Carla Mühlhaus lança “Nos vemos em Marduk”, pela Editora Patuá

Marduk, nome de rei babilônico, pai do deus da escrita, da sabedoria e da literatura, é também um planeta hipotético onde morariam figuras ilustres das letras e das ciências como Einstein e Julio Verne. Hilda Hilst seguiu para lá às 3h50m do dia 4 de fevereiro de 2004. Irredutível à ideia da finitude, ela acreditava na vida após a morte.

Nos vemos em Marduk é uma novela sobre a força da literatura hilstiana, agora renovada com o relançamento de sua poesia completa pela editora Companhia das Letras. A personagem principal, uma escritora apaixonada pela Hilda Hilst, refaz seus caminhos de reflexão num mergulho solitário em sua obra, num diálogo com a literatura potente e afiada de Hilda, capaz de transformar sua própria realidade. Conversando com sua intensidade, sua ironia cortante e suas imagens sublimes, ela busca contato com o que há de verdadeiro na vida, com o que lhe dá chão, terra, argila e tijolo: a poesia, a prosa poética, a Hilda sempre de corpo presente em seus livros.

Sinopse: Convidada a escrever a biografia da grande escritora Hilda Hilst, por quem é profundamente influenciada, a personagem principal da novela, também escritora, não aguenta a pressão e tem um surto. Ela sai de casa, deixa a família e se interna na Casa do Sol, antiga residência da autora em Campinas, SP, hoje sede do Instituto Hilda Hilst.

O refúgio vai sendo reconhecido aos poucos pelo leitor, assim como os acontecimentos que a levaram à reclusão. De lá, às voltas com a arquitetura de monastério da casa, o acervo literário e afetivo da Hilda, seus cachorros e o céu aberto de Campinas, ela repensa a criatividade, a condição humana, Deus, morte e a responsabilidade de escrever sobre alguém que já morreu.

Ao pesquisar os principais livros que marcaram Hilda Hilst, ela reorganiza sua visão de mundo e seus laços afetivos com a família enquanto refaz o traçado de uma obra e seu próprio entendimento sobre ela, carregado de intensidade e ironia. Ao encontrar os pontilhados do caminho da escrita de Hilda, decide que o livro encomendado será bem diferente daquele que o editor quer. Terá, como fundação aparente da casa, como tijolo feito de argila e sonho, o amor dos leitores, aqueles que a Hilda dizia não ter.