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“Movimento de escuta”, espetáculo de dança e arte surda, no Espaço Cultural Sergio Porto

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Superar limites é da natureza humana, o brasileiro tem, certamente,  a gana de lutar contra as adversidades da vida e elas não são poucas. Se pensarmos nas Pessoas com Deficiência (PCDs), essa obstinação faz-se mais latente. “Movimento de escuta” é sobre isso.

Movimento de escuta
Foto: Paula Kossatz

Cinco jovens de diferentes regiões do Rio de Janeiro integram “Movimento de escuta”, espetáculo de dança e arte surda, sob a direção de Clara Kutner.

Lá se vão cinco anos desde que Clara Kutner, então envolvida com a pesquisa para uma residência artística, chegou ao Instituto Nacional de Educação para Surdos (Ines). Ali, conheceu Alef Felipe, Lucas Guilherme, Luiz Augusto, Thayssa Araújo e Valesca Soares. Essa imersão resultou na instalação “Som, uma coreografia para surdos”, aresentada em 2019 no Oi Futuro. Ela não imaginava que sairia dali uma companhia de dança. E, durante a pandemia, criaram o projeto de video-dança “Já”, com oito episódios.

“Movimento de escuta” é portanto o terceiro trabalho que realizam em conjunto. Os cinco bailarinos assinam juntamente com a diretora o roteiro do espetáculo, que une algumas das muitas referências que os formam como artistas e indivíduos. Cada um deles tem suas histórias de vida, que envolvem romper a linha da “invisibilidade”, atrás da qual, numa sociedade ainda não inclusiva, muitos deficientes estão segregados.

E cada um tem muito a mostrar. O funk e o passinho, dois estilos de dança fortemente presentes nas periferias do Rio de Janeiro, estão também (fortemente) presentes no espetáculo. As coreografias são assinadas por Celly IDD, referência na inserção e construção feminina na vertente que ficou conhecida como Passinho Foda.

As referências trazidas em “Movimento de escuta” vão além da dança. O roteiro é composto também de referências às artes visuais (Alef Felipe é também artista plástico) e a poesia, abarcando,no caso desta, os Slams, como ficaram conhecidas as disputas de improvisação poética que ocorrem nas periferias. E, sim, há momentos falados, através da linguagem de Libras, uma vez que discutir inserção e pertencimento fazem parte da proposta.

É estimulante ver como eles, diante da impossibilidade da escuta, alcançam a sincronia tão essencial à dança. Tal efeito deve-se ao fato de terem suas atenções e sensibilidades voltadas a estímulos outros, como o da frequência do som, a percepção do entorno e o da própria relação com o tempo.

O que de fato importa numa realização artística não são os meios, mas o resultado. E ele é algo potente e capaz de nos fazer repensar nossa relação com a vida e com o mundo. Sim, superar limites é da natureza humana. Assim como revelar e potencializar belezas.

Serviço:
Temporada: de 17 a 26 de novembro
Sessões duplas às 16h e às 18h
Onde: Espaço Municipal Sérgio Porto – Sala Multiuso
Ingresso: contribuição voluntária
Classificação: 16 anos

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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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