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Marcelo Quintanilha lança álbum em homenagem à Cazuza

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Foto: Ygor de Oliveira

Por Elaine Muharre

O cantor e compositor Marcelo Quintanilha homenageia Cazuza em seu novo álbum lançado pela gravadora DECK.

Os arranjos foram pensados para valorizar a poesia de Cazuza num figurino sonoro atual, mesclando acústico e eletrônico de forma moderna e precisa. Xinho Rodrigues assina o arranjo de “Faz Parte do Meu Show”, que ganhou versão mais pop do que a bossa nova original.

Como foi crescer no meio musical com pais que eram exemplos e influenciadores?
Marcelo Quintanilha – Decisivo. Minha relação com a música só floresceu por conta desse convívio diário que tínhamos com ela em casa. Aprendi a tocar instrumentos, a me interessar por compor e cantar, e principalmente, amar a música brasileira por causa dessa experiência desde criança.

Por que Cazuza?
Marcelo Quintanilha – Por muitos motivos, mas sobretudo pela influência que teve sobre mim como cantor e compositor. Como cantor, por me identificar com sua “saída” genial para o fato de não ter a potência e extensão vocal como as dos grandes intérpretes: criar instintivamente um estilo próprio que usava a fala, o grito, como identidade pessoal; e que hora deixava sua interpretação doce como um sussurro, hora agressiva como um grito de revolta. Como compositor, por exercer uma influência quase que às avessas: Cazuza tinha uma linguagem tão própria, tão única e tão diferente da que eu buscava vindo da escola clássica da MPB de Chico, Gil e Caetano, que eu me inspirava em tentar descobrir a minha. Não buscava imitá-lo, era impossível. Ele me inspirava a buscar meu próprio caminho.

Como você se sentia diante das músicas dele? Qual é a representatividade delas na sua vida?
Marcelo Quintanilha – Suas músicas me transmitiam doçura e acidez com uma linguagem muito diferente da minha. Me inspiravam. Representavam uma geração da qual me sentia parte (tenho 48 anos). Cazuza, como dizia Gil, falava outra língua mas todo mundo entendia. E falava comigo e por mim também.

foto: Drausio Tuzzolo.

Algum outro cantor/compositor influenciou a sua carreira?
Marcelo Quintanilha – Sempre ouvi muita música brasileira: de Noel, Ataúfo e Cartola a Paralamas, Titãs e Cassia Eller. Novos e antigos compositores e intérpretes. Esse sempre foi meu universo. Mas sem dúvidas, quem mais me inspirou e modificou significativamente minha vida pela vontade que imprimiu em mim de me tornar compositor, e de cantar minhas canções foram Chico Buarque de Holanda e Gilberto Gil.

Como surgiu a ideia do álbum Caju?
Marcelo Quintanilha – Pela descoberta de que em 2018 Cazuza faria 60 anos, e pela descoberta também, através de minha pesquisa, de quem não havia sido feito por nenhum artista depois de Cassia Ele um álbum só com músicas dele. E de que não havia sido feita ainda uma canção dedicada a ele. Achei que era importante, necessária e justa essa homenagem inédita para comemorar uma data tão significativa.

Você compôs músicas que estão nas vozes de Daniela Mercury, Padre Fabio de Melo e Nando Reis. Qual a importância disso na sua carreira? Como você sente fazendo parte da MPB?

Marcelo Quintanilha – Ouvir minhas canções nas vozes de outros artistas me dá muito prazer e realização, mas sobretudo dá a sensação de pertencimento; de que minha música faz parte da vida de outras pessoas. Que enfim, consegui essa mágica de cantar um pouco a vida, os sentimentos e os pensamentos que são de muitos, e não só meus. Tenho uma emoção maior em ouvir minha esposa, Vânia Abreu cantando minhas canções. Ela canta realmente por mim.

 Você acha que atualmente a geração mais jovem sofre com a ausência de grandes poetas como Cazuza, Cássia Eller, Renato Russo?
Marcelo Quintanilha –  O mundo muda, a linguagem também. Tenho certeza de que existem compositores fazendo todo tipo de música hoje, e em cada estilo, existem os bons e os “menos bons”…rsrsr. A ideia de sucesso apenas como a capacidade de abrangência, de se chegar a um grande público é errônea, ao meu ver. O mundo é cada vez mais segmentado, e cada tribo tem seus próprios ídolos e referências.

A MPB atual tem sofrido com a falta de músicas com letras mais completas e poetas mais profundos?
Marcelo Quintanilha – Não acho, não. Listaria inúmeros compositores com esse perfil, talento e vocação. E mandando a modéstia ver se eu tô lá na esquina…rsrsr….me incluiria nessa lista aí!

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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