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“Harry Potter e a Pedra Filosofal” completa 20 anos

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filme x livroEm 31 de julho de 1997 um garoto ordinário completava onze anos. Órfão, ele morava com os tios e o primo no n° 4 da rua dos Alfeneiros, no condado de Surrey (Inglaterra), ou melhor dizendo, vivia em um quarto embaixo da escada na casa. Seu nome era Harry James Potter e esse aniversário seria aquele que mudaria algo muito maior que sua própria vida para sempre.

A década de noventa foi uma fase de transição para a juventude do mundo, um período que mudava rapidamente, deixando para trás um mundo bipolarizado e migrando para uma nova era em que a internet se tornava uma realidade. Aos poucos a oferta de novos jogos voltados para computadores, a popularização da TV a cabo e o acesso a conteúdos antes restritos para adultos começava a afastar jovens do habito de leitura. Aquela magia de se buscar o conhecimento parecia que se perdia a cada nova evolução da “tela quadrada”.

Ao mesmo tempo em 1990, na Inglaterra, Joanne Rowling embarcava em um trem indo de Manchester para Londres, resultado de uma má sucedida tentativa de morar na cidade dos “The Smiths” e praticamente falida, quando lhe veio a mente a imagem de um garoto usando óculos redondos e remendados, num efeito cascata vários outros brotaram aos montes e sua viagem se resumiu a escrever a história que se construía.

Após cinco anos de intenso desenvolvimento de todo aquele universo, Rowling sentiu a dor de ver a própria mãe falecer em decorrência de uma esclerose múltipla. Esse fato fez com que a autora percebesse que a morte era algo nitidamente presente e constante na vida de todos, sendo que ao mesmo tempo diversos tabus sociais fizeram com que o tema fosse pouco abordado no dia a dia. O mundo de magia que ela formava deveria ser formado por coisas belas mas a presença da morte deveria ser aquela constante e indubitável certeza.

Para simbolizar o homem assustado perante esse “ Fim”, disposto a tudo para percorrer o caminho destrutivo pelo poder e cuja ausência de amor afastou-o de sentir empatia por terceiros nasceu Tom Marvolo Riddle. De origem similar a do protagonista ( ambos são órfãos que nunca conheceram os pais) Tom percebe desde sempre que a morte é o símbolo da fraqueza de todos os seres vivos e da covardia de não buscarem supera-la, para ele “ não existe o bem e o mal, só existe o poder e os que são muito fracos para consegui-lo”.

Outro tema que pautou o caminho do vilão foi a ideia de uma pureza da raça bruxa, em que os Trouxas ( os humanos sem magia) deveriam servir aos bruxos. Tendo vivido pelas tribulações do governo Thatcher, nos anos 80, Rowling viu de perto o sentimento de xenofobia à estrangeiros, principalmente após o fim da guerra das Malvinas. Junte isso ao todo contexto do holocausto na segunda guerra mundial e terá a imagem do ser mais repugnante imaginável, o homem cobiçoso e apático.

A essa altura o universo de Harry Potter já estava consolidado no papel, a autora pontuou temas sociais e espirituais importantes que poderiam ser abordados, tinha personagens com traços de personalidade bem definidos, um herói e um vilão contrastantes um ao outro.

Entretanto, faltava o elemento de equilíbrio de tudo aquilo, um local ou algo que representasse a magia física daquele universo. A inspiração veio das diversas universidade inglesas, locais em que não se distinguia cor, raça ou credo e aonde o conhecimento para se construir um mundo melhor estava ao alcance.

Esse local era a escola de magia e bruxaria de Hogwarts. Um imenso castelo no qual jovens que descobriam suas habilidades de magia teriam aulas sobre a história de seu mundo, feitiços para se proteger das artes das trevas, partidas de quadribol ( o esporte mais popular do mundo bruxo e similar ao futebol, só que envolve voar em vassouras), dentre outras atividades. Entretanto, o objetivo maior de Hogwarts seria de ser uma casa para todos os que não tivessem uma, como qualquer escola cuja a função é manter seus alunos em segurança ( aquelas em áreas de confrontos no Rio de Janeiro por exemplo). Um local que pudesse acolher não só pela magia abundante em cada canto mas pelos alunos e professores de lá.

Publicado em 26 de junho de 1997 “Harry Potter e a Pedra Filosofal” foi imediatamente aclamado pelo publico e critica mundial como uma obra de ficção que tentava ser mais do que entretenimento. Foram milhões de vendas pelo mundo e Rowling foi alçada ao posto de celebridade, vindo mais tarde a consolidar essa posição com as seis sequencias do livro e a com as adaptações para o cinema de suas histórias.

Esse primeiro livro, ou todos juntos, tiveram um impacto poderoso na juventude. Adolescentes corriam para as bibliotecas e livrarias, fazendo filas de madrugada, com o intuito de ler uma nova aventura do menino bruxo. Varias escolas aderiram esses livros a suas grades curriculares pois viam que a linguagem fantástica, simples e profunda atingia os alunos e os incitava a buscar materiais semelhantes.

Gerações aprenderam com Harry e seus amigos que havia magia no mundo e ela não precisaria ser algo obvio. A amizade verdadeira, o amor de uma forma geral, a fome por aprender sem precisar pisar em outras pessoas ou a coragem que não precisava se manifestar na forma de pura valentia mas que mesmo assim habitava em todos.

Eu, caro leitor, aprendi com Harry que mesmo perdendo quem amamos só ficaremos sozinhos se assim quisermos, que em cada coração existe um emblema simbólico de alguma casa de Hogwarts e que a magia maior é você olhar para a pessoa a seu lado e sentir amor e ímpeto de protegê-la.

Imagens: reprodução Internet

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