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Perspectivas distintas no documentário de Hank Levine sobre conflitos ideológicos

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Exodus – De onde eu vim não existe mais “A ânsia por “lar” vive em todos nós. O lugar seguro onde podemos ir como somos sem ser questionados” Maya Angelou

A necessidade de pertencimento permeia a existência humana de diversas formas e é a crença subjetiva numa origem comum que une distintos indivíduos, eles pensam em si mesmos como membros de uma coletividade na qual símbolos expressam valores, medos e aspirações. A sensação de “pertencimento” significa que precisamos nos sentir como pertencentes a tal lugar e ao mesmo tempo sentir que esse tal lugar nos pertence, e que assim, acreditamos que podemos interferir e, mais do que tudo, que vale a pena interferir na rotina e nos rumos desse tal lugar (definição de pertencimento no dicionário de direitos humanos) Pertencimento e identidade.

O que acontece quando esse lugar é retirado de nós? Quando o espaço físico nos é tomado? Quando nossa casa é destruída e nosso território ocupado? Quem somos quando não pertencemos mais?

O documentário Exodus é uma coprodução com a Alemanha que, ao longo de 2 anos, acompanhou a vida de Napuli, Tarcha, Bruno, Dana, Nizar e Lahtow, 6 indivíduos em diferentes partes do planeta. Sudão do Sul, Argélia, Congo, Mianmar, Cuba, Brasil e Alemanha. Pessoas que perderam seu lugar no mundo, que foram levados pelas mais diversas circunstâncias a abandonar o espaço que um dia chamaram de lar.

Conflitos territoriais, extremismo, intolerância religiosa, guerras, muitos são os problemas ao redor do mundo, a maioria sequer chega ao nosso conhecimento. Existe um mundo alheio às nossas fronteiras, não só territoriais, mas pessoais, que não chega até nós. Uma infinidade de acontecimentos distantes, para além dos nossos mundinhos, mas que podem eventualmente reverberar nas nossas vidas.

Dana, está no Brasil. Apesar de ser uma mulher de uma família tradicional, decidiu largar tudo e sair sozinha da Síria. Depois de passar pela Turquia chegou ao Brasil e apesar da estabilidade em solo brasileiro, ainda planeja encontrar sua família no Canadá.

Nizar, um Sírio-Palestino, é recebido no Brasil por Dana que trabalha em uma comunidade Síria no Brasil e auxilia com a recepção de refugiados. Nizar, veio ao Brasil, mas na verdade que ir para Alemanha, mas pra isso preciso primeiro ir a cuba encontrar o irmão.

Enquanto Nizar quer chegar à Alemanha, Bruno, de Togo, luta para ajudar outros refugiados como ele. Ele passou 9 anos sem poder sair de campos de refugiados, esperando visto para entrar na Alemanha.

Tarcha nasceu no Saara Ocidental e depois da invasão de seu território pelo Marrcos teve que fugir para a Algeria, indo viver desde então em campos de refugiados.

Lahtow e Mahka, de Kachin, Mianmar, tiveram que deixar suas casas devido a conflitos militares. Mas ainda que no meio de uma zona de guerra, Mahka enfrenta o perigo para visitar seu lar abandonado.

Todas essas histórias nos trazem perspectivas muito distintas de como é ter deixado seu país, ser forçado a deixar pra trás aquilo que te da segurança, a família, os amigos, a casa, a noção de espaço, a noção do que é seu. A solidão, de Dana; a Saudade de casa, de Mahka e Lahtow, a luta de Napuli para fazer desse novo lugar um lugar para todos os seus, um lugar seguro, com direitos; Nízar e sua esperança em encontrar na Alemanha a possibilidade de uma vida melhor; Tarcha, a perseverança na crença de que um dia vai conseguir retornar pra sua terra e morrer onde nasceu; Bruno e o doloroso e improdutivo passado no campo de refugiados da Alemanha e sua luta para ajudar àqueles em situação semelhante a sua.

O documentário de Hank Levine, com narração de Wagner Moura, costura muito bem sua narrativa, nos aproximando dessas pessoas, enquanto elas resistem em suas novas condições. É impossível não sentir e se sensibilizar, e até se surpreende, com as narrativas e com os sentimentos desses 6 indivíduos. É um filme instigante, que nos faz sentir seus personagens, mas também nos faz querer saber mais sobre esses conflitos, sobre essas lutas e nos lembra a todo instante o quanto somos privilegiados. Apesar de um recorte pequeno do cenário migratório mundial, é um filme importante e como todo bom documentário tem muito a acrescentar e questões a levantar.

 

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