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Clube da Esquina é celebrado no palco do Qualistage

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Considerado o melhor disco da música brasileira, o “Clube da Esquina” completou cinquenta anos em 2022, mas as celebrações continuam. Afinal, é sempre importante festejar a obra encabeçada por Lô Borges e Milton Nascimento, além de Toninho Horta, Wagner Tiso, Beto Guedes e Márcio Borges. S turma que ganhou o apelido que dá nome ao álbum traz aquela mistura ímpar de música mineira, música caipira com um acento de Rock psicodélico e Jazz.

Milton Nascimento e Lô Borges jamais deixaram de reverenciar aquele trabalho após ganharem a devida projeção, desenvolvendo sólidas carreiras, sempre exaltando também os parceiros de composição e artistas mineiros diretamente influenciados pelo Clube. E o show da noite de ontem no Qualistage , certamente, confirmou a força e relevância do movimento mineiro que tomou o Brasil de assalto naquele 1972 ditatorial, com composições bastante antenadas ao que estava acontecendo no cenário musical no exterior (em uma época sem a velocidade da comunicação que viria nos anos seguintes) e ao mesmo tempo olhando para o Brasil bucólico, rural, que já dava passos largos a se tornar essencialmente urbano.

Milton Nascimento se aposentou. De fato, seria mágico tê-lo na festa, mas o combo triplo que enfileirou shows individuais de Flávio Venturini, Lô Borges e Beto Guedes na casa de show da Barra da Tijuca teve peso e excelência suficientes para encantar o público que praticamente esgotou a lotação

Flávio foi o primeiro a subir no palco. O ex-14 Bis, (conjunto que formou no final dos anos 70 com o irmão Cláudio e o tecladista Vermelho, mas ainda é colaborador frequente), fez parte do Cube 2, no qual gravou a música “Nascente” com Milton, este por sua vez se tornou padrinho do 14 e produtor do disco de estreia dos rapazes. Daí faz todo sentido ele estar ali, além de, é claro, ter se tornado também um dos nomes mais conhecidos da música mineira. Abriu os trabalhos com “Máquina do Tempo”, que podemos dizer que é bastante adequada dado o contexto nostálgico. “Fênix” e “Besame” arrancaram os primeiros coros da plateia.

Antes de “Canção da América”, lembrou que a faixa foi composta por Milton para ter uma letra em inglês, mas Flávio e Vermelho desobedeceram e reescreveram-na em português. A música seguinte, “Espanhola”, foi o outro sucesso radiofônico que contou com a ajuda do público. “Noites com Sol”, a parceria com Caetano Veloso “Céu de Santo Amaro” e “Todo Azul do Mar”, da fase 14 Bis, mantiveram o clima de light FM antes de “Mais Uma Vez”, a famosa colaboração com Renato Russo. O show se encerrou com a dobradinha dos maiores hits do 14 Bis, “Linda Juventude” (em que trocou o teclado pelo violão) e “Planeta Sonho”.

Encarregado do segundo (e melhor) ato da noite, Lô Borges, que ingressou na turma com apenas 17 anos, iniciou sua participação carregada de músicas do álbum celebrado com “Trem Azul”, saudando o coautor da música, Ronaldo Bastos, seguida de “Trem de Doido”, parceria com o irmão, Márcio e “Um Girassol da Cor do Seu Cabelo” e “Clube da Esquina nº 2”. Em diante ele deu um salto para o século XXI, lembrando de quando Samuel Rosa do Skank o chamou para concluir a composição com letra de Nando Reis. Foi a deixa para “Dois Rios”, sucesso da banda mineira de 2003.

Ainda nos anos 2000, sua parceria com Milton lançada em 2005, “Quem Sabe Isso Quer Dizer Amor”, também foi incluída no repertório. Voltando aos anos 70, veio “Equatorial”, do álbum “Via-Láctea”, de 1979. Em seguida, executou a música que, bem-humorado, disse ser se “Parabéns Pra Você”, o clássico “Paisagem da Janela”, uma das mais famosas e regravadas faixas do “Clube da Esquina”. Após “Nada Será Como Antes”, Lô chamou os seus dois companheiros, Flávio e Beto, para executarem juntos “Para Lennon e MacCartney”, clássico do álbum “Milton” , de 1970. Há quase 20 anos os três não dividiam o palco. Quem esteve no Qualistage, certamente, presenciou um momento histórico.Aliás, segundo o trio, não houve ensaio.

Beto Guedes teve a responsabilidade de entrar logo depois do show maiúsculo de Lô Borges e lidar com o que pareciam, a princípio, pequenos problemas técnicos, mas depois dava a impressão de ser um certo desalinhamento quanto ao que e como seria tocado. O show começou em ordem com “Balada dos 400 Galopes” e “Canção do Novo Mundo”. Entre uma e outra pausa para solucionar algum problema técnico ou para contar história, seguiu retilineamente seu repertório com “Espelho D’Água”, “Quando Te Vi”, “Lumiar”, “Sol de Primavera” e “Maria Solidária”. “Amor de Índio” contou com a participação de sua neta Júlia Guedes. Coube espaço para improvisar “Blackbird” dos Beatles. “Sal da Terra” apareceu com um sotaque reggae, como o mesmo ressaltou, e a apresentação foi fechada com “Lágrima de Amor”, com Beto deixando o palco antes da banda. Apesar dos pedidos, não houve bis.

Agora fica certamente a expectativa para que esse encontro se dê não com três apresentações individuais, mas com um show inteiro em que os três estejam lado a lado no palco, tocando seus sucessos e covers de amigos, ídolos e fãs. Não é improvável e seria imperdível.

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