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A história de vida de Desmond Doss, um soldado que não tocava em armas

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Por: Leandro Fonseca

Até o Último Homem traz a história absurda, porém real de Desmond Doss, um jovem religioso que resolve se alistar para lutar na Segunda Guerra Mundial, com a intenção de não tocar em nenhuma arma.

Inicialmente imaginava-se que esse fosse apenas mais um filme de guerra, dessa vez dirigido pelo Mel Gibson, no entanto, não é a guerra em si o foco do filme, que acaba servindo apenas de alegoria para a história de Desmond Doss (Andrew Garfield), um soldado membro da Igreja Adventista do 7º Dia, que mesmo sendo um Objetor de Consciência, ou seja, alguém que segue um forte princípio religioso e ético incompatível com o serviço militar, acabou se alistando ao exército americano com o objetivo de salvar vidas na guerra.

Partindo de um ponto de vista estrutural, a narrativa se divide em duas partes: a primeira, que ocupa cerca de 50 dos 139 minutos de projeção, se concentra em apresentar Desmond, seus relacionamentos e seu treinamento, ao passo em que a segunda foca no combate em si. Fundamental ao estabelecer o passado do protagonista e alguns dos elementos que motivam o tipo de fé que não admite concessões, a longa introdução pinta também um retrato melancólico dos efeitos da guerra sobre os combatentes através da figura grotesca e trágica de Tom Doss (Hugo Weaving), pai de Desmond,hábil ao sugerir o ódio que o sujeito sente de si próprio sem que isso desculpe seus abusos contra a família. Já Dorothy (Teresa Palmer), como o interesse romântico do herói, projeta confiança completa nas decisões do amado, mesmo que não as compreenda totalmente – e se o espectador também acredita na pureza do rapaz (em vez de julgá-lo louco como vários dos outros personagens), isto se deve a uma performance admirável de Andrew Garfield, que o encarna com um olhar sempre plácido e um sorriso que projeta ingenuidade e confiança.

Quando a guerra finalmente chega, após termos passado um bom tempo acompanhando, entendendo e se solidarizando com Desmond, é que lembramos por que Mel Gibson é o diretor do filme. Gibson alcança o que fez de melhor em A Paixão de Cristo, trazendo uma realidade crua, violenta, visceral, que faz com que o espectador praticamente sinta-se dentro da guerra. Explosões, desmembramentos, poças de sangue e tiros em toda e qualquer parte do corpo são cenas comuns, e as mortes são rápidas e secas, demonstrando toda a aleatoriedade e falta de sentido da guerra.

Esse não é um filme de guerra padrão, em que os heróis são feitos com a destruição do outro. Nesse filme o herói salva vidas, muitas delas do próprio campo inimigo. Logo, o ponto alto do filme e a sua mais bela sequencia (“Por Favor, Deus. me ajude a pegar mais um”) ocorre justo quando Doss está salvando pessoas (e realizando o feito pelo qual recebeu uma Medalha de Honra).

O mais incrível é saber que uma história dessa estava por aí há tempos e ninguém antes teve a ideia de filma-la.

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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