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Manchester à Beira-Mar – Uma crua análise sobre a vida

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Manchester à Beira-MarParece que o diretor Kenneth Lonergan gosta contar a história de pessoas normais que tem o seu dia a dia caminhando junto à sombra da morte. Foi assim em Conte Comigo e Margaret e isso se repete em sua nova obra Manchester à Beira-Mar, quando logo no começo acompanhamos o amargurado Lee Chandler (Cassey Affleck) que precisa voltar para sua cidade natal após a morte de seu irmão, sendo obrigado a reencontrar sua família e encarar fantasmas do seu passado.

Realista e aflitivo, o roteiro de Lonergan serve como uma crua análise de como as pessoas reagem a perda e a maneira que buscamos para achar o conforto. Com isso o compasso do filme pode parecer lento, mesmo contendo um ótimo roteiro, repleto de fortes diálogos, a sua ação consiste em típicas situações de rotina e na maneira que elas afetando os personagens.

Com isso você pode ter certeza de ir ao encontro de um grande drama, mas lembre que isso não garante que você irá sair do cinema sentindo-se deprimido. Isso devido as surpreendentes doses de humor injetadas no roteiro para amenizar a história e deixando ela mais próximo à realidade.

Um dos principais pontos positivos do filme é a maneira em que ele constrói os seus personagens, seus medos e forças são bem exemplificados em cada cena. Especialmente com a utilização dos elementos de flashbacks, que servem simplesmente para acrescentar camadas em cada personagem, dando mais peso a jornada emocional em que o público esta embarcando.

Falando nos personagens, devemos falar no maior acerto do filme, o seu elenco. Grandes atuações vindas do fenomenal elenco de apoio formado por Kyle Chandler, C.J. Wilson e Gretchen Mol. Mas são as atuações de Michelle Williams que mesmo com poucos momentos de tela, brilha em cada um deles. A grande revelação vinda do jovem Lucas Hedges e principalmente na atuação de Cassey Affleck que tem a sua melhor atuação da carreira, premiado inclusive com um Globo de Ouro.

Você começa o filme se perguntando o porquê deveria gostar do personagem principal, mas quando descobrimos mais de seu passado e o motivo dele para odiar a vida, começamos a ter outra visão da história e isso só é possível graças a sutil atuação de Affleck, que em nenhum momento diz como está se sentindo ou diz ao público como eles deveriam se sentir, está tudo nas entre linhas de sua atuação, digna de estudo para futuros atores.

Um poderoso drama independente que chamou a atenção do mundo durante o festival de Sundance de 2016 e chega como um forte candidato a indicações no Oscar, Manchester à Beira-Mar é uma intensa e emocionante jornada com uma satisfatória recompensa em sua conclusão.

Renato Maciel
Renato Maciel
Carioca e tijucano, viciado em filmes, séries e tudo envolvendo cultura pop, roteirista e estudante de cinema, podcaster no Ratos de Cinema

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