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Intervenção, de Rodrigo Pimentel, foi rodado na comunidade pacificada Tavares Bastos

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Aconteceu ontem, no Rio de Janeiro, a coletiva de imprensa no set de filmagem de Intervenção, novo longa de Rodrigo Pimentel (autor dos livros “Elite da Tropa” 1 e 2), dirigido por Caio Cobra. O evento reuniu, na comunidade Tavares Bastos, no Catete, os roteiristas, o diretor, os produtores, Cosimo Valerio e Angelo Salvetti, da Media Bridge, além do elenco principal – Marcos Palmeira, Bianca Comparato, Babu Santana, Rainer Cadete, Dandara Mariano e Vitor Thiré. Baseado em histórias reais, o filme vai revelar a rotina dos policiais nas UPPs – Unidades de Polícia Pacificadoras – e mostrar como é o convívio deles com cidadãos ainda reféns do tráfico e da milícia. O filme levanta outras questões atuais e, acima de tudo, mostra questões humanas que independem de qualquer posicionamento político. A data de lançamento já foi definida pela distribuidora Paris Filmes: 15 de novembro de 2018, dia da Proclamação da República.

“É um filme urgente, que faz uma fotografia realista do cotidiano nas comunidades cariocas. Os personagens vivem situações limite em que não há mocinhos e bandidos. O filme pretende unir os brasileiros e não polarizar. Não é maniqueísta”, disse o produtor Cosimo Valerio. “Não importa ser de centro, esquerda ou direita. O filme não trata disso, fala, sim, da questão humana. O que a gente mostra no filme é que tanto a polícia quanto a sociedade se encontram em situação limite”, concluiu Angelo Salvetti, da Media Bridge, que assina a produção do longa.

O intenso laboratório de pesquisa e preparação de elenco, que contou com a ajuda de policiais reais, também foi destaque no evento que reuniu a imprensa: “Tivemos cinco policiais de UPPs trabalhando como atores e vocês verão muita veracidade nas cenas. Eles passaram suas experiências para todos. Um dos nossos preparadores já realizou diversos salvamentos de policiais, o que traz muito realismo às cenas. Isso ajudou além dos momentos de combate, mas também na convivência diária, nas relações interpessoais, em como eles convivem. São detalhes que trazem uma veracidade que nós não teríamos sem eles”, pontuou o diretor, Caio Cobra. “A Bianca Comparato fez um laboratório intenso, ela já se interessava muito pelo assunto e foi visitar UPPs conosco. Lá, ela descobriu que tem policiais que dão aula de português para as crianças da comunidade, tem outro que é o ‘tio do passeio’, que leva os meninos da comunidade a teatros, cinema, praia. Esse lado humano existe, não foi inventado”, complementou o roteirista Rodrigo Pimentel.

“Quando li o roteiro, senti necessidade de discutir esse assunto, que já me interessava. O que eu mais desejo é que esse filme gere discussão, não gere polarização ou mais ódio, mas que gere reflexão. Que as pessoas saiam do cinema pensando. A gente tentou dar complexidade ao que está fazendo, pra que cada hora você pense que um dos lados está certo, seja na relação PM e cidadão, ou mesmo na relação da Larissa, que é PM, com a irmã, que trabalha em uma ONG de Direitos Humanos”, define Bianca Comparato, que interpreta a personagem principal do filme, Larissa. Policial Militar recém-concursada, ela acredita no projeto de pacificação através das UPPs e vê na instituição uma saída para a situação de violência de sua comunidade, além de um caminho para uma vida melhor. Empolgada com a nova empreitada e com a possibilidade de contribuir para a segurança da cidade, a recruta vê seu sonho virar pesadelo diante da realidade cotidiana na Unidade Pacificadora onde é alocada.

“Quem assistir ao filme vai sair com uma questão na cabeça: ‘Como é que eu me posiciono diante disso tudo?’. O filme mostra que tanto a polícia quanto a população do Rio de Janeiro são excluídos. Os PMs, que acreditaram no sonho das UPPs, estão ali vivendo aquela situação limite, o dia inteiro. Eu acho que é uma história muito pertinente, muito importante. A gente pode se enxergar no cinema ”, complementou Marcos Palmeira, que dá vida ao major Douglas no longa metragem.

O conflito familiar da personagem Larissa com a irmã, Flávia (Dandara Mariana), militante de uma ONG de Direitos Humanos, também foi levantado no encontro: “Ambas querem salvar o mundo, mas cada uma com a sua visão. Qual delas está certa? Levantamos o questionamento, mas não respondemos. Deixamos isso para quem assistir”, explica o diretor. “A política, para os personagens, fica em segundo plano. Em uma situação de sobrevivência, onde você mata ou morre, sua posição política, ali, não importa. Como quando você tá desempregado e não tem comida, pouco importa sua crença política. No filme, são personagens em situação limite. A política está no olho de quem vê, de quem vai assistir, elaborar, discutir e pensar”, complementou Bianca.

“O filme vai gerar uma série de discussões importantes. Minha personagem, Flávia, trabalha numa ONG e tem uma relação complicada com a irmã, Larissa, por ela ter decidido ser policial militar. Elas vivem um conflito, ela tem uma dor, um medo dessa irmã não voltar. E é muito legal eu fazer papel de irmã da Bianca e isso não ser discutido, pois isso não é uma questão. Além de tudo, acho importante focar nessas questões, pois o Rio está precisando de ajuda”, disse Dandara Mariana.

“Se existe um policial dando aula de português, matemática, é porque tudo deu errado, esse policial tinha que estar na rua, oferecendo segurança pública. O container também é símbolo do provisório, pra dizer pro morador que nada é pra sempre, nada mais simbólico do que usar um container”, comenta Rodrigo Pimentel.

“Me interessou também a visão feminina dentro da polícia. A UPP abriu muito espaço para mulheres, pois era a idéia de uma polícia mais humana, mais em contato com a comunidade. Não à toa a heroína é uma mulher, o que historicamente é diferente do que estamos acostumados a ver. Uma policia que tinha essa promessa de ser mais da comunidade, humana, mas numa cidade em guerra, com uma policia que pacifica com fuzil, o que fica difícil de entender. A complexidade da UPP é um pouco essa, onde se esperava da polícia a ajuda à comunidade. A UPP é escola, hospital, academia, creche e também um exército. Fica muito difícil pra uma corporação resolver um problema muito mais denso, muito mais complexo”, diz Bianca Comparato.

Também estavam na mesa Vitor Thiré, que interpreta o bandido Fió. “O filme mostra que bandido não tem cara, estereótipo. As atitudes que falam, não a aparência. Além disso, fala da questão humana, independente de qualquer classe, credo, cor e profissão. São pessoas tentando sobreviver”, disse.

“Meu personagem é o Caio, soldado aspirante, novato na UPP, que também é youtuber. Isso é uma realidade hoje na polícia. Ele usa essa plataforma, onde qualquer um pode falar o que pensa e criar essa ponte entre o seu universo e o mundo lá fora. A gente precisa colocar nossa arte à disposição pra transformar o mundo. Esse filme é muito pertinente, porque vai levantar um debate saudável e assuntos que estão no jornal, como o roubo de carga, que assombram a cidade”, diz Rainer Cadete.

Babu Santana também é destaque no papel do PM Ivan, que para ter uma renda extra é animador de eventos e se fantasia de personagens infantis em festas. “Gostei muito do nosso trabalho de pesquisa, foi bacana mergulhar nesse universo – não só a parte técnica, que me ajudou a perder alguns quilinhos (risos). O Ivan é um policial exemplar, ele é um dos mais humanos da história”, disse.

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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