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“Galeria F” resgata historia do ex- prisioneiro político Theodomiro Romeiro dos Santos

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O governo militar brasileiro ( 1964 – 1985) foi marcado por diversos casos de abuso de poder, tortura, corrupção velada e prisões arbitrarias sem qualquer embasamento jurídico. A desculpa para tais crimes era a manutenção da segurança nacional contra terroristas de ideologia comunista, pouco importava se os tais criminosos tinham ou não histórico de atividade militante ou simplesmente foram vitimas de denuncias infundadas.

Em “Galeria F”, a diretora Emilia Silveira ( Setenta) resgata historia do ex- prisioneiro político Theodomiro Romeiro dos Santos que ficou famoso internacionalmente por ter sido o primeiro prisioneiro condenado a morte na nova republica brasileira e sobre como ele organizou e aplicou uma fuga ousada do presídio de segurança máxima de Lemos Brito, em Salvador.

A narrativa do documentário se constrói através da jornada que Theodomiro faz pelo nordeste explicando como se sucedeu sua fuga da prisão e aonde ficou escondido. Para apoiar seus momentos de explicação a diretora optou por combinar um acervo de fotos particular de “ Theo” com depoimentos de amigos de partido que dividiram a estadia na prisão junto a ele.

A presença do filho de Theodomiro, Guga, junto ao pai durante a jornada se mostra interessante, pois os momentos em que ele reage com surpresa aos absurdos da justiça pelo quais o pai passou são justamente aqueles em que um publico mais jovem pode vir a encontrar uma maior identificação, uma vez que eles não tenham vivido nada daquilo.

Outro acerto do longa é dar ênfase as reações do Theodomiro quando ele se encontra em um local que fora essencial para sua historia no passado, como por exemplo, quando ele chega a um sitio em que ele se manteve escondido após sua fuga a diretora decide montar um take prolongado dele sentado em um banco, encarando o rio que circula o tal sitio. Igualmente forte é o clímax em que Theo adentra sua antiga cela na prisão, que localizava-se na galeria F.

Por fim, a mais recente obra de Emília Silveira consegue funcionar justamente para o fim desejado: expor os problemas nunca revelados de um sistema penal frágil. Entretanto, “ Galeria F” sofre com falta de ritmos em alguns momentos, mas precisamente os de contemplação mencionados anteriormente, da mesma forma que o impacto narrativo é visível também fica claro que longos takes podem cansar o espectador menos acostumado a esses modelos. Outro erro que pode passar despercebido é que o longa deixa um pouco de lado o homicídio de um oficial da aeronáutica cometido pelo protagonista.

Apesar de ter conseguido seguir com a sua vida, a anistia de Theodomiro só veio em 2011. Sua historia não é exclusiva dele e sim de vários indivíduos da época, pois a lição tirada disso tudo não é o fato dele ter sido condenado por homicídio ou ter ligações com o partido comunista, e sim por sua morte ter sido decretada por um “tribunal informal” e sua consequente fuga representava o enfraquecimento cada vez maior do governo militar brasileiro.

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