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Tainá Medina fala sobre equilíbrio energético e energia feminina em “Pineal, Ritual Cênico”

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rsz_pineal_tainaA peça aborda temas sociais atuais, como o empoderamento feminino e atemporais como a
ancestralidade compondo um ritual cênico com a participação da platéia com o objetivo de voltar as origens do teatro: a celebração!

Será a primeira vez que um teatro particular abrirá as portas sem um valor de ingresso definido e obrigatório. Como forma de ampliar o acesso, em todas as apresentações do Pineal – ritual cênico, o valor sugerido é de R$20,00 (vinte reais) e as contribuições são voluntárias.

A peça é inspirada no conceito taoísta Yin e na cultura popular brasileira, como ambas as culturas se misturam?

Tainá Medina – O “Pineal, Ritual Cênico” é a porção Yin do Yin e Yang, isso quer dizer, que energia feminina permeia todo o espetáculo, mas, pensando na ideia de equilíbrio energético. A escolha de usar a energia feminina se deu por acreditarmos no potencial de transformação dela. Nós buscamos nos trabalhos da companhia Teatro de Afeto resgatar a ideia de ancestralidade, por isso utilizamos elementos da cultura popular brasileira para nortear nossos ensaios na preparação física, como danças afro e capoeira e a parte musical, resgatando instrumentos e estilos musicais que, geralmente, não são usados em processos teatrais.

A gente propõe que repensemos por que seguimos sempre um mesmo padrão de estudo em teatro, por que sempre as nossas referências são as mesmas, e porque algumas práticas, presentes na cultura popular brasileira, não são utilizadas, apesar de serem muito ricas para um processo criativo.

Qual a importância cultural, social e politica da peça?

Tainá Medina – Nós falamos muito sobre afeto, afeto como o grau de variabilidade de um corpo e como tudo o que nos afeta, não necessariamente positivamente mas, que propõem movimentos fora dos nossos padrões, sobre se deixar afetar, propondo que as pessoas se permitam mais serem permeadas por certas questões, em um mundo onde cada vez mais os afetos são reprimidos. Cada atriz e o ator escreveram e idealizaram a própria cena, a partir do que nos move no momento. Logo, falamos sobre tabus, questões sociais, feminismo etc. Mas é melhor assistirem para tirarem as próprias conclusões!

rsz_dsc02339_1A estrutura narrativa da peça é um ritual de empoderamento feminino?

Tainá Medina – Como comentei lá em cima, essa peça usa a energia feminina como força de transformação e, parte dela para contar nossas histórias então nosso ritual é muito feminino, principalmente por sermos 8 mulheres em cena e apenas um homem (que faz o nosso contraponto energético) e, empodera discursos que geralmente são silenciados.

Falando em rituais, você tem algum antes e depois de entrar no palco?

Tainá Medina – Tenho. Trabalho muito a minha espiritualidade (lembrando que espiritualidade não necessariamente é religião), por isso possuo vários pequenos rituais. Essa peça não possui personagens então antes de entrar em cena faço algumas práticas para atingir o estado que preciso estar durante o espetáculo.

O texto da peça é muito atual, como é a sua relação com o Feminismo?

Tainá Medina – Eu não sigo uma linha específica do feminismo mas, todos os meus trabalhos tem alguma coisa relacionada ao empoderamento da mulher e a cerca da reflexão sobre padrões enraizados em nós (me incluindo nessa reflexão), alguns passam pelo machismo, outros por apatia, sociedade do espetáculo e por aí vai. Eu tento lutar muito por mudanças através do meu trabalho, é como vejo que posso adicionar às lutas que acredito, sempre tomando o cuidado de saber de onde eu falo e para quem eu falo tentando não ocupar espaços de fala que desconheço.

Estou, inclusive, codirigindo um filme chamado “Afeto: Cidade substantivo Feminino”, que está em fase de montagem e fala sobre arquitetura de gênero.

É um personagem que exige um trabalho grande de construção?

Tainá Medina – É uma peça que exige muito trabalho. Nós construímos tudo juntos, nada é dado, tudo precisa ser descoberto e cada um precisa tomar decisões. Nós somos atrizes autoras e participamos de todas as camadas do processo de criação do espetáculo então é muito trabalho. Mas, nessa peça não existem “personagens”, existem afetos, textos, intenções, objetivos e estados, que ao longo do nosso processo descobrimos e trabalhamos e, que se cruzam durante “Pineal”.

Inclusive, um dos nossos mecanismos é não “interpretar” a cena, se não atingirmos o estado que era necessário, nós temos que incorporar isso ao momento, dessa maneira, é uma peça muito viva que também fala sobre estar presente.

O que é economia solidária? Como funciona o sistema de ingresso à peça?

Tainá Medina – O nosso sistema de ingresso funciona assim: você chega, entra na peça e assiste. Ao final nós sugerimos um valor, na média do preço das peças em cartaz, e você contribui com um valor entre o que pode dar e o que acha que nós merecemos pela peça. Ou seja, não tem nem desculpa de não ter dinheiro para não ir assistir!

Economia solidária é um conceito novo mas, que remete à práticas antigas. Explicando muito por alto, é tentar propor dinâmicas mais humanas em transações comerciais, incluindo troca de serviços e contribuição consciente. É uma proposta de sair da lógica de consumo atual, trazendo a responsabilidade para todos os envolvidos na valorização dos serviços e no engajamento nos processos monetários.

Alê Shcolnik
Alê Shcolnikhttps://www.rotacult.com.br
Editora de conteúdo e fundadora do site, jornalista, publicitária, fotografa e crítica de cinema (membro da ACCRJ - Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro). Amante das Artes, aprendiz na arte de expor a vida como ela é. Cultura e tattoos nunca são demais!

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