de chuva e molhou o coração de todo mundo.

E o amor continuou no ar, desta vez, na voz da Liniker. Trazendo várias canções do icônico “Índigo Borboleta Azul”, todo mundo literalmente perdeu o medo da chuva. A voz mais potente da música popular brasileira chegou com presença fazendo jus ao título de diva pop e entregou um show completo, desses que a gente demora para esquecer. Com um vestido rosa e botas prateadas, a diva soltou a voz e levou todo mundo às alturas. Sinceramente, se eu pudesse elencar o melhor show da noite, com certeza seria este.

Independente do que possam dizer os fãs mais fervorosos que fizeram de “Baby 95” o auge do show – não à toa, a música foi indicada a melhor canção brasileira no Grammy Latino –, se eu pudesse destacar um segundo momento marcante, este foi quando a artista homenageia Djavan. O domínio da voz, do palco, da banda, da apresentação em si, crescem à medida que o show avança, a artista que por si só carrega o peso político de sua existência, traz a arte para o centro e mostra porque se consagrou com uma das principais vozes da nossa geração.

Por fim, destaco o show do MC Poze do Rodo. Talvez tenha sido um choque cultural para muitas pessoas, mas o artista que circula entre o Trap e o Funk chegou trazendo o baile de favela para o palco, começando o show com o DJ que colocou todo mundo pra balançar o corpo. Passava-se da meia-noite, energia de muitos no fim, mas todo mundo se empolgou.

Depois, ‘posturado’ e estiloso a apresentação seguiu, honestamente, de forma intensa.. Para quem ainda não estava convencido, Poze mostrou-se gigante. Em “Me Sinto Abençoado”, ele fez jus a fama de vencedor “hoje o mundo girou, louvado seja o senhor, minha vida mudou”, da plateia, ouvindo, achei sensacional; ali no meio palco, ele que é de Santa Cruz, da Zona Oeste do Rio, ganhou os grandes palcos, esbanjou autenticidade e talento.

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