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Diogo Vilela fala sobre a sua relação com a obra de Dias Gomes

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Longa de Anselmo Duarte, baseado na peça de teatro de Dias Gomes, se tornou um marco do cinema brasileiro.

O ator Diogo Vilela está de volta aos palcos com a montagem de “O Pagador de Promessas”, de Dias Gomes. Essa obra tão importante para a cultura brasileira traz um enredo multicultural que deu o único título brasileiro até hoje, em Cannes, como o vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cinema de Cannes.

Carregada de humanidade, a trama atualíssima de Dias Gomes, ganha nova montagem, resultado dos trabalhos desenvolvidos durante o processo de criação da Cia. Funarj de Teatro, Arte e Repertório, que tem curadoria do ator Diogo Vilela, além disso, a montagem é uma realização inédita: a criação da primeira Cia. pública de teatro, no Brasil. Confira abaixo nosso bate-papo:

Como começou a sua relação com a obra de Dias Gomes?
Diogo Vilela – Dias Gomes há muito tempo faz parte da minha vida, como ator e como apreciador da obra dele desde que fiz também a minissérie dirigida por Tizuka Yamasaki, aliás, participei dessa minissérie nos anos 90, quando Dias Gomes ainda estava vivo.

Quando eu iniciei a curadoria no Teatro de Arte repertorio Funarte, nós escolhemos esse texto de Dias Gomes por conta da brasilidade para os cinemas que Dias Gomes abrange. Além disso, o texto do autor servia pela quantidade de alunos que haviam no curso, justamente pela quantidade de personagens.

O que te levou a adaptar “O Pagador de Promessas”? Aliás, não poderia deixar de perguntar como é o seu relacionamento com a Fé e a Religião?

Diogo Vilela – A obra tem uma grande identificação com os dias de hoje, abordando o sincretismo religioso, intolerância religiosa, além de falar da fé. E eu sou uma pessoa de muita fé, confio na espiritualidade ou em algo que possa levar a diante, aliás, isso transparece muito nos meus trabalhos. Eu precisei da minha fé para continuar numa profissão tão difícil, durante todos esses anos. E agora, justamente agora, eu acho isso muito culminante, fazer uma obra que fala da Fé nos palcos, vindo de uma pessoa como eu, que tem muita fé. Eu tenho Fé em Deus, eu tenho Fé no progresso, tenho fé no Teatro, isso tudo me deixa muito mais forte. A obra do Dias Gomes, certamente, coincide com a minha pessoa também.

Diogo Vilela

“O Pagador de Promessas” é uma obra dos anos 60, quanto do filme você trouxe para essa nova montagem?
Diogo Vilela – Da peça original dos anos 60 foi feita um filme pelo fato dela ser uma peça episódica, ao tratar do cotidiano de uma pessoa que espera entrar com a cruz na igreja, então, através disso, Dias Gomes fez um roteiro maravilhoso dentro da própria peça, cumprindo um espaço tempo há espera desse homem, o Zé do Burro, para concluir a sua promessa. Isso gerou uma peça linda, que também foi adaptada para o cinema com facilidade e ganhou a Palma de Ouro, em 1962. Já no teatro, o tempo é preenchido pela direção que dá ao cotidiano dessa espera, dessa entrega da cruz do Zé do Burro, com agilidade e uma forma para que existisse o entorno dessa espera.

“O Pagador de Promessas” é uma peça filme, com uma dramaturgia muito abrangente, no qual nós nos identificamos muito como brasileiros, eu acho. É uma obra brasileira dos anos 60 muito atual.

Essa montagem é o resultado dos trabalhos desenvolvidos com a Cia Funarj de Teatro, Arte e Repertório, que tem curadoria sua, poderia falar sobre o seu processo de criação como curador?

Diogo Vilela – O Teatro de Arte Repertório Funarj é um legado da Funarj que eu consegui me envolver com eles, e deu certo. Nós nos envolvemos num projeto que seria um legado para o Rio de Janeiro voltado para a interpretação do teatro com professores gabaritados que trabalhariam na linguagem do autor escolhido. No caso de Dias Gomes, nós conseguimos destrinchar a obra “O Pagador de Promessas”, em conjunto. A minha curadoria foi idealizar tudo isso e trazer a linguagem da interpretação do teatro à tona, no cotidiano desses atores, através de um curso de dois meses, com bolsa, onde eles aprendem sobre o autor que será montado.

Saiba mais sobre a peça!

Alê Shcolnik
Alê Shcolnikhttps://www.rotacult.com.br
Editora de conteúdo e fundadora do site, jornalista, publicitária, fotografa e crítica de cinema (membro da ACCRJ - Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro). Amante das Artes, aprendiz na arte de expor a vida como ela é. Cultura e tattoos nunca são demais!

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